A Consideração Positiva Incondicional é um conceito desenvolvido pelo psicólogo humanista Carl Rogers como parte basilar de sua abordagem terapêutica, a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Sua abordagem é centrada na ideia de que os indivíduos têm dentro de si uma tendência inata para o crescimento e a autorrealização, a tendência à realização, sendo que as relações e o ambiente podem facilitar ou dificultar esse processo de desenvolvimento natural.
Para explorar um pouco sobre o assunto, passaremos pelos itens abaixo:
-O que é a Consideração Positiva Incondicional;
-Qual a diferença entre a Consideração Positiva Incondicional e a Consideração Positiva Condicional?
– Como a Consideração Positiva Condicional afeta a nossa personalidade?
-Como a Consideração Positiva Incondicional facilita o desenvolvimento de personalidade?
-Qual a relação entre a Consideração Positiva Incondicional e a autoestima?
-Como a psicoterapia ajuda no desenvolvimento da Consideração Positiva Incondicional?
O que é a Consideração Positiva Incondicional
A Consideração Positiva Incondicional refere-se a uma atitude de aceitação genuína, calorosa e não julgadora por parte do terapeuta, ou de um indivíduo, em relação ao cliente ou a outra pessoa. Ela implica em que o terapeuta, ou uma das partes, esteja disposto a valorizar e compreender o cliente, independentemente de suas ações, pensamentos ou comportamentos. O terapeuta oferece um ambiente acolhedor e seguro, onde o cliente pode expressar-se livremente e explorar suas emoções, sem medo de ser criticado ou rejeitado, ser quem verdadeiramente é.
Rogers acreditava que a Consideração Positiva Incondicional era um elemento essencial para promover o crescimento pessoal e a mudança terapêutica, sendo ela uma das atitudes facilitadoras. Ao receber essa consideração positiva, o cliente desenvolve uma maior autoestima, autoaceitação e autoconfiança, pois se sente valorizado e compreendido, o que cria as condições necessárias para que ele possa explorar seus sentimentos e experiências de forma mais profunda.
A ACP destaca a importância da relação terapêutica como um fator curativo, promotor de desenvolvimento, por si só. Ao experimentar a consideração positiva incondicional, o cliente pode desenvolver uma melhor compreensão de si, aumentar sua organização psicológica e buscar seu crescimento pessoal.
Qual a diferença entre a Consideração Positiva Incondicional e a Consideração Positiva Condicional?
A diferença entre a Consideração Positiva Incondicional e a Consideração Positiva Condicional se encontra na origem das condições associadas à aceitação e valorização do outro.
A Consideração Positiva Incondicional, como mencionado anteriormente, refere-se a uma atitude de aceitação genuína, calorosa e não julgadora em relação ao outro, independentemente de suas ações, pensamentos ou comportamentos. É uma aceitação completa e incondicional da pessoa como um todo, com suas qualidades e imperfeições. O terapeuta ou indivíduo que pratica a Consideração Positiva Incondicional oferece um ambiente seguro e acolhedor, no qual o outro pode ser autêntico e expressar-se livremente.
Por outro lado, a Consideração Positiva Condicional, como o nome já diz, é baseada em condições. Ela implica que a aceitação e valorização do outro estão condicionadas a certos critérios ou comportamentos específicos. Nesse caso, a pessoa é aceita e valorizada apenas quando atende a determinadas expectativas ou padrões estabelecidos. Se ela não cumprir essas condições, corre o risco de ser julgada, rejeitada ou não valorizada. Um exemplo disso pode ser quando um pai, mãe ou cuidador principal diz para uma criança que não gosta dela quando ela faz birra. A criança vai entender que ela só é valorada se se comporta, logo é um amor condicional ao jeito que se comporta ou se expressa.
A Consideração Positiva Condicional pode criar um ambiente de insegurança e pressão, pois o outro pode sentir a necessidade de se ajustar ou esconder aspectos de si mesmo para ser aceito e valorizado. Isso pode levar a um desacordo interno, uma incongruência, e uma dificuldade em explorar e expressar emoções genuínas.
Por isso, na Psicoterapia Centrada no Cliente, a Consideração Positiva Incondicional é considerada fundamental para criar uma relação de ajuda terapêutica e promover o crescimento pessoal. A aceitação incondicional do terapeuta permite que o cliente se sinta seguro o suficiente para explorar seus pensamentos e sentimentos mais profundos, sem medo de julgamento ou rejeição.
Como a Consideração Positiva Condicional afeta a nossa personalidade?
