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Como melhorar a comunicação com meu filho adolescente?

A adolescência é conhecida por ser uma fase de afastamento dos pais. A comunicação certamente sofrerá mudanças e nem sempre saberemos o que fazer para nos aproximarmos. Como não se afastar dos filhos nessa fase? O que fazer para melhorar a comunicação?

Muitos pais encaram a adolescência como: “é uma fase, espere passar, na minha época ninguém fez nada e eu estou aí”. De fato, é uma fase e muitas transformações e amadurecimentos estão por vir. Podemos encarar por essa perspectiva e “deixar rolar” sem aprender com esse momento, mas, se tivermos disponibilidade, podemos também reconhecer que se nossos pais tivessem se comunicado melhor conosco, muitas emoções e dificuldades vividas poderiam ser diferentes. Então, se você estiver disponível para seguir seu processo de desenvolvimento junto com seu filho, vamos juntos refletir sobre como melhorar a comunicação entre vocês? Para isso vamos passar pelos seguintes pontos:

– A fase da adolescência;

– Reflexões importantes para antes da comunicação;

– Reflexões importantes sobre a sua comunicação.

A fase da adolescência

Para ampliar sua comunicação com seu filho é importante entender que momento da vida é esse que ele está vivendo. A melhor forma de fazer isso é trazer suas lembranças e visitar como era sua adolescência. Conseguiu lembrar? Vou te ajudar com o seguinte trecho:

Imagine estar em um momento em que a sua vontade de liberdade é imensa, o desenvolvimento de uma identidade é urgente e a força da autonomia grita, mas, também, não tem ideia de como fazer isso acontecer! Afinal, acabou de sair da infância, está passando por despedidas de alguns ideais e dando boas-vindas a novos sonhos, precisando construir a noção de como ser responsável por eles no meio de um turbilhão de sentimentos.

Lembra agora como era uma fase intensa?

Sim, é uma fase muito crucial para ser vivida sozinha, um momento em que as companhias são preciosas, nossas amizades dessa fase ficam marcadas para sempre e as pessoas que passam por nós e nos entendem também. Requer companhia, conversas, colos para todas as descobertas que estão se abrindo.

Agora olhando para você, enquanto mãe e pai deste adolescente, também está passando por situações intensas com ele, não é? Está se despedindo do filho criança e das expectativas que muitas vezes caem por terra sobre quem seu filho é. Então, que tal encarar a adolescência do filho como um momento em que você pode repensar, aprender e ressignificar muitos conceitos que seu filho está descobrindo pela primeira vez agora e num momento muito diferente do que você viveu?

Com esse mergulho sobre a fase do seu filho e a sua podemos conversar sobre a comunicação de vocês, mas, antes de tudo, alguns lembretes importantes:

– A relação de vocês é única e não existem fórmulas para se chegar em um lugar ideal, por isso propus reflexões que podem ajudá-lo a ter mais consciência de vocês dois na comunicação e evitar muitos entraves automáticos.

– Não espere que não existam conflitos, eles existem e são importantes! Lembrem, é uma fase de mudanças, novas perspectivas e muitas emoções, então, como passar sem discordâncias, não é mesmo?

– E por último: estas reflexões vão ajudá-lo a reconhecer-se em outras relações, afinal, a comunicação e os entraves dela existem em qualquer fase da vida.

Reflexões importantes para antes da comunicação

Geralmente, conversamos sobre questões da comunicação que acontecem durante uma conversa, mas não percebemos que antes de conversar existem diversos elementos que influenciam a comunicação.

Veja alguns dos que podem otimizar sua percepção da comunicação com seu filho e ajudá-lo a agir no seu tempo:

Certifique-se da sua vontade de conversar:

Você já percebeu que não é sempre que estamos disponíveis para uma conversa? E dificilmente estamos atentos a isso: marcamos compromissos sociais quando o que queremos mesmo é dormir; puxamos assunto e perguntamos quando nossa cabeça está em outro lugar: digerindo algo do trabalho, do casamento ou ainda tarefas da casa…

Quando estamos numa conversa sem vontade e disponibilidade para interagir, a chance de ela ser afetiva é muito pequena. Cabe sempre nos perguntarmos: quero conversar agora com meu filho? Estou disponível para estar nessa conversa de forma presente?

Estas perguntas respeitam você e seu tempo e também seu filho que te sentirá presente quando a resposta for “sim”.

Como realmente escutar o que o outro tem para nos dizer?

Além de estarmos disponíveis para um momento de interação, ainda existe outra questão na comunicação: a disponibilidade para escutar o que o outro está dizendo. Nem sempre percebemos, mas, na grande maioria das vezes, vamos para uma interação com uma ideia fixa e no fundo não estamos preparados para escutar como a outra pessoa está se sentindo e o que está pensando.

Em se tratando de adolescentes, geralmente eles nos surpreendem, sabia? Porque seu jeito de pensar e sentir é muito diferente dos adultos, além de, claro, serem pessoas diferentes de nós.

Então vale nos perguntarmos: estou disponível para escutar o que meu filho está sentindo e pensando?

Demonstrar respeito e interesse faz com que seus comentários e orientações possam vir depois de você entender o que seu filho está elaborando e pensando. Para isso, abrir mão de certezas, regras e padrões morais fazem parte desse momento para poder compreender o que o outro quer dizer e qual sua perspectiva. Lembre, ele está construindo sua forma de ver o mundo.

