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Meu bebê está nascendo, o que devo fazer?

O nascimento de um bebê geralmente é um momento esperado e vem acompanhado de vários sentimentos e sensações. As famílias se deparam com experiências cheias de novidades e expectativas. Vamos pensar um pouquinho sobre esse momento de vida tão especial?

Se você já passou por uma gestação e puerpério pode ter visto mudanças significativas no seu meio familiar, além de vivenciar inúmeros sentimentos e emoções. A ideia da chegada de um bebê traz novas formas de se organizar na vida e de papéis dentro da família. Há um processo de gestar não apenas o bebê, mas também de vocês, pais e mães. Os nove meses servem de preparo para toda família se constituindo nesse novo papel. Mesmo que esse não seja o primeiro filho, há sempre uma nova construção. Nosso foco hoje é conversar sobre esse momento logo após o nascimento e a ideia desse blog é contribuir para nomear e ajudar a identificar questões que podem ter sido experienciadas ao longo desse caminho.

Uma observação importante: durante todo o texto me refiro a todas as construções de família, família com duas mães, família com dois pais, família com pai e mãe, com mãe solo, com pai solo… qualquer composição que esteja recebendo a chegada de um bebê 😉

Pensando sobre esse universo, a ideia é olhar um pouquinho para o processo caminhando pelos seguintes pontos:

  • Aspectos psicológicos
  • O nascimento e os primeiros dias

Aspectos psicológicos

Você melhor que ninguém sabe o que está passando ou passou durante esta etapa da vida. Ainda que o foco de hoje não seja a gestação em si, há aspectos emocionais que se iniciam com a gestação e perduram ao nascimento.

Na chegada de um bebê há uma readaptação no tempo, no espaço físico, nas rotinas, nos papéis familiares. Isso tudo gera momentos de reflexões e pensamentos sobre o futuro, na tentativa de imaginar e planejar onde essas mudanças se encaixam.

Mãe e pai vem de um trabalho emocional intenso durante a gestação, vivendo um processo de se reconhecer nessa nova forma. Você percebe que sentimentos ambivalentes estão presentes em todo o período? Há diversos questionamentos: “será que esse é o momento certo?”, “será que vou saber cuidar?”, “será que eu vou ser suficiente?”. Essas e diversas outras questões surgem em diferentes momentos e estão presentes também após o nascimento.

O nascimento é o momento concreto para começar a executar esse papel e geralmente vem acompanhado do medo de não ser uma boa mãe, ou um bom pai, de não ter a capacidade de cuidar fazendo com que ele cresça saudável, etc. Todas essas vivências estão relacionadas com a história de cada um e aprendizados sobre cuidado.

É um momento de encontro daquele bebê que estava na imaginação com o bebê que acabou de nascer. Uma mistura de novidades, estranhamentos e reconhecimentos. É nessa identificação e conexão inicial que permite à mãe se conectar com seu filho e reconhecer suas necessidades e talvez seja o momento de maior concretização para o pai, já que a percepção da gestação para ele até então foi subjetiva. Cada um nessa experiência está vivendo uma perspectiva diferente, mãe, bebê e pai.

O nascimento e os primeiros dias

Bem, chegamos então nos primeiros dias de vida do bebê. Eu diria que não há como definir as emoções e sentimentos presentes nesse momento, pois cada família e cada história serão diferentes. Ainda assim, há alguns aspectos compartilhados nessa fase da vida, caso você se identifique, saiba que não está sozinha (ou sozinho) nesse turbilhão de sentimentos.

Mesmo que esse não seja o seu primeiro filho, podem surgir dúvidas e dificuldades nesse momento, você sentiu isso? É natural que cada experiência seja diferente. Eu diria que uma das coisas mais importantes é você se permitir conhecer o seu bebê: “de que jeito ele gosta de estar no colo?”, “quando ele costuma fazer cocô?”, “como ele está mamando?” Saber que ele é diferente do que você imaginou e que tem um jeitinho próprio pode minimizar as angústias presentes nessa etapa de adaptação.

Uma boa parte dos bebês e suas famílias levam um tempo para se ajustar na amamentação. São diversos fatores novos para todos lidarem. Pode ser também que a forma de alimentação não seja pela amamentação e tudo bem. Muitas vezes nos primeiros dias parece um grande “desencontro” até bebê e família pegarem o seu ritmo e a sua forma.

Estamos falando então de processos de aprendizagem!

Permitir se reconhecer como alguém que está aprendendo pode aliviar as cobranças e autocríticas neste momento. Ou seja, poder reconhecer que existem momentos que você não sabe o que fazer e que na próxima é possível tentar diferente. Talvez mais que acertar, o esforço de compreendê-lo e estar presente sejam mais significativos para a construção dessa relação. Além disso, abraçar as próprias emoções que vem, não importa se são de cansaço, tristeza, medo, alegria, satisfação, insatisfação e abrir espaço para a expressão delas contribui para elaborar esse momento de vida tão intenso.

Os pais também estão passando por muitas emoções. Podem ter uma sensação de “não ter um espaço” e às vezes precisar descobrir onde se encontrar no meio disso tudo. Culturalmente são vistos como “sem jeito”, mas a verdade é que nesse momento todos estão aprendendo! Além disso, o seu papel é muito importante, tanto na divisão do cuidado, como no quesito acolhimento, tudo isso faz diferença para a família nesse momento.

Como vimos, então, você passou (ou está passando) por processos intensos com necessidade de elaborar diversas questões. Além disso, essa maratona envolve um cansaço físico, devido à mudança intensa na rotina, incluindo sono e vigília. Então, o apoio livre de cobranças, com respeito às emoções pode ser bem-vindo. Procure nas suas relações pessoas que você sente que tem esse tipo de espaço. A ajuda prática pode contribuir. Comunique para o outro o que você precisa nesse momento e também dos seus limites.

Saiba que é também possível trabalhar as repercussões desse momento de vida com o acompanhamento psicológico. Se esse desejo surgir em você, fique à vontade para entrar em contato e conversar com profissionais da nossa equipe! Basta clicar aqui!

Ana Luísa Remor

Ana Luísa Remor

Psicóloga, CRP 12/11646

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