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Como superar o fim de um relacionamento amoroso?

O fim de um relacionamento é uma das experiências mais dolorosas da vida, concorda? Surpresa, desespero, tristeza, desesperança, medo, raiva, solidão, vazio são só alguns dos sentimentos que experimentamos quando estamos nos despedindo de um grande amor. Mas como lidar com os ciclos e intensidades desses sentimentos? É sobre isso que vamos falar nas próximas linhas:

  • O Primeiro Impacto do Fim
  • 3 Aspectos do Processo de Despedida
  • Ressignificação e Recomeço

Mas antes de passarmos por esses três pontos no texto, acompanhem-me em algumas constatações iniciais:

Ok, é verdade que ninguém entra em um relacionamento querendo que ele acabe, mas também já faz algum tempo que não entramos em novos relacionamentos com aquela certeza cega de que durarão para sempre, não é? A expectativa era essa décadas atrás, mas hoje, ao menos algum aspecto da nossa consciência tem certa noção do desafio que é construir uma vida a dois, principalmente em tempos em que as mudanças acontecem de forma acelerada.

Nós mudamos, e muito, ao longo da vida, assim como nosso jeito de viver. Aprendemos coisas novas, desenvolvemos novos pontos de vista e até nossos gostos vão se modificando. E harmonizar nossas mudanças com as de quem amamos nem sempre é possível. Muitas relações deixam de fazer sentido e acabam chegando ao fim. Bem se você ainda não fez sua escolha, talvez vá gostar de ler isso.

Mas, se de fato a relação acabou, isto não quer dizer que esta noção garanta que estamos nos preparando para as despedidas dos relacionamentos se elas chegarem, não é? Arrisco dizer que no ocidente do séc. XXI temos considerável dificuldade de lidar com as despedidas.

O Primeiro Impacto do fim

Quando você reconhece que, de fato, a relação acabou, experimenta uma intensa crise de dor emocional, com choro copioso e a sensação de que um pedaço seu se perdeu. Crises como essas variam em intensidade e duração. Quanto mais inesperada é a perda maior a intensidade da crise. Outros aspectos também influenciam na intensidade, como as expectativas envolvidas na relação, filhos, vida financeira. Assim como o motivo do fim: se a decisão partiu de ambos e ou de um membro do casal, se os sentimentos acabaram ou se permanecem, se houve traição ou não.

Além da crise do impacto inicial, mais alguns ciclos se seguem, mas tendem a diminuir em intensidade com o tempo, assim como se tornam mais espaçadas, pode acreditar! Já percebeu que estamos descrevendo um processo de luto não é?. Tem uma passagem de Didion (2006, p.30) em seu livro “O ano do pensamento mágico” que descreve o sentimento de perda e do processo de luto de uma forma que, se você estiver vivendo algo semelhante, vai se identificar:

“O sofrimento não pode ser medido em distâncias. Ele vem em ondas, como num acesso, um ataque, em súbitas apreensões que enfraquecem os joelhos, cegam os olhos e transtornam o cotidiano da vida da gente.”

É, o impacto deixa mesmo os sentidos e a vida embaralhados por um tempo. E, como todo processo de luto, passamos por fases de elaboração da perda, que envolvem sentimentos ambíguos, de falta e raiva, de querer seguir em frente e, por outro lado, ansiar por um possível retorno. É um processo que atravessa a vida em muitos aspectos e, na maioria das vezes, o que desejamos, na verdade, é tentar evitar. Nos perguntamos: “Até quando ainda vou ter crises de choro? Quem sou eu agora, depois dessa relação?” E muitas pessoas ao nosso redor também vão na mesma direção, nos aconselhando a tentar não sentir. Ouvimos conselhos que nos incentivam a tentar esquecer, encontrar uma nova pessoa o quanto antes e outras coisas semelhantes.

No entanto, é consenso entre os principais estudiosos sobre os processos de luto (John Bowlby, Elizabeth Kubler-Ross, Colin Murray Parkes) que, para superar o luto é preciso vivenciá-lo, com toda a sua intensidade e ambiguidade de sentimentos em suas sucessivas fases. Só então é possível ressignificar as experiências e reorganizar a vida para o que estiver por vir.

