Você já passou por momentos em que a razão “era clara”, mas os sentimentos te diziam o oposto? Arrisco a dizer que sim! As nossas emoções nem sempre acompanham a nossa razão, isso gera uma certa angústia e confusão. Se você já passou por isso, me acompanhe nessa leitura 😉
Essa discussão entre razão e emoção é uma das mais antigas da humanidade. Filósofos debruçaram-se sobre esse duelo de diversas formas. Vejo muito na clínica e na vida as pessoas angustiadas e incomodadas quando percebem que o que sentem não combina com o que pensam. Como não conseguem encontrar sentido, logo consideram as emoções como se estivessem erradas, porque a lógica se apresenta de uma maneira soberana. Hum, mas o que será que a gente perde quando desconsidera as emoções? Hoje a ideia é dar espaço para pensarmos sobre esses dois lados importantes e tão presentes em nossas vidas. Para isso passaremos pelos seguintes pontos:
- – Contextualizando a razão
- – Qual o papel das emoções na nossa vida?
- – Dicas para equilibrar a razão e a emoção
Contextualizando a razão
A razão é uma capacidade humana de compreender as informações ao nosso redor. É por meio dela que desenvolvemos nosso pensamento lógico dedutivo e criamos, a partir disso, a generalização das coisas. Se todas as pessoas pensam, logo, todas podem recorrer à razão. Por meio desses pensamentos que prevemos resultados e também temos informações para certas tomadas de decisão.
Há aqueles que buscam a razão acima de tudo. O filósofo Descartes definiu a razão como nossa via norteadora segura em relação aos processos da vida e que por ela conseguiríamos definir o verdadeiro do falso.
O nosso raciocínio e pensamento lógico estão ligados a informações que a gente aprendeu, aos códigos e valores morais, às regras sociais na totalidade. A razão está toda referenciada no mundo em que vivemos. Ela é construída a partir do que compreendemos do que vemos fora. Vem regada de informação e conhecimento sobre as coisas, sobre como a gente deve se comportar, o que é moralmente certo e errado, etc.
No entanto, como você pode perceber, olhar apenas para fora diz muito sobre o mundo ao nosso redor, mas não agrega informações a respeito de nós mesmos. A respeito de quem somos ou de como estamos nesse mundo. E para tal, precisamos utilizar outra via. Aquela que acabamos por esquecer ou deixar de lado, por pensar ser menos importante, a via dos sentimentos e emoções. Ao menos, a história da humanidade nos levou para o caminho da razão, afastando-nos do sentir, que por muito tempo foi considerado pouco confiável. Agora te pergunto, será que é mesmo arriscado ouvir as emoções? O que estamos perdendo de compreender quando ignoramos os nossos sentimentos? Vamos lá refletir sobre isso?
Qual o papel das emoções na nossa vida?
Ah, os sentimentos e emoções, o que seria de nós sem eles? Pode parecer estranho, mas eles são guias importantes e essenciais em nossas vidas. Porque nos comunicam algo que está relacionado a nós e de algo que estou vivendo.
Quando a gente se comunica com as nossas emoções, estamos olhando para aquilo que é nosso como pessoa. Por que isso nem sempre bate com a lógica? Porque as emoções estão ligadas às experiências que vivemos, o nosso corpo não conhece as regras sociais, não segue o certo ou errado, ele simplesmente existe e responde ao que vive. A gente não controla o que sente, e nem deixa de sentir raiva, ou sentir-se triste por uma coisa que teoricamente é boa, por exemplo. Ele é só corpo e sensação. Aí podemos sentir qualquer coisa, independente do que deduzimos a respeito dos acontecimentos. Por exemplo, ganhar um presente a gente deduz que é uma coisa boa, logo, ficaríamos felizes. Mas você já se sentiu triste ou frustrado nessa experiência? Pois é, a questão não é o presente, mas o que aquela experiência significou.
Então as emoções e sentimentos também são formas de comunicação de nós mesmos com o nosso corpo. Deixa eu falar de algo mais concreto para ajudar a entender melhor. A dor física, por exemplo, é um sinal importante de que há algo que precisa de atenção. Se coloco a minha mão em uma chapa quente, a dor me avisa que preciso tirar a mão correndo daquele lugar. Os sentimentos e sensações também têm a função de nos atentar a algo. De alguma forma abstrata, eles revelam aspectos a serem observados em nós. É uma comunicação a respeito do nosso “clima” interior. Mas tudo bem, é uma mensagem difícil de compreender, não é fácil achar os significados do que sentimos e nem estamos acostumados a isso.
