De uma coisa tenho certeza: você, eu, todos nós já nos sentimos frustrados em algum momento da vida. Mas o X da questão é se aprendemos a conviver com esse sentimento ou não. Você considera que sabe lidar com suas frustrações? Mesmo se sua resposta for sim ou não, já ficou claro que a frustração é um sentimento que faz parte da nossa vida. Então vamos entender:
- O que é o sentimento de frustração?
- Que tipos de frustração existem?
- Quando a frustração pode se tornar prejudicial?
- 3 dicas que podem ajudar a conviver com as frustrações.
O que é o sentimento de frustração e que tipos existem?
O sentimento de frustração é aquele estado emocional de impotência e desânimo associado à algo que você desejava e não alcançou. É um sentimento que expressa o pesar de uma expectativa que não se realizou e que geralmente faz as pessoas questionarem suas capacidades, habilidades e condições em busca de explicações para a decepção sentida.
A frustração pode ser seguida de um processo de aceitação e reconhecimento daquela realidade irrefutável ou pode ser seguido de um sentimento de indignação e revolta, onde a pessoa protesta em busca de alguma reparação da sua frustração. Estes sentimentos posteriores, estão geralmente associados a forma como a pessoa aprendeu a lidar com as suas frustrações ao longo da vida, mas, também podem estar associados ao tipo de frustração vivenciada e ao significado que ela teve na sua vida.
Vamos entender alguns tipos de frustrações possíveis:
– Frustração fruto do desenvolvimento humano
A Frustração faz parte do desenvolvimento da própria história da humanidade. Isto porque ela nos ajuda a reconhecer o fluxo contínuo de mudanças e adaptações em que estamos inseridos. Por exemplo: quando a criança aprende a engatinhar, inicialmente é uma conquista e pode gerar um sentimento de realização prazeroso, mas passam-se alguns meses e a expectativa é de que ela aprenda a caminhar. Bem este é um sentimento de frustração que as crianças experimentam, as conquistas do desenvolvimento não acabam em si mesmas, elas se seguem em aprimoramentos constantes. Aprendemos que não basta nos adaptarmos à fase conquistada, precisamos alcançar a próxima. E o sentimento de conquista, quando conseguimos, é profundamente prazeroso e realizador. Então vamos aprendendo que a frustração amarga e que, por outro lado, a conquista realiza.
Este processo se repete em cada desafio do desenvolvimento humano. Com isso vamos, naturalmente, aprendendo a querer mais e mais realização e a frustração pode se tornar um sentimento a ser evitado. Este seria um jeito de lidar com a frustração que pode gerar sofrimento no futuro. Visto que ela vai nos acompanhar ao longo de toda a nossa trajetória, precisamos aprender a conviver com ela.
– Frustração por uma expectativa não alcançada
Enquanto caminhamos pela trajetória da vida, naturalmente, vamos construindo projetos, planos, sonhos e seguimos em busca de realizá-los. Nessa busca, nos esforçamos mais ou menos, dependendo da forma como fomos lidando com esse processo ao longo da vida. E este pode ser um fator que influencia na forma como lidaremos com a frustração. Quando reconhecemos que um plano pode ser muito difícil, geralmente nos esforçamos mais, quando ele não é um grande desafio nos esforçamos menos. E quando ele não se realiza, pode ser que nos sintamos ainda mais frustrados se o esforço tiver sido maior. Exemplos de frustrações mesmo com grande esforço acontecem nos esportes, no treinamento incessante dos atletas seguidos de competições com poucos ganhadores.
Mas há ainda outro fator: as projeções de futuro. Se estas projeções são encaradas como fatos, sem cogitar que eles podem não se realizar, podemos ter maior dificuldade de aceitar a frustração. O que estas expectativas frustradas nos ensinam é que, mesmo com esforço, e ele é de fato necessário, e mesmo que tenhamos projetos definidos, e eles também são necessários, nenhum futuro está presumido, ou seja, sempre há possibilidade de frustração, e precisamos incluir isso em nossas compreensões do fluxo da vida.
