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5 pontos fundamentais para desenvolver resiliência

Certamente você já ouviu falar em resiliência alguma vez na sua vida. A resiliência se tornou uma das habilidades humanas mais desejadas em diversos campos das nossas vidas: trabalho, relacionamento e no próprio projeto de vida pessoal. Mas por que ela se tornou nosso foco de desejo? Porque nunca precisamos tanto da capacidade de adaptação, gerenciamento de mudanças e condições de começar de novo diante de adversidades. Se o mundo muda em uma velocidade acelerada, logo, nós também precisaremos nos movimentar e a resiliência pode ajudar.

Para entender essa característica tão revolucionária e saber mais sobre como podemos desenvolvê-la, neste artigo vamos passar pelas seguintes reflexões:

COMPREENDENDO A RESILIÊNCIA:

  • A resiliência na natureza
  • Resiliência como resistência e elasticidade
  • Resiliência como recuperação e superação

DESENVOLVENDO A RESILIÊNCIA:

  • Perceba que você está em constante desenvolvimento
  • Mantenha seu autocuidado
  • Atitude de abertura para a experiência
  • Reconheça o significado das suas experiências
  • Transforme a experiência em aprendizagem

Compreendendo a resiliência

A resiliência é definida pela neurociência como a capacidade de superar situações adversas como obstáculos, mudanças indesejáveis e tragédias. Algumas pessoas têm graus diferentes de resiliência desenvolvidos naturalmente, mas essa é uma capacidade que pode ser aprimorada ao longo da vida de acordo com a forma como a pessoa interage com as novas experiências da sua vida.

Pesquisadores sobre o tema, como Robert Brooks, revelam que pessoas que desenvolvem pensamentos e comportamentos flexíveis enfrentam as adversidades da vida de forma estratégica e com menor impacto prejudicial para sua saúde, relações e prosperidade. Essas pessoas relatam maior sensação de realização e se sentem aptas para lidar com novas adversidades que possam surgir no percurso da vida.

A resiliência na natureza

A primeira vez que a ciência focou sua atenção na resiliência, não foi na área das Humanas, mas sim nas Ciências da Natureza. No início do século XIX alguns pesquisadores da Física, como Thomas Young, descreveram a capacidade de elasticidade de alguns materiais. O foco era o estudo da resistência dos materiais para absorver o impacto ou a pressão, sendo capaz de voltar a sua forma original, sem deformações permanentes. Um exemplo comum de material que usamos diariamente é o próprio elástico que permite ajustar as roupas a diferentes tamanhos de corpo. O elástico contém a combinação entre maleabilidade e resistência que permite