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Será que é Autismo?

Nosso cenário indica que a prevalência de casos do Transtorno do Espectro Autista é relativamente alta na população mundial, além disto, está aumentando significativam relação direta com a forma e a ampliação dos critérios diagnósticos e com as pessoas buscando mais informações sobre isto. Na prática clínica, também temos sentido o aumento da demanda tanto para avaliação, quanto para o acompanhamento psicológico do espectro autista. Crianças e seus familiares, jovens, adultos nos procuram para ajudar a responder a esta pergunta: será que é autismo?

Se esta é a sua dúvida ou de alguém próximo a você, procuramos trazer algumas reflexões que possam contribuir com este processo. Passaremos por estes pontos:

  • Que características podem ser sugestivas de autismo?
  • Como é o caminho para avaliação?
  • É autismo, o que faço agora?

Que características podem ser sugestivas de autismo?

Partindo de uma definição, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits persistentes na comunicação e na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades.

Quando se pensa na possibilidade de autismo, são nestes aspectos que a pessoa apresenta singularidades. Evidentemente há uma grande diversidade dentro de cada um destes aspectos, aqui cabe muito bem que cada caso é um caso, mas aqui também reside o que pode ser generalizado. É em relação às dificuldades na comunicação e na interação social, além de padrões mais restritos e repetitivos de comportamentos, que nos fazem cogitar a possibilidade de autismo.

As características do TEA são muito amplas, sua divisão considera as necessidades e demandas de suporte de cada autista, podendo ser do nível um, em que há necessidade de apoio, até o nível 3 em que o autista necessita de apoio muito substancial.

Importante ressaltar que o autismo não é uma doença, ela é uma condição do neurodesenvolvimento, uma forma diferente de estar no mundo. Não é nada causado pelos pais ou por qualquer situação externa. O autismo acompanhará a pessoa durante toda sua vida, e dependendo da necessidade, um acompanhamento pode auxiliar significativamente no seu desenvolvimento.

Como é o caminho para avaliação?

O caminho do diagnóstico do autismo passa geralmente por uma equipe multidisciplinar. É o médico que efetivamente fecha o diagnóstico do autismo, respaldado por avaliações feitas por profissionais psicólogos e outros da área da saúde. Uma avaliação é fundamental, pois mapeia o processo de desenvolvimento, tanto por meio de escalas de desenvolvimento quanto da observação clínica.

Além de contribuir com dados para responder os critérios diagnósticos do Espectro autista, a avaliação também dá subsídios para a compreensão do funcionamento como um todo, possibilitando também que o profissional psicólogo possa acompanhar a pessoa autista, conhecendo suas facilidades e dificuldades, criando um programa individual de desenvolvimento das suas possibilidades.

É autismo, o que faço agora?

O diagnóstico em si, costuma ser recebido de diversas formas pelas pessoas autistas e pelas famílias. Para alguns é um processo muito difícil, que passa por um longo caminho para aceitação, para outros o diagnóstico é libertador e dá voz e um lugar de pertencimento ao autista.

Dependendo do nível de intensidade do autismo, identificando o mesmo no nível 1, 2 ou 3, possibilita o entendimento do nível de suporte necessário para as atividades cotidianas e com isto, é possível pensar quais são as terapias e profissionais que podem ser envolvidos no acompanhamento.

Fato é que as características singulares não mudam com o diagnóstico, ou seja, estas características que o autista tinha antes do diagnóstico vão permanecer depois dele. Mas há mudanças significativas em relação à aceitação, pois geralmente acontece uma ressignificação da sua forma de se perceber e se perceber na relação com o mundo. E o mais importante, o diagnóstico possibilita a busca por um acompanhamento adequado e com isto o desenvolvimento de habilidades importantes no seu contexto de vida, auxiliando no seu desenvolvimento e sua autonomia.

Este acompanhamento tem por objetivo contribuir com a aquisição de competências sociais e comportamentais, entendimento das emoções e desenvolvimento da autonomia para lidar com as questões da vida diária.

Confirmado o diagnóstico, procure se cercar de profissionais que consigam efetivamente dar suporte as demandas do desenvolvimento, bem como as demandas emocionais e psicológicas da pessoa autista. Além de dar suporte e estar próximo da família, da escola, se este for o caso, e de outros profissionais envolvidos.

Muito mais do que qualquer treino que vise meramente mudanças ou adaptações de comportamentos, muito além de qualquer rótulo, os profissionais precisam ter um olhar mais acolhedor e com atitudes facilitadoras, que visem realmente o desenvolvimento como um todo.

Se a resposta a pergunta será que é autismo ainda te gera angústias, medos ou incertezas, estamos por aqui para lhe auxiliar em todos este processo. Conte sempre com a equipe de profissionais do Espaço Viver.

Jamile Allebrandt

Jamile Allebrandt

Psicóloga, CRP 12/06051

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