– Frustração em relação ao outro
Até aqui exploramos alguns aspectos da frustração em relação a si mesmo, mas e quando a frustração está relacionada à outra pessoa? Pois é, este tipo de frustração é bem comum em relações amorosas, por exemplo. Quando nossos projetos de vida envolvem outras pessoas, é comum que estas pessoas sejam incluídas em nossas projeções de futuro. A grande questão envolvida nisso é que se a vida já é imprevisível, quem dirá a trajetória de outra pessoa, com suas aspirações, dificuldades e trajeto próprios.
Isso quer dizer que esperar de alguém determinado jeito de ser é uma probabilidade considerável de frustração. Um bom recurso para minimizar essas idealizações é o diálogo sincero e transparente e o compartilhamento dos sentimentos e desejos quando eles envolvem o outro. Mas vale lembrar a nossa impossibilidade de controlar o fluxo das circunstâncias da vida mesmo que combinados tenham sido feitos.
Quando a frustração pode se tornar prejudicial?
Se a frustração faz parte de diversos processos das nossas vidas, fica evidente que aprender a conviver com ela é um desenvolvimento necessário para encarar as circunstâncias da vida com maturidade emocional. Mas essa aprendizagem não costuma ser o foco das nossas relações pessoais ao longo da nossa formação humana.
Com frequência o que aprendemos a desenvolver são idealizações de um futuro melhor. Aprendemos também que basta nos esforçarmos para conseguirmos atingir nossos ideais e que, se não os atingirmos, provavelmente será porque não nos esforçamos o suficiente. Ok, isso pode ser verdade, podemos desistir pelo caminho, mas isso não é a única razão para nos sentirmos frustrados. Então, esta ideia é uma daquelas que faz com que o sentimento de frustração se torne prejudicial, isso porque seu significado fica associado ao fracasso e, com isso, surgem os sentimentos de incapacidade, de menos-valia e de autodepreciação.
Outra questão que também pode se tornar prejudicial é a permanência do sentimento de impotência, desânimo ou indignação, fruto da frustração. Está certo que iremos entrar em contato com esses sentimentos inevitavelmente toda vez que nos sentirmos frustrados, mas a questão é: por quanto tempo? Quando o desânimo chega e fica, ele pode começar a atrapalhar o nosso dia a dia de tal modo que acaba desencadeando alterações de saúde mental.
Este processo pode ser descrito como baixa tolerância à frustração, onde as pessoas sentem dificuldade de encontrar formas de lidar com as adversidades, sem que a vida se torne a frustração em si. Quando a exposição à frustração foi muito intensa, repetitiva ou quando a pessoa não conseguiu ressignificar a experiência, ela pode passar a evitar situações de desafio ou onde haja algum risco, na tentativa de não se frustrar novamente, mas acaba vivendo de forma cada vez mais disfuncional e distante da realização pessoal. Estas pessoas podem estar precisando de ajuda para desenvolver maior resiliência e recursos para reconhecer as aprendizagens fruto dessa experiência.
3 dicas que podem ajudar a conviver com a frustração.
Se você leu até aqui e se identificou com alguma destas frustrações, estas 3 dicas podem ser úteis:
1. Reconhecer o estado de fluxo da vida: se você observar a sequência de ciclos da própria vida, vai encontrar frustrações em todos eles. Então, reconhecer que a vida é um fluxo constante de mudanças que não está sob seu controle pode ajudar a estar mais disponível quando eventuais frustrações chegarem.
2. Desenvolver acolhimento para o sentimento de frustração: quando você reconhece que frustrações vão acontecer ao longo da vida, tende a não tentar a todo custo evitá-las. Assim você pode acolher a sensação de impotência e o desânimo que vem junto com ela pelo tempo que for necessário até você sentir que já está na hora de reconhecer o que aprendeu com essa experiência e se disponibilizar para voltar a se mover em direção a sua realização.
3. Encontrar os próximos passos: reconhecer que passamos por outras frustrações e desenvolver recursos para lidar com elas, nos faz reconhecer que mais importante do que tentar controlar o inevitável, é aprimorar nossa capacidade de enfrentamento das adversidades. Este reconhecimento muda o foco da nossa trajetória e é capaz de nos fortalecer para as frustrações futuras.
Bem, mas se ainda assim você sente que está com dificuldades de gerenciar seus processos de frustração, você não precisa viver isso sozinho. Clique neste link, converse com uma das nossas psicólogas e descubra como as consultas psicológicas podem ajudar.