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Por que não consigo gostar do meu corpo?

Início de ano, e uma das metas mais comuns é o objetivo de cuidar mais do corpo e da alimentação, iniciar aquela dieta sempre adiada e incluir os exercícios na rotina. Por isso, é comum que queiramos melhorar nosso autocuidado corporal e lidarmos com possíveis problemas de imagem corporal. A maioria de nós quer poder amar seu corpo e se sentir bem com ele, ou, pelo menos, ser menos autocrítico e ter uma aceitação corporal maior.

Talvez você tenha ouvido, direta ou indiretamente, que seu corpo não está bonito ou é o suficiente para ser amado. Pode ser que sempre tenha sido avaliado pelos padrões estéticos da atualidade, desconsiderando quem é ou sua genética, ou realidade. Para explorar um pouco mais esta temática, passaremos pelos seguintes itens:

-O que é a imagem corporal?

-O que uma imagem corporal negativa pode causar

-Sinais de uma imagem corporal negativa ou distorcida

-Como melhorar a aceitação pessoal de seu corpo

-Positividade corporal e neutralidade corporal

-Acolha quem é!

O que é a imagem corporal?

A imagem corporal é a representação mental que uma pessoa cria de si mesma, mas pode, ou não, ter qualquer relação com a aparência real. A imagem corporal está sujeita a todos os tipos de distorções das atitudes dos pais, outras experiências iniciais, elementos internos como emoções ou humores e outros fatores. Uma forma grave de imagem corporal ruim é o transtorno dismórfico corporal, em que a insatisfação com um defeito leve ou indetectável na aparência torna-se uma obsessão grave.

O que uma imagem corporal negativa pode causar

A imagem corporal negativa pode afetar uma pessoa de várias maneiras, incluindo desempenho acadêmico ou na carreira profissional, satisfação no relacionamento e qualidade de vida geral. Elas podem se tornar inseguras e não se sentirem aptas para enfrentar desafios cotidianos, atrapalhando inclusive a área afetiva e social de sua vida. O corpo é instrumento de expressão de quem somos enquanto pessoas, portanto afeta a maneira como você pensa e sente sobre sua aparência e sobre a vida em geral.

Somos expostos o tempo todo, principalmente nas redes sociais, a imagens de supermodelos retocadas e celebridades perfeitamente esculpidas, que utilizam filtros que mostram rostos e corpos perfeitos, e isso, mesmo que brevemente, pode desencadear uma insatisfação corporal, depressão, ansiedade e comportamentos obsessivos na alimentação.

Pesquisas demonstram que mesmo crianças podem demonstrar preocupação excessiva com o peso corporal. Crianças que já têm uma consciência corporal maior, com 8 ou 9 anos, são as mais propensas a uma reação à pressão dos colegas e à autoconsciência sobre quem são. Mas uma perspectiva distorcida de seu corpo geralmente inicia-se na pré-adolescência e pode se desenvolver até na idade adulta, sendo as mulheres mais cobradas e julgadas sobre sua aparência corporal do que homens.

A imagem corporal de uma pessoa influencia fortemente seu comportamento. É sabido se que a preocupação e as distorções da imagem corporal são comuns entre as mulheres e, em grau muito menor, entre os homens.

Sinais de uma imagem corporal negativa ou distorcida

As pessoas que nutrem uma visão negativa de seus corpos podem ter pensamentos sombrios e obsessivos crônicos sobre sua aparência. Aqui estão alguns outros sinais de imagem corporal ruim:

-Concentra atenção excessiva em uma pequena falha na aparência.

-Considera-se pouco atraente, até mesmo feio.

-Teme que outras pessoas vejam a chamada deformidade.

-Pode ser um perfeccionista.

-Evita compromissos sociais.

-Constantemente se arruma e se olha no espelho.

-Constantemente esconde a falha percebida com maquiagem ou roupas.

-Constantemente compara sua aparência com a de outras pessoas.

-Persegue procedimentos cosméticos excessivos ou cirurgia.

-Nunca está satisfeito com a aparência.

Se quiser saber mais sobre transtornos alimentares, clique aqui.

Como melhorar a aceitação pessoal de seu corpo

Você só tem um corpo, mas amá-lo pode ser um desafio. A sociedade pressiona muito as pessoas para serem perfeitas, e essa pressão pode ser ainda maior para as mulheres.

Sob a constante avaliação das expectativas da sociedade, pode ser difícil aceitar partes de si mesmo que são inofensivas, mas vistas como “defeitos” cosméticos.

Perceba a sua voz interior, que geralmente é muito crítica, e transforme-a em uma ferramenta para melhorar sua relação com seu corpo. Considere as dicas abaixo para ajudá-lo nesta tarefa:

1. Pare de se comparar com os outros

Sua vida e realidade são únicas, perceba como se dá seu cuidado com sua alimentação, sono e autocuidados gerais e compreenda o que precisa e pode ser melhorado. Quando você para de se comparar com os outros e se lembra de que cada corpo é diferente, você pode aprender a aceitar e apreciar seu próprio corpo notável.

2. Faça atividades que façam você se sentir bem consigo mesmo

Participar de atividades que não lhe trazem alegria e fazê-las apenas como forma de tentar mudar sua aparência pode afetar sua saúde mental. Tente substituir essas atividades por aquelas que você ama, como dançar, jogar bola com amigos, fazer uma caminhada em um lugar bonito, adotar uma rotina de cuidados com a pele. Iniciar uma atividade de autocuidado que considere como tortura pode atrapalhar a inserção de um hábito saudável na sua rotina.

