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Como superar a fragilidade emocional?

Certamente em algum momento da vida você já se sentiu frágil emocionalmente. Aquela sensação de que você pode se quebrar com um toque ou uma palavra inapropriada. Talvez o ápice da fragilidade esteja quando a reação emocional foge do seu controle em público. O sentimento de sofrimento pode ser intenso, levando ao receio de viver situações como esta outra vez.

Se você já viveu uma situação como essa, saiba que o seu sentimento não precisa permanecer assim para sempre. É possível ressignificar estas experiências e construir novas formas de interagir com suas emoções. Vamos começar refletindo sobre:

  • O que é fragilidade emocional?
  • 3 elementos que dificultam a interação com nossas emoções.
  • Como lidar com as emoções?

Experimente ler estes três pontos observando suas emoções e suas experiências. Este processo pode expandir seu autoconhecimento e ajudá-lo a entender aquelas situações em que o choro apareceu no trabalho e você não desejava ou aquela explosão de raiva que parecia sem sentido.

O que é fragilidade emocional?

Escolhi este ponto de partida para nossa reflexão: fragilidade não é sinônimo de sensibilidade! Sensibilidade é uma característica humana que envolve nossa capacidade de empatizar com a experiência do outro. Então, se você se sente sensível, ou seja, se as vivências o tocam, o enternecem ou o indignam, bem, você é um ser humano vivo, experimentando uma das funções disponíveis ao seu organismo.

Emoções não são frágeis, emoções apenas são emoções e ponto. Você pode até ser muito emotivo e se sentir constrangido porque a emoção apareceu em um momento em que você não gostaria, mas isso não é uma fragilidade emocional e sim uma expressividade sem filtros. E isso pode acontecer com emoções que envolvem compaixão, tristeza, cansaço e também com irritabilidade, raiva e injustiça, entre outras tantas.

Neste ponto, precisamos reconhecer que, de fato, emoções sendo expressadas sem filtro, repetidas vezes, podem ocasionar dificuldades nas relações, na produtividade no trabalho e, até, no desempenho na aprendizagem. Então, é necessário mesmo olhar para suas emoções. E o primeiro passo é reconhecer que suas emoções fazem parte de você, sem travar uma luta contra elas.

Talvez a fragilidade à que a expressão se refere tenha mais relação com as dificuldades que a pessoa pode sentir na vida quando não tem um relacionamento franco e transparente com suas emoções e nisso concordamos.

3 elementos que dificultam a interação com nossas emoções

Você deve concordar comigo que você não se tornou distante das suas emoções de repente. Isso geralmente acontece gradualmente ao longo da vida. Uma situação seguida da outra com foco em afazeres, metas, desempenho e pouca atenção ao que se sente. Pois é, observe: não é que você não aprendeu a reconhecer suas emoções e levá-las em conta no seu dia a dia, na verdade, você desaprendeu.

Quando crianças, nossas emoções são nossos principais guias para nossas escolhas e movimentos na vida. Buscamos o que precisamos e nos afastamos do que não contribui com o nosso desenvolvimento. Precisaríamos aprender como o mundo funciona e interagir com as adversidades, mas não aprendemos como fazer isso sem afastar nossas emoções e sentimentos do campo de visão. E é de se esperar que este ciclo se repita, a menos que nós adultos retomemos nosso contato, interação e compreensão das nossas emoções.

Mas o que dificulta nossa interação com as emoções? Veja estes 3 pontos:

1. Medo: Passamos muito tempo ouvindo que chorar é sinônimo de fraqueza ou que sentir raiva é sinal de descontrole, entre outros significados adquiridos. Aos poucos, vamos desenvolvendo medo de que as emoções apareçam. Inclusive muitas pessoas chegam aos consultórios de Psicologia pedindo ajuda porque “estão sentindo” x, y ou z sentimentos, como se sentir fosse algum problema, percebe? Se você se identifica com esse item, quando o medo aparecer, lembre-se de que suas emoções são um dos elementos que o tornam humano, não as afaste, busque compreender o que elas significam, o que querem lhe dizer sobre seu movimento na vida.