Como seres humanos, temos a necessidade de sermos amados, valorados e de nos sentirmos pertencentes, ou seja, de relações pessoais. A Consideração Positiva Condicional pode ter efeitos desorganizadores na personalidade de uma pessoa, pois a Condicionalidade de ser valorada gera a necessidade de garantir que o afeto, que nos é tão importante, venha de alguma forma, por isso, passamos a dar prioridade ao que os outros, principalmente aos nossos cuidadores principais, chamados na ACP de pessoas-critério, esperam de nós. Desta forma, nos afastamos do nosso jeito de compreender e perceber a realidade, para dar prioridade para perceber e corresponder o que é esperado da gente, nos fazendo nos inclinar para a incongruência.
Segue algumas maneiras pelas quais a Consideração Positiva Condicional pode acarretar na personalidade:
Baixa autoestima: A Consideração Positiva Condicional está vinculada à ideia de que uma pessoa é aceita e valorizada apenas quando atende a certas expectativas ou critérios. Isso pode levar a uma baixa autoestima, pois a pessoa pode sentir que seu valor é condicionado ao seu desempenho ou conformidade com as expectativas dos outros. Ela pode desenvolver uma visão negativa de si mesma quando não atinge essas condições.
Medo da rejeição: Quando a Consideração Positiva é condicional, a pessoa pode viver com medo constante de ser julgada, rejeitada ou não valorizada. Isso pode levar a uma constante busca por aprovação externa e à adoção de comportamentos que não são autênticos, ou incongruentes, apenas para evitar a rejeição. Isso pode gerar um jeito de ser ansioso e inseguro.
Dificuldade em expressar emoções verdadeiras: A Consideração Positiva Condicional pode criar um ambiente no qual a pessoa se sente pressionada a esconder ou negar suas emoções verdadeiras. Ela pode temer que a expressão de sentimentos negativos ou de discordância possa levar à desaprovação, ou rejeição. Como resultado, a pessoa pode se esforçar para se conformar às expectativas dos outros, suprimindo suas emoções verdadeiras e afetando negativamente a expressão emocional e a intimidade emocional nos relacionamentos.
Incongruência: A Consideração Positiva Condicional pode dificultar o desenvolvimento de uma personalidade autêntica. A pessoa pode sentir a necessidade de se ajustar constantemente às expectativas dos outros, sacrificando sua própria identidade e valores. Isso pode resultar em uma falta de congruência, levando a uma sensação de desconexão consigo mesma.
É importante destacar que a Consideração Positiva Condicional não promove um ambiente de crescimento pessoal saudável. Ela pode levar a uma personalidade baseada em insegurança, falta de autoconfiança e falta de autenticidade. Por outro lado, a Consideração Positiva Incondicional é essencial para promover uma personalidade mais positiva, autêntica e aberta ao crescimento pessoal.
Como a Consideração Positiva Incondicional facilita o desenvolvimento de personalidade?
A Consideração Positiva Incondicional pode ter um impacto significativo no desenvolvimento e na formação da personalidade de uma pessoa. Ela vai de encontro a um desenvolvimento saudável de um jeito de ser. Aqui estão algumas maneiras pelas quais ela pode facilitar uma personalidade mais madura:
Autoaceitação: A experiência da Consideração Positiva Incondicional pode levar a uma maior autoaceitação ou autovalor. Quando uma pessoa é genuinamente aceita e valorizada, independentemente de suas falhas e imperfeições, ela desenvolve uma atitude mais positiva em relação a si mesma. Isso contribui para uma maior autoestima e autoconfiança, pois sabe que independente do que ela faça, seu valor e afeto virão de suas pessoas-critério e de outras relações.
Congruência: A Consideração Positiva Incondicional cria um ambiente seguro no qual uma pessoa pode ser autêntica. Ela se sente encorajada a ser verdadeira consigo mesma, sem medo de ser julgada ou rejeitada. Isso permite que ela explore e expresse seus pensamentos, emoções e valores de maneira mais genuína, o que contribui para o desenvolvimento de uma personalidade congruente.
Crescimento e autodesenvolvimento: A aceitação incondicional proporcionada pela Consideração Positiva Incondicional cria as condições necessárias para o crescimento pessoal. Quando uma pessoa se sente valorizada e compreendida, ela se torna mais aberta a explorar aspectos de si mesma, lidar com desafios e buscar seu autodesenvolvimento, diminuindo as defesas pessoas para auto-exploração. Ela pode se sentir encorajada a enfrentar novas experiências, expandir seus horizontes e buscar suas metas e aspirações pessoais.
Empatia e relacionamentos saudáveis: Quando alguém experimenta a Consideração Positiva Incondicional, desenvolve uma maior capacidade de empatia em relação aos outros. Essa aceitação e compreensão incondicionais permitem que a pessoa veja além do comportamento externo e se conecte verdadeiramente com os sentimentos e necessidades dos outros. Isso contribui para o estabelecimento de relacionamentos saudáveis e significativos.
Qual a relação entre a Consideração Positiva Incondicional e a autoestima?