Aspectos do Processo de Despedida

Neste ponto você já deve estar sentindo que se tem um luto em aberto de uma relação que acabou, ele precisa ser vivido. Mas por onde começar não é mesmo?

Este é um daqueles momentos da vida em que nos parece que o que há do lado de lá da porta da despedida parece algo muito doloroso e ainda pior do que o que estamos vivendo. Mas, com frequência, observo pessoas descobrirem que as dores do processo de despedida não são maiores do que as que já estamos vivendo ao tentar evitar o luto, pense nisso!

Decidir ir adiante e encarar o que tiver para ser vivido requer coragem. Então observe a seguir três aspectos que fazem parte do processo de luto segundo Parkes (1998). Conhecer o processo pode ajudar a reunir forças para despertar sua coragem:

1. A Reação Inicial

Inicialmente, a reação é de alarme, ansiedade, inquietação e reações fisiológicas que acompanham o medo. Uma mistura de raiva e de culpa pelos episódios que levaram ao fim do relacionamento. Nestes momentos as pessoas podem ter reações de fúria e crises de choro copioso.

2. O Pesar, o Anseio e a Procura

O sentimento de pesar pelo futuro da relação que presumíamos que existiria deixa a cognição turva a tal ponto que nos vemos procurando encontrar ou ter notícias da pessoa de alguma forma. Nestes momentos, as pessoas têm a nítida sensação de que a qualquer momento o outro vai chegar, como se nada tivesse acontecido. E estas sensações se intercalam com momentos de reconhecimento de que a relação acabou. E logo adiante mais um ciclo de anseio e procura. Exemplos disso são os famosos estalqueamentos nas redes sociais e a busca por notícias da pessoa, seguidas de frustrações.

3. A transição Psicossocial

A sensação é de que a vida como era conhecida não existe mais. É como se a pessoa estivesse em reconhecimento de um mundo desconhecido, preenchida por uma sensação de vazio. Os hábitos e as relações não são mais os mesmos. Este é um processo que sai da negação, desamparo e desesperança, passa pela aceitação da separação e, enfim, começa a reconfigurar seu modo de viver. Há uma reconfiguração de aspectos da identidade pessoal, dos projetos de vida e da compreensão de mundo.

Ressignificação e Recomeço

Estes três aspectos que você acabou de ler não são necessariamente sucessivos, podem se alternar nos ciclos do processo de luto. Mas, lembre-se destes dois pontos:

  • Nos momentos em que a raiva estiver mais intensa, você vai lembrar das mágoas, dos sentimentos hostis que trocaram e de todos os motivos que levaram à separação. Nesses momentos, é como se o amor e a parceria nunca tivessem existido.
  • Por outro lado, nos momentos de anseio e procura os sentimentos e pensamentos que predominam são a saudade, o arrependimento e o desejo de reaver os aspectos prazerosos da relação que existia, como se os desacordos e desagrados não tivessem existido. É neste ponto que acontecem as recaídas.

Isso faz com que uma das principais tarefas da superação do fim de um relacionamento seja a integração de todos os momentos que construíram a história do casal enquanto durou, os agradáveis e os desagradáveis. Esta integração nos auxilia a ressignificar nossa história e a transformar, pouco a pouco, o pesar em nostalgia, afinal, aquelas lembranças do que vocês viveram não podem ser apagadas e fazem parte de quem você é hoje.

Viver o fim de um relacionamento requer uma rede de apoio com quem você possa ter longas e repetidas conversas e com quem você possa se sentir acolhido. Além disso, você também pode contar com um profissional da Psicologia. Se você estiver sentindo que precisa de uma escuta qualificada, clique aqui. Você vai ter acesso ao whatsapp para conversar com uma das nossas profissionais que vai orientá-lo a identificar se a Psicologia pode ajudá-lo de alguma forma. Seguimos por aqui à disposição!

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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