2. Excesso de pensamentos: preste atenção no volume de pensamentos que giram na sua cabeça todos os dias, horas, minutos. Se existisse um aplicativo que registrasse cada um deles e lhe mostrasse no fim do dia, aposto que seria um volume inimaginável. O pensamento é uma das funções cognitivas mais estimuladas pelo contexto acelerado em que vivemos. São coisas a fazer, ideias, suposições, antecipações, preocupações que nos levam a sofrer pelo que nem sequer existe, nos lançando para o futuro ou nos mantendo no que já passou. Um processo ininterrupto que gera emoções dolorosas como a angústia ou a ansiedade. Assim podemos nos tornar emocionalmente mais sensíveis e suscetíveis a explosões emocionais apenas pelo excesso de pensamentos. Então, se você percebe que seu pensamento se acelera, um processo de psicoterapia pode ajudar a transformar este funcionamento.

3. Autocrítica: Um dos principais conteúdos dos pensamentos excessivos é a autoexigência. São julgamentos e avaliações constantes que você faz sobre si mesmo de um modo que o faz sentir insuficiente, inadequado. A autocrítica pode inclusive levar ao medo de tentar, para evitar falhas e erros. A vida pode se restringir consideravelmente a ponto do isolamento e da baixa autoestima. Estes três elementos caminham juntos: o excesso de pensamentos desencadeia o medo e vice e versa e, quando o tema é você mesmo, a autocrítica pode se juntar a este processo, desencadeando verdadeiras crises emocionais, muitas vezes compreendidas como fragilidade.

Estes processos, no entanto, podem ser transformados quando no lugar de tentar nos afastar das nossas emoções, decidimos nos aproximar delas. Vamos explorar esta possibilidade a partir de agora.

Como lidar com as emoções?

Quando entramos neste ciclo de medo das emoções, excesso de pensamentos e autocrítica, é muito comum que busquemos nos atarefar ao extremo para tentar fugir. E esta é apenas uma das inúmeras estratégias que as pessoas usam para fugir das emoções ou tentar controlá-las. Mas é evidente que esta não é uma estratégia possível por muito tempo, já que ela pode levar a quadros de estresse, Burn Out, entre outras dificuldades psicológicas que levam ao sofrimento emocional.

Então, estratégias de fuga não funcionam por muito tempo, assim como a tentativa de controle também não se mostra eficiente. Tentar controlar as emoções é como tentar bloquear a passagem de um rio, que até pode ser desviado mas não pode ser interrompido. Mais cedo ou mais tarde ele vai encontrar o mar.

Agora pensem comigo, se usássemos toda a dedicação que aplicamos nessas tentativas de controle, só que, desta vez, direcionadas para aprender a interagir com as emoções e compreender as experiências que geram as emoções? É uma potencialidade intensa, somos criativos e temos condições de incluir nossas emoções em nossas vidas, mais do que imaginamos. Precisamos aprender a reconhecer limites, dores emocionais, respeitá-las e, porque não?, comunicar e agir a partir do que aprendemos com elas.

Se olharmos por este ângulo, precisaremos reconstruir os significados das expressões que usamos. Há momentos em que manifestar as emoções é um ato de profunda coragem e não há nada de frágil nisso. Mas, atenção!, seus processos emocionais precisam ser compreendidos! Quando vivemos repetidas experiências de expressão emocional intensa e precisamos nos afastar das situações sem compreender os significados envolvidos, é como ter um alarme soando e não verificar o que está acontecendo. É por isso que a busca por resistência ou controle emocional deveria ser substituída por consciência emocional. A fragilidade emocional, na verdade, deveria se chamar escassez de recursos para lidar com as emoções. E essa última é perfeitamente possível de ser desenvolvida.

Se mesmo diante dessas reflexões você estiver com dificuldade de lidar com suas emoções, saiba que compartilhar seus sentimentos pode ajudar e muito! Um processo de psicoterapia é um recurso propício para aprender a interagir com suas emoções a favor do seu crescimento e realização pessoal. Se desejar conversar com uma psicóloga da nossa equipe, clique aqui.

E obrigada por acompanhar nosso Blog!

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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