A Consideração Positiva Incondicional está intimamente relacionada à autoestima, pois envolve a aceitação completa e incondicional de uma pessoa, independentemente de suas falhas, imperfeições ou comportamentos. Quando uma pessoa experimenta essa aceitação genuína, ela se sente valorizada e aceita por quem é, o que contribui para o desenvolvimento de uma autoestima saudável. A pessoa começa a reconhecer e internalizar que é digna de amor e aceitação, mesmo com suas imperfeições.
Ela também envolve a valorização do indivíduo como um todo, com todas as suas qualidades e características. Essa valorização pessoal fortalece a autoestima, pois a pessoa percebe que é digna de ser valorizada e respeitada simplesmente por ser quem é. A valorização pessoal resultante da Consideração Positiva Incondicional promove uma visão mais positiva de si mesma e contribui para uma autoestima saudável.
A Consideração Positiva Incondicional cria um ambiente seguro e acolhedor no qual a pessoa pode se expressar livremente, sem medo de ser julgada ou rejeitada. Esse ambiente seguro permite que a pessoa se sinta à vontade para explorar suas emoções e experiências, o que é fundamental para o desenvolvimento da autoestima. Quando a pessoa se sente segura para ser congruente e expressar seus sentimentos verdadeiros, sua autoestima é fortalecida.
Ela encoraja a pessoa a ser e congruente com seus próprios valores, necessidades e desejos. Quando uma pessoa vive de acordo com sua verdade interior, sentindo-se aceita e valorizada por quem ela é, sua autoestima é fortalecida. A congruência entre o eu real e o eu ideal promove uma sensação de integridade e autenticidade, que contribui para uma autoestima positiva e uma menor incongruência.
Compreendendo-se assim, que a Consideração Positiva Incondicional desempenha um papel fundamental no fortalecimento da autoestima. A aceitação incondicional, a valorização pessoal, a segurança emocional e a promoção da autenticidade e congruência são aspectos essenciais da Consideração Positiva Incondicional que impactam positivamente a autoestima de uma pessoa.
Como a psicoterapia ajuda no desenvolvimento da Consideração Positiva Incondicional?
A maioria de nossas relações, se compreendida em profundidade, são baseadas, infelizmente, em Consideração Positiva Condicional. A psicoterapia desempenha um papel fundamental, principalmente devido ao formato de nossas relações atuais, no desenvolvimento da Consideração Positiva Incondicional.
A relação terapêutica é um contexto no qual o terapeuta oferece Consideração Positiva Incondicional ao cliente. O terapeuta cria um ambiente seguro, acolhedor e não julgador, no qual o cliente pode se sentir aceito e valorizado em sua totalidade. Essa experiência de ser genuinamente aceito pelo terapeuta permite ao cliente experimentar e internalizar a Consideração Positiva Incondicional, ajudando-o a desenvolvê-la em relação a si e aos outros.
A psicoterapia oferece um espaço dedicado à auto-exploração e ao autoconhecimento. O cliente é incentivado a examinar seus pensamentos, sentimentos, crenças e experiências de forma mais profunda. Ao receber o apoio e a aceitação do terapeuta durante esse processo, o cliente pode se sentir mais encorajado a se aceitar e a compreender suas próprias experiências, promovendo assim a Consideração Positiva Incondicional em relação a si.
Durante a terapia, o terapeuta auxilia o cliente a identificar e examinar suas crenças rígidas e autocríticas. Ao questionar essas crenças e explorar novas perspectivas, o cliente pode desenvolver uma visão mais positiva e mais aberta de si e aumentar sua autocompreensão.
A terapia pode facilitar ao cliente construir novas estratégias para desenvolver habilidades de autorregulação emocional. À medida que o cliente aprende a lidar com suas emoções de maneira saudável e construtiva, ele pode se sentir mais seguro em expressar seus sentimentos autênticos e desenvolver uma maior autoaceitação.
A psicoterapia pode ajudar o cliente a priorizar seu autocuidado e autocrescimento. O terapeuta busca fornecer apoio na busca de atividades e práticas que promovam o bem-estar e o desenvolvimento pessoal. Ao investir em si e em seu próprio crescimento, o cliente fortalece sua autoestima e a Consideração Positiva Incondicional em relação a si.
Portanto, a relação psicoterapêutica fornece um ambiente seguro e apoio emocional que permite ao cliente desenvolver a Consideração Positiva Incondicional. Através da relação terapêutica, da auto-exploração, da prática de habilidades de autorregulação emocional e do fomento do autocuidado e autocrescimento, a terapia facilita o processo de cultivar a aceitação e valorização incondicionais de si e dos outros.
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Referências utilizadas:
ROGERS, C. R. Terapia centrada no cliente. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
ROGERS, C. R. Um jeito de ser. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1983.
ROGERS, C. R.; KINGET, M. Psicoterapia e Relações Humanas: teoria da terapia não-diretiva. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
Imagens: https://br.freepik.com/
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