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Como se desprender do passado?

Estes últimos anos não têm sido fáceis! Os dias são estranhos, com muitos desafios, oscilações de percepções e sentimentos. Sinto que a instabilidade da vida está sendo escancarada cada vez mais: quando pensamos que algo de normalidade está ressurgindo, chegam mais mudanças e outras perdas.

Com os desafios que a vida tem trazido, ficam mais evidentes os conflitos emocionais em todos e as dificuldades exigindo mais adaptações e energia para darmos conta da realidade. O que será que podemos fazer para enfrentar os desafios da vida e fazê-la valer a pena? São estas perguntas que nortearam as ponderações deste texto, o convido a refletir comigo. Para isto, passaremos pelos seguintes itens:

-Um jeito de viver no passado e no futuro;

-Pare de brigar com o tempo;

-Conectando-se ao presente;

Um jeito de viver no passado e no futuro

A forma como a maioria de nós, na nossa sociedade, vive é voltada a estar produzindo, mantendo-nos ocupados, avaliando e explicando as experiências. Este jeito faz com que estejamos problematizando o passado e correndo para um futuro ideal que precisa ser alcançado. Esta forma de viver demonstra o que significa não ser e estar presente, pois quando você não se sente presente, você se torna uma vítima do tempo, sentindo-se impotente diante da vida.

Neste jeito de viver, nossos pensamentos estão focados no passado ou futuro, criando um looping de questionamentos relacionados com o que foi vivido, o que poderia ter acontecido, o que você pensou que aconteceu versus o que realmente aconteceu. Os pensamentos também podem ser relacionados ao futuro, criando cenários e preocupações com os questionamentos ‘o que será que vai acontecer?’, ‘Se fizer isso, gerará tal coisa’, ‘E se… poderia alcançar tal coisa’…

Nosso normal, socialmente construído, é perceber em nossas mentes um ruminar contínuo e negativo sobre o passado ou ficar ansioso e com medo do futuro. Dificilmente estamos totalmente no “aqui e agora”, no presente da relação, isso gera dificuldades pessoais e relacionais. Estar no presente nos faz acessar, com mais clareza, nossas sensações e traz uma consciência do real, facilitando a compreensão em nós mesmos e do que se passa na realidade.

Pare de brigar com o tempo

Os hábitos rapidamente se tornam um padrão não questionável, muitas vezes inconsciente, e só porque estamos acostumados a fazer algo regularmente não significa que seja bom para nós ou a maneira certa de se viver. Uma maneira fácil de quebrar o hábito de sentir-se impotente diante do tempo é identificar o tempo pelo que ele é. O tempo é um conceito humano, é uma medida que usamos como ponto de referência para organizarmos nossas vidas e registrar a história.

O tempo é uma ilusão, o que torna ser controlado pelo tempo um tanto delirante. O passado não existe e nem o futuro. A única referência verdadeira que temos para este momento no tempo, e para isso que chamamos de “existência”, é um sentimento de presença, de estar aqui neste corpo, de ver o mundo através destes olhos.

Isso é tudo o que deve existir, porque é isso o que você sente agora. Você não pode sentir o passado ou o futuro, mas você pode sentir o que é pegar em algo agora, o que é ver algo, o que é ouvir algo nesse instante.

O conceito de tempo nos leva a uma preocupação com seu desperdício, nos impedindo de aproveitar essa “presença”. Perceba que ser uma vítima do tempo o leva a experienciar uma sensação constante de mal-estar, que indica que você não está vivendo nenhum tempo realmente, pois desperdiça o agora e se preocupa com o que viveu e o que irá viver. Desta forma, você estará mais suscetível ao estresse, agitação e sentir-se geralmente desconfortável na vida.

Não há sentido em lutar contra o tempo. Permita-se viver o agora!

Conectando-se ao presente

O primeiro passo para se reconstruir hábitos é o estar consciente da necessidade de mudá-lo, abrindo-se para compreendê-lo e efetivar mudanças. Seguem algumas dicas para reconectar-se com o presente:

Pare de tentar evitar as emoções: A tristeza, a ansiedade, e todos os sentimentos fazem parte da vida. Tentando evitá-los, você se preocupa e se fixa nele. Você acaba ficando triste por estar triste, por exemplo. Permita-se sentir o sentimento, acolhê-lo como algo seu e humano e tentar compreendê-lo.

Não justifique suas emoções: complementando o item acima, as emoções são diferentes de explicações, não conseguimos explicá-las. Abrace-se e aprenda seus significados.

Evite suposições: Perceberam que os pensamentos automáticos de julgamentos e explicações nos atrapalham? Preocupar-se também está nos itens que nos afastam de nós mesmos, pois entramos em modo de nos defender das possibilidades, tentando controlar os inúmeros cenários irreais que criamos em nossa mente.

Desacelere! O jeito corrido do nosso cotidiano faz com que o jeito automático, e sem presença, impere em nossa vida. É necessário ouvir-se, perceber-se para conectar-se com o agora. Crie tempo de parar e refletir sobre quem você é, sua vida e suas escolhas!

Cuide das pessoas e relações: Estar com outros e os perceber nos remete a quem nós somos também, porque vamos nos conectando com a percepção do que sentimos e como nos comunicamos. Conviver com outras pessoas também nos ajuda a sair do automático, pois temos que as considerar em nossas ações.

Compreenda e aprenda com seus erros: Quando erramos, geralmente explicamos automaticamente o porquê dos mesmos e tomamos atitudes rapidamente para construir uma nova realidade. Compreender nossas intenções e aprender o que fez e o que não fez sentido diante das escolhas falhas é importante para não cometermos os mesmos atos e nos relembrarmos que somos seres humanos, em processo de crescimento.

Seja grato pelo agora, pelo hoje: A gratidão libera hormônios, como a ocitocina e a serotonina, que promove a sensação de felicidade, gerando mais foco e bem-estar. Portanto, o valorizar o hoje pode trazer mais felicidade do que sonhar com o amanhã!

Lembre-se que é você quem dá o tom para suas relações e sua vida! Temos, a partir de nossas escolhas, o poder de ir para as relações com a intenção de fazê-las serem construtivas. Onde quer que você esteja, comprometa-se a estar lá completamente. A vida vai tomando seu sentido a partir das suas presenças!

Enfrentar os desafios da vida não é fácil, mas pode ser mais leve essa jornada se contar com a ajuda de profissionais qualificados para acompanhá-lo na construção do presente significativo! Se você precisar de auxílio na construção de uma vida significativa a Psicoterapia presencial ou a Consulta Psicológica on-line pode ajudá-lo a encontrar a melhor forma de lidar com sua dificuldade! Clique aqui e converse com uma de nossas psicólogas para conhecer mais e entender o que faz sentido para você.

Juliana Fitaroni

Juliana Fitaroni

Psicóloga, CRP 18/02964

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