Nessas reflexões inclua uma outra pergunta que envolve autoconhecimento: todos nós temos limites, quais os seus? Reconheça os seus limites sobre assuntos e sentimentos que você tem dificuldade de conversar e podem causar entraves na relação.

Harmonizar percepções diferentes:

Quando olhamos para esta etapa antes de iniciar uma interação, parece a mais difícil de todas: como vou encontrar um jeito que inclua o desejo e a percepção do meu filho e a minha? Como vou conseguir considerar o que meu filho está dizendo e ainda dizer os “nãos” que são minha responsabilidade como orientador?

É difícil reconhecermos uma saída para aplicar isso antes de iniciar a conversa ou interação. Mas quando nos entregamos para conversar e escutar, a chance de encontrarmos uma forma de harmonizar o que sentimos é enorme! Nossos jeitos, sentimentos e pensamentos vão sendo apresentados, e tcharam! Chegamos a alguma conclusão juntos!

Então, pergunte-se: estou disponível para encontrar uma saída junto com meu filho?

Reflexões importantes sobre a sua comunicação

As perguntas anteriores já nos localizam em muitas questões, agora vamos falar sobre hábitos que manifestamos em várias relações da nossa vida, que impactam diretamente a comunicação com nossos filhos e que podem, inclusive, ter surgido lá na nossa infância!

Exigências constantes:

Você já percebeu se as frases que fala para seu filho podem parecer uma cobrança? “Vai escovar os dentes”; “Já fez a tarefa?”; “Desliga esse computador”; “Larga desse celular”.

E ainda quando ele vem até você contar algo e em seguida você nem acolhe e já joga uma frase de cobrança: “comeu toda sua comida?”; “já estudou para a prova de hoje?”.

Os exemplos podem ser infinitos, não é? Mas, também, são necessários! Essas frases fazem parte do dia a dia, a questão é quando elas têm mais espaço do que qualquer outra comunicação.

Escuto muito dos adolescentes que desistem e não sentem vontade de ir compartilhar acontecimentos e pensamentos com os pais porque, na maioria das vezes, o que esperam é uma exigência.

Não fazemos isso por mal, estamos ali enquanto pais e orientadores ensinando, educando e ajudando a perceber as responsabilidades e os limites. Mas, muitas vezes, mal percebemos que essas exigências demasiadas sobrecarregam a comunicação e, na verdade, nem surtem efeitos quando chega nesse nível, não é? Tornam-se frases automáticas que só irritam ele e você.

Por isso é importante nos perguntarmos se estamos exigindo o que de fato é preciso e se estamos fazendo isso na hora certa.

Reconhecimento de potenciais:

Muitos pais cresceram sem receber reconhecimento sobre suas atitudes, pois poderiam ficar “folgados”. Isso mesmo, muitas pessoas acreditam que ajudar os filhos a reconhecerem seus potenciais pode contribuir para uma criação sem limites.

Bom, é verdade que elogiar demais faz a pessoa buscar constantemente uma avaliação externa sobre si, mas que tal ajudar seu filho a reconhecer o quanto ele está conseguindo se desenvolver por si mesmo? Isso dá o resultado contrário de uma pessoa sem limites: uma pessoa confiante para se superar cada vez mais, reconhecendo seus pontos fortes e acreditando que é capaz de fracassar e tentar de novo até conseguir. Além do mais, reconhecer o potencial não exclui as orientações, alertas e feedbacks sobre seu comportamento que causam prejuízos para si e para os outros.

Que tal ajudar seu filho a reconhecer seus potenciais?

O que esperamos dos nossos filhos?

Esta é uma pergunta para a qual, geralmente, a resposta é: que eles sejam felizes! Mas sabemos que é comum termos expectativas sobre quaisquer pessoas, imagina em relação a um filho nosso!

Reconhecer o que esperamos e o medo que temos de nossos filhos não serem o que queremos é um passo importante para nos abrirmos e vermos, de fato, quem eles são.

-Quem é essa pessoa que meu filho está se tornando?

É uma pergunta que pode aguçar nossa curiosidade e vontade de conhecermos cada vez mais quem são nossos filhos!

Ao final dessas reflexões podemos ter uma conversa:

– Mais divertida e criativa, sem hora marcada ou assunto sério para ser discutido.

– Em que julgamentos não são bem vindos: seu filho não é seu comportamento. Suas emoções e intenções dizem muito mais sobre quem ele é!

– Sabendo que as discordâncias são bem vindas e saudáveis: ele está desenvolvendo sua identidade, vocês são de gerações diferentes e vivem coisas diferentes, é importante que ele se diferencie de você e perceba que você não é um herói e podem discordar se relacionando com você como outra pessoa como ele.

Ufa! Essas reflexões são intensas, não é? Por isso não esqueça que você não precisa estar sozinho nesse processo de compreensão. Ao olharmos para tudo isso podemos encontrar muitas verdades sobre nós difíceis de digerir. Caso você encontre dificuldades e angústias e queira ajuda, estamos por aqui para uma consulta psicológica seja para você ou seu filho. Clique aqui e converse com uma psicóloga da nossa equipe que pode ajudá-lo a reconhecer qual a sua necessidade.

Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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