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A psicoterapia para pessoas com dores crônicas

Cerca de 60 milhões de pessoas, segundo a sociedade brasileira de estudos da dor (SBED), entorno de 37% da população brasileira, relatam sentir dor de forma crônica. Entre as categorias de dores mais comuns está a enxaqueca, que no país afeta 34 milhões de pessoas, ou seja, uma em cada sete pessoas sofre dela.

As dores crônicas causam impacto em todos os âmbitos da vida de uma pessoa: seja no físico, nas relações pessoais, no campo profissional e na autoestima. Para tratar essas dores, se faz necessário então, uma abordagem multiprofissional, que cuide dos impactos das dores crônicas e aumente a qualidade de vida das pessoas.

Para compreender melhor as dores crônicas e seus impactos, passaremos pelos seguintes pontos:

– O que é considerado como dor crônica?

– Quais as doenças que mais causam dores crônicas?

– Consequências das dores crônicas

– Como a psicoterapia pode ajudar no tratamento das dores crônicas;

– Dicas para lidar com as dores crônicas;

O que é considerado como dor crônica?

A dor crônica é caracterizada por uma dor que dura ou é recorrente por pelo menos três meses, ou que permanece após um mês da resolução de uma lesão. Ela pode ser consequência de diferentes fatores: existem casos em que as dores constantes provêm do efeito colateral do tratamento, como, por exemplo, acontece com alguns pacientes oncológicos em decorrência das sessões de quimioterapia. Há também as dores após cirurgias que nunca desaparecem e algumas doenças que têm a dor crônica como o principal sintoma, como na fibromialgia.

Por mais diversas que possam ser, as dores crônicas podem ser tratadas. Atualmente, existem diversas opções de tratamento que melhoram muita a qualidade de vida de pessoas que sofrem de dores crônicas, por isso é importante que se investigue as causas das dores e se elas persistirem, encontre uma equipe médica que considere como importante sua qualidade de vida e um cuidado total, lhe compreendendo como pessoa e que sua dor pode afetar as diversas áreas de sua vida.

Quais as doenças que mais causam dores crônicas?

A dor crônica traz consequências em todos os aspectos da vida cotidiana. Prejudicando a capacidade das pessoas de trabalhar, socializar, dormir e funcionar adequadamente. As doenças que mais as provocam dores crônicas são:

1) Artrose: uma doença articular degenerativa, causada pelo desgaste das cartilagens e alterações nos ossos; 2) Câncer: as dores podem ser causadas pelo próprio tumor ou pelos tratamentos, como a quimioterapia ou a cirurgia; 3) Dor crônica persistente pós-operatória (DCPO); 4) Esclerose múltipla: é uma doença em que as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, gerando lesões cerebrais e medulares. As dores mais características são a sensação contínua de perfuração, formigamento intenso ou queimadura nas pernas; 5) Diabetes: o diabetes descontrolado, pode provocar sintomas de dor contínua, sem causa aparente e excessiva; 6) Fibromialgia: é uma doença que gera dores intensas, prolongadas, sentidas na musculatura do corpo todo; 7) Dores lombares: apresentam-se com dores nas costas, que usualmente irradiam para a região das pernas; 8) Lúpus: é uma doença inflamatória autoimune, cujos sintomas podem surgir, lenta ou rapidamente, em diversos órgãos. Entre as manifestações clínicas mais comuns, destaca-se a dor nas juntas das mãos, punhos, pés e joelhos.

Se você sente dores persistentes, procure seu médico de referência! Ele vai lhe ajudar a compreender as causas dessas dores e lhe indicar o tratamento adequado a elas.

Consequências das dores crônicas

Além da experiência desagradável da dor em si, considere algumas das maneiras pelas quais a dor crônica afeta nossas necessidades humanas:

  • A dor limita nossa capacidade de manter nossos papéis familiares, como chefes de família, pais e cônjuges;
  • A culpa é uma experiência comum entre pessoas com dor crônica quando se sentem inadequados como pais ou parceiros românticos;
  • A dor aumenta nossa dependência dos outros. Com o tempo, muitos pacientes com dor crônica passam a se sentir como um fardo;
  • A dor cria incerteza sobre o futuro, perturbando a estabilidade financeira e os objetivos futuros. Ansiedade e medo são as respostas emocionais mais comuns à dor crônica.
  • A dor prejudica as relações com a família, amigos e trabalho. Pessoas com dor crônica ficam frequentemente isolados e desconectados dos outros;
  • A dor muitas vezes rouba fontes de felicidade, contribuição e realização, pois a capacidade da pessoa de se envolver em passatempos, trabalho e atividades recreativas é reduzida;
  • O resultado é que a dor crônica adiciona muitas fontes de estresse, enquanto diminui muitas de nossas fontes de prazer e significado.

Os tratamentos psicológicos são potencialmente úteis para todos os pacientes com dor crônica, porque a ela visa ajudar cada paciente a abordar as maneiras pelas quais sua condição de dor está interferindo em sua capacidade de atender às suas necessidades humanas, usando muitas abordagens de tratamento diferentes para restaurar relacionamentos e melhorar a função, significado, contribuição e fontes de crescimento pessoal.