Por isso hoje estou aqui, para refletirmos juntos e até mesmo te instigar a prestar um pouco mais de atenção no que sentes. Os sentimentos falam muito mais de nós do que a lógica e a razão. O que quero dizer com isso, que a lógica é um conhecimento importante a respeito do mundo. No entanto, acabamos usando esse caminho tentando compreender quem somos, como se pudéssemos definir isso baseado no que a gente entende ou nas regras e não no que a gente sente. Por isso vem a confusão e angústia. Porque na maioria das vezes não nos encaixamos nessas formas predefinidas que aprendemos mundo afora.
Bem, isso não quer dizer que os modelos de fora não possam combinar contigo. Pode ser que combinem muito! Ou ainda que tudo isso que estou falando nem faça sentido para você e tudo bem. A questão é, se você se identifica com o que estou falando, no geral, quando a gente não tem esse casamento entre o externo e nós mesmos, surge as angústias. Pois a sensação é de que estamos em “desacordo” com o que deveria sentir e acabamos achando que tem algo errado. Um exemplo que tem surgido muito nos meus atendimentos é a pessoa se sentir muito angustiada por não entender o porquê de estar se sentindo triste em momentos que são bons e que deveria estar feliz.
Dicas para equilibrar a razão e a emoção
Bem, meu maior objetivo hoje não é descrever mais profundamente essa temática, mas te provocar curiosidade a respeito dos teus sentimentos e pensar em formas de lidar com essas duas vias, a razão e a emoção. Então, vamos para a nossa última reflexão, o que podemos fazer para equilibrar tudo isso?
- 1- Evite ir em busca de uma razão correndo para aquilo que tiver sentindo ou passando. Espere um pouco para sentir antes de tentar explicar racionalmente o que tiver passando na tua vida.
- 2 – Perceba que existem coisas que você não está enxergando. É possível que tenha mais informações sobre o que você está vivendo e o que você dá conta de enxergar. Isso pode ser suficiente para simplesmente ir se explorando mais sozinho, ou pode provocar inquietações a ponto de querer que alguém caminhe ao seu lado nesse processo de conhecimento. Com uma ajuda profissional de um psicólogo, por exemplo, que possa estar contigo, observando o que você traz e te ajudando a observar/perceber os pontos que o teu corpo mostra, mas ainda não foram percebidos. Ou seja, que a nossa fala e pensamentos não captaram ainda. Como vimos, nós não estamos acostumados a sentir e dar um significado verbal. As emoções, mesmo não gostando de sentir, não entram no campo do certo ou errado, do positivo ou negativo. Perceba que eu não estou falando quanto a se sentir bem ou mal com elas. Mesmo as sensações ruins são tão importantes quanto as boas porque elas estão descrevendo processos nossos. Só que no geral não sabemos ler isso. Esse é o nosso desafio. Aprender a sentir, ler e dar significado. No geral, estamos tão ligados à lógica que nem percebemos o que estamos sentindo.
- 3 – Então isso nos leva ao terceiro ponto: saiba existem muitos sentimentos que passam despercebidos, porque a lógica fala mais alto. Há momentos em que a gente nem se permite ver que está desconfortável com algo, por exemplo, ou que não gosta daquilo que acha que deveria gostar. Às vezes o sentimento nem aparece, porque está tão camuflado na lógica que a gente nem deixa aparecer. Fomos nos distanciando do que sentimos. Falamos disso, no geral somos estimulados a se aproximar dos valores, dos conceitos de certo e errado, das regras. Não estou dizendo com isso que elas não deveriam existir viu? Mas que no fim, acabamos por ter essas referências como soberanas e desenvolvemos um ideal “de como deveríamos ser”, um ideal sobre nós. No entanto, desta forma, não construímos nossos caminhos internos, eles ficam no vazio. Acabamos por construir estradas que se distanciam de nós. Ou ainda, construímos armaduras e não sabemos quem está dentro delas! Você sabe quem está dentro da sua?
Bem, resumindo tudo que conversamos aqui. Temos duas vias importantes, a da razão que nos mostra o conhecimento sobre o mundo e a das emoções que nos aproxima dos significados daquilo que estamos vivendo e fala sobre nós. A partir do momento que reconheço os meus sentimentos, tenho maior conhecimento sobre mim e sobre os caminhos que desejo seguir.
Nossa, esse assunto me desperta muitas inquietações! Como é para você?
Bem, lembre-se que nada disso é preciso viver sozinho. Se você se identificou e sente desejo de ter mais alguém nessa caminhada, estamos aqui para te acompanhar. Clique aqui e converse com uma de nossas psicólogas para conhecer mais sobre os nossos serviços.