3. Encontre inspiração em corpos parecidos com o seu

Uma maneira pela qual o uso das redes sociais pode ser útil é que você tem alguma autonomia sobre o conteúdo, com o qual se envolve.

Deixe de seguir nas redes sociais pessoas que lhe deixam desmotivados, siga pessoas que lhe deem exemplos saudáveis e sem cobranças. Considere seguir pessoas com corpos e rotinas parecidas com as suas, pois assim pode diminuir suas insatisfações.

4. Aprecie as coisas maravilhosas que seu corpo é capaz de fazer

O propósito do seu corpo não é ter uma determinada aparência. Em vez disso, seu corpo faz certas coisas. Alguns corpos podem ter limitações físicas, e tudo bem. Concentre-se no que seu corpo pode fazer, e não na aparência ou nas coisas que não pode fazer.

O corpo humano é capaz de muitas coisas notáveis, ele é bastante adaptável! Seu corpo carrega você pela vida. Quando você pensa nas coisas incríveis que seu corpo pode fazer e faz diariamente, sua aparência se torna trivial.

5. Transforme suas cobranças internas em um diálogo íntimo positivo

O que você diz para si mesmo importa. Falar negativamente sobre seu corpo é inútil, especialmente sobre coisas que você não pode mudar. Você pode trabalhar lentamente em direção à aceitação. Pode ser mais útil ser neutro em relação aos problemas do corpo, entender o que levou ao surgimento daquilo que lhe incomoda e o que ele representa na sua existência. O objetivo final é aceitar a si mesmo como você é agora, e o diálogo interno negativa aumenta os sentimentos de vergonha em vez de merecimento.

Ser muito duro consigo mesmo pode até atrapalhar hábitos saudáveis. A autocrítica é significativamente associada ao mal-estar corporal. Mudar isso é preciso!

Positividade corporal e neutralidade corporal

A positividade corporal é um movimento social que incentiva a aceitação de todos os corpos, que vêm em uma variedade de tamanhos e formas. Ele se concentra principalmente no tamanho do corpo, mas também incentiva a aceitação de todos os tons de pele, gêneros e deficiências. Qualquer pessoa com um corpo marginalizado pode se consolar com a positividade do corpo. Especialmente a aceitação de mulheres plus size e mulheres negras.

O movimento surgiu na década de 1960, mas o termo “positividade corporal” foi introduzido na década de 1990. Começou como um grande movimento de aceitação enraizado na justiça social e continua forte (e necessário) até hoje.

Um terço da população é gorda, mas a discriminação com base no tamanho do corpo ainda é um problema, principalmente nas redes sociais. A positividade do corpo incentiva a amar seu corpo em todos os seus estados, e parte de mostrar cuidado consigo mesmo é adotar práticas boas para você. Mas evita hábitos alimentares restritivos, excesso de exercícios e forçar-se a mudar para aceitar seu corpo.

A neutralidade corporal é uma abordagem intermediária entre a positividade do corpo e a negatividade do corpo. Como o termo sugere, não é amar nem odiar seu corpo. Esse movimento é baseado nas noções de aceitação e respeito pelo próprio corpo ao invés de amor, em que se prioriza a função do corpo e o que ele pode fazer, em vez de sua aparência. A neutralidade corporal parte do princípio de que não precisamos amar ou odiar nossos corpos, podemos nos sentir neutros sobre eles.

A principal diferença entre a positividade do corpo e a neutralidade do corporal está na ideia de valor. A abordagem corporal neutra se inclina para a crença de que não importa se você acha que seu corpo é bonito ou não. Seu valor não está vinculado ao seu corpo nem sua felicidade depende da sua aparência. Já a abordagem positiva do corpo afirma somos lindos, não importa o quê. Aproveite destes movimentos e se aproxime de pessoas que lhe ajudem no processo de mudar sua autocrítica e valorize você por quem é e por seus esforços.

Acolha quem é!

Todo mundo tem inseguranças e imperfeições, mas isso não deve impedir você de apreciar seu corpo e tudo o que ele é capaz. Prestar atenção aos materiais que consome nas redes sociais e as relações que possui, se são boas ou lhe causam mais autocrítica é importante para facilitar seu processo de desenvolvimento de autoaceitação corporal e autocuidado.

Aceitar seu corpo como é algo instantâneo, mas você pode aprender a apreciá-lo mais a cada dia. Você pode começar hoje adotando pequenos hábitos como mudar o uso das redes sociais e fazer atividades que te façam bem e te tragam alegria. Outro ponto muito importante é o acompanhamento psicológico, pois em uma relação com um profissional qualificado você pode perceber e explorar suas crenças e valores sobre si e sua imagem corporal, sendo acompanhado neste processo de ressignificação de si e de seu autovalor.

Não hesite em buscar ajuda. Consultas psicológicas podem ajudá-lo neste processo. Se quiser conversar com uma das nossas profissionais para entender se de fato faz sentido esse tipo de ajuda para você, clique aqui.

Juliana Fitaroni

Juliana Fitaroni

Psicóloga, CRP 18/02964

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