O acompanhamento psicológico no tratamento das dores crônicas

As pessoas que sofrem com dores crônicas se beneficiam muito da inclusão de um acompanhamento psicológico como parte de seu programa de tratamento de suas dores. Um encaminhamento para um processo psicoterapêutico não necessariamente indica que as dores têm origem, emocionais, mas as pessoas que sofrem de dores recorrentes podem se beneficiar com a ajuda psicológica para enfrentar as adversidades vivenciadas em consequência do mal-estar sentido.

A dor serve a um propósito de sobrevivência, ela nos alerta sobre lesões e experiências ameaçadoras da vida. A dor crônica, no entanto, é muitas vezes mais complexa: existem pessoas que pensam muitas vezes na dor como uma sensação puramente fisiológica, porém, a dor envolve fatores biológicos, psicológicos e emocionais. Além disso, a dor crônica pode causar sentimentos como raiva, desesperança, tristeza e ansiedade. Para tratar a dor de forma eficaz, você deve abordar os aspectos físicos, relacionais, emocionais e psicológicos.

Tratamentos médicos, incluindo medicamentos, cirurgia, reabilitação e fisioterapia, podem ser úteis para o tratamento da dor crônica. Contudo, os tratamentos psicológicos também são uma parte importante do controle da dor, portanto, compreender e gerenciar os pensamentos, emoções e comportamentos que acompanham o desconforto pode ajudá-lo a lidar de forma mais eficaz com sua dor – e pode realmente reduzir a intensidade de sua dor.

Os psicólogos são especialistas em ajudar as pessoas a lidar com os sentimentos, pensamentos e comportamentos que acompanham a dor crônica. Eles podem trabalhar com indivíduos e famílias por meio da psicoterapia ou como parte de uma equipe de saúde em um ambiente clínico. Os psicólogos podem colaborar também com outros profissionais de saúde, contribuindo com uma visão sobre os aspectos emocionais da dor do paciente.

Para pessoas que lidam com dor crônica, o acompanhamento psicológico geralmente envolve o ampliar a consciência que tem de si e suas dores, auxiliando no desenvolver de novas habilidades de enfrentamento e compreender quaisquer sentimentos que acompanhem as dores crônicas. Um psicólogo pode ajudá-lo a desenvolver novas maneiras de pensar sobre problemas e encontrar soluções para o enfrentamento deles. Estudos descobriram que algumas psicoterapias podem ser tão eficazes quanto a cirurgia para aliviar a dor crônica, porque os tratamentos psicológicos para a dor podem modificar como o cérebro processa as sensações de dor. Enfim, o objetivo do acompanhamento psicológico é ajudá-lo a desenvolver habilidades para lidar com sua dor e viver uma vida plena.

Dicas para lidar com as dores crônicas

Pensando em manter sua qualidade de vida e desenvolver formas de enfrentamento das dores crônicas, considere os itens abaixo, que podem ser úteis para mudar hábitos e melhorar a qualidade de seu sono:

  • Se mantenha ativo. A dor, ou o medo dela, pode levar as pessoas a parar de fazer as coisas de que gostam. É importante não deixar a dor tomar conta de sua vida. Conheça seus limites, mas continue a ser ativo de uma forma que reconheça suas limitações físicas. Mantenha-se saudável com exercícios de baixo impacto, como alongamento, ioga, caminhada e natação (siga as orientações médicas).
  • Faça conexões sociais. Mantenha a conexão com pessoas importantes para vocês. Pesquisas mostram que pessoas com maior apoio social são mais resilientes e experimentam menos depressão e ansiedade. Peça ajuda quando precisar. Distraia-se. Experiências agradáveis ​​podem ajudá-lo a lidar com a dor.
  • Não perca a esperança. Com o tipo certo de tratamentos médicos e psicológicos, muitas pessoas aprendem a controlar sua dor e a pensar nela de uma maneira diferente. Siga as prescrições cuidadosamente. Se os medicamentos fizerem parte do seu plano de tratamento, certifique-se de usá-los conforme prescrito pelo seu médico para evitar possíveis efeitos colaterais perigosos.
  • Faça psicoterapia. A psicoterapia pode ajudar a se sentir melhor consigo mesmo, conhecendo seus sentimentos e melhorando suas relações. Ela pode ajudar as pessoas com dores crônicas a terem maior consciência de si (inclusive das suas dores) e no desenvolver formas de lidar com suas dores, aumentando significativamente sua saúde emocional.

Sabemos que se lidar com dores constantes é muito desafiador, por isso a psicoterapia pode ser uma grade aliada nessa trajetória. Então, se você precisar de ajuda nesse processo, conte com nossa equipe! Clique aqui e converse com uma de nossas psicólogas para conhecer mais e entender o que faz sentido para você.

Juliana Fitaroni

Juliana Fitaroni

Psicóloga, CRP 18/02964

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