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Por que eu sinto a necessidade de agradar a outros?

Quando foi a última vez que você conseguiu dizer a alguém “Não, eu não posso lhe ajudar com isso” ou se posicionou com uma opinião diferente das dos demais?

É uma necessidade humana desejar ser amado e aceito por outros, porém isso começa a trazer problemas quando a vontade de agradar a outros é tão forte que anula sua identidade e desejos, com o objetivo de ser reconhecido.

Para compreendermos as características que ultrapassam um limite saudável de querer ser reconhecido por outros, passaremos pelos seguintes pontos:

– O que é a necessidade de agradar aos outros?

– Identificando a necessidade de agradar aos outros

– Como lidar com a necessidade de agradar aos outros

– Um novo jeito de se perceber e agir

O que é a necessidade de agradar a outros?

A necessidade humana de agradar é na verdade originada da necessidade de pertencimento. O pertencimento se faz imperativo desde a Pré-História, pois para sobreviver “o homem das cavernas” percebeu que formar grupos ou tribos oferecia uma maior proteção contra predadores e o compartilhar tarefas, como cuidar do fogo e caçar, fazia que a sobrevivência fosse maior. Perceba que desde aquela época, se você não fosse aceito pelo grupo, havia uma alta probabilidade de morrer de fome ou ser comido por um animal selvagem.

Embora seja muito mais fácil na modernidade viver uma vida solitária, ela se torna vazia. A maioria das pessoas quer pertencer e formar relações duradouras. Consideramos muito doloroso sermos rejeitados ou criticados por outros, evitamos e temos medo de estar sozinhos, porque estar sozinho geralmente significa para a sociedade ser uma pessoa inadequada ou desagradável. Portanto, para nos afastarmos dessas possibilidades, vamos ao extremo: o agradar aos outros para evitar rejeição ou abandono, evitando a todo custo estar sozinho.

Aprendemos desde a infância que é importante nos preocuparmos com os outros, ser educado e gentil. Será que isso é errado? Como sempre, o problema está no equilíbrio disso: sim, vivemos em uma sociedade onde devemos respeitar a todos, porém não devemos nos esquecer e nos anularmos para sermos considerados.

O jeito que somos ensinados é que só somos amados se formos “boas pessoas”, e esse ser uma boa pessoa tem diversas concepções, mas em geral é: não contrarie ou discuta com pessoas com opiniões diferentes, não expresse seus sentimentos para não incomodar o outro, entre outros. Quer um exemplo disso? Na maioria das famílias, quando se vai visitar a casa de familiares ou conhecidos é passado recomendações às crianças para serem educadas e comerem tudo o que for oferecido pelos anfitriões, sem reclamar, mesmo que se deteste algum alimento.

Será que esse jeito de ser, sem poder questionar, recusar algo ou ter medo de rejeição esteve ou está presente em sua vida?

Identificando a necessidade de agradar a outros

Vamos refletir se você apresenta a necessidade de agradar a outros, esquecendo de se priorizar? Vou apresentar abaixo itens para verificar se eles representam seu jeito de se relacionar, responda com sim ou não:

– Sente-se culpado ao dizer um “não”?

– Está sobrecarregado com uma lista interminável de coisas a fazer?

– Preocupa-se com o que os outros pensam sobre você?

Agradar a outros não precisa ser algo para sempre e recorrente, é uma realidade muito comum e pode ser modificada. Então você deve estar se perguntando: por que existe a necessidade de agradar as pessoas? Normalmente, surge a urgência em agradar se estão presentes:

– O medo de ser rejeitado ou abandonado;

– Quando existe a preocupação com o que os outros pensam e sentem sobre você;

Tem medo de dizer não, de estabelecer limites ou de parecer uma pessoa “ruim”;

– Sente necessidade da aprovação de outros;

– Relacionamentos onde se percebe que você “dá mais do que recebe”;

– Se sente sobrecarregado por causa de um senso de responsabilidade pessoal;

– É negligente com suas próprias necessidades, priorizando obrigações ou outros;

– Se sente esgotado tentando cuidar dos outros.

Todavia, nem sempre só existem prejuízos para aqueles que priorizam o agradar aos outros, pois se desenvolve algumas habilidades, que também ajudam na manutenção deste jeito de se relacionar. Algumas das aptidões comuns a essas pessoas incluem:

– Habilidade de perceber o clima das relações;

– Conseguir se misturar e se moldar para se encaixar em um grupo;

Desenvolve-se a compreensão do que outras pessoas pensam, sentem e precisam nas diversas situações;

– O cuidado de outros, antecipando suas necessidades e, em geral, se torna indispensável a outros.

A necessidade de satisfazer aos outros geralmente é uma estratégia desenvolvida para lidar com a falta de segurança e confiança interna em um relacionamento. Embora muitas vezes nos concentremos nos aspectos negativos que vêm com essa postura relacional, ela também tem muitos pontos fortes.

Normalmente, as pessoas desenvolvem conjuntamente à necessidade de agradar a outros, uma ou mais dessas características:

Baixa autoestima;

– Forte necessidade de controle;

– Perfeccionismo.

Sim, nós somos seres relacionais e devemos pensar nas outras pessoas, nos preocuparmos com seus sentimentos e necessidades. No entanto, não devemos apenas nos preocupar com os outros e minimizar ou suprimir nossos próprios sentimentos e necessidades.

Você é tão como importante como todos os outros. Não conseguimos nos manter bem sem cultivar formas que fomentem nosso bem-estar, por isso é tão importante nos conhecermos, termos consciência das nossas relações e as qualidades presentes nelas.

Ter necessidades é algo normal dos seres humanos: todo mundo tem necessidades. O psicólogo Abraham Maslow define cinco categorias de necessidades humanas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de autorrealização. Elas variam desde itens básicos de sobrevivência, como alimentos, água, roupas, abrigo, sono, para as mais complexas, como as necessidades de pertencimento, de conexão, de afeto, entre outras. Quando não reconhecemos nossas próprias necessidades, não nos movimentamos para satisfazê-las e as consequências vêm: esgotamento físico, fadiga mental, adoecimentos, irritabilidade, tristeza, desesperança.

Você tem atendido às suas necessidades humanas? É muito comum, por causa da correria do dia a dia, não nos cuidamos integralmente.

Como lidar com a necessidade de agradar a outros

Para trabalhar para superar a problemática de agradar aos outros, nós precisamos encontrar um equilíbrio entre agradar outras pessoas, atendendo as necessidades externas, e agradar a nós mesmos, nossas próprias necessidades. Seguem pontos importantes de reflexão:

– Reconheça que as suas necessidades importam tanto como a de outros;

– Perceba pensamentos negativos que lhe fazem duvidar de si e os desafie: não presuma que as pessoas pensam mal de você ou que opiniões diferentes não serão aceitas;

– Se desafie a tolerar o desconforto de ser criticado: opiniões divergentes sempre irão existir;

– Cultive relacionamentos com pessoas que aceitam você por quem você é, que não exijam que você mude seu jeito de ser;

– Busque o autoconhecimento: se permita descobrir o que você gosta, o que você precisa, quais são seus objetivos;

– Identifique seus valores: perceba o que faz sentido para você, seu jeito de ver o mundo;

Viva de modo autêntico: alinhe suas crenças e interesses a seu modo de se comportar;

– Defina limites sem se culpar: lembre-se que limites são necessários a tudo e é um ato de autocuidado;

– Aceite que nem todos vão gostar de você ou serão gentis o todo o tempo;

– Evite ou diminua seu tempo se relacionando com pessoas que sempre te critique;

– Compreenda que você não pode controlar o que os outros pensam de você: só você tem a percepção mais ampla do que vivencia, pensa e sente.

Um novo jeito de se perceber e agir

Como ponto de partida, é necessário o reconhecimento de si mesmo, depois disso as perguntas abaixo vão lhe ajudar a entender seu modo de viver e se relacionar, pensando em novas possibilidades de ação:

– O que preciso para viver e me relacionar melhor?

– Como posso equilibrar as minhas necessidades e a dos outros?

– Como posso expressar minhas opiniões e ideias com mais honestidade?

– Como está a qualidade dos meus relacionamentos?

– Quais são as minhas práticas de autocuidado?

– Quais práticas de autocuidado posso inserir na minha rotina?

Mudanças exigem esforços, por isso, lembre-se que elas não acontecem de uma hora para outra. Geralmente não são fáceis. Perceba se necessita de ajuda para efetivá-las. Por isso, caso queira, você também pode contar com um profissional da Psicologia. Se você estiver sentindo que precisa de uma ajuda qualificada para alcançar novos objetivos, clique aqui. Você vai ter acesso ao WhatsApp para conversar com uma das nossas profissionais que vai orientá-lo a identificar se a Psicologia pode ajudá-lo de alguma forma. Estamos à sua disposição!

Juliana Fitaroni

Juliana Fitaroni

Psicóloga, CRP 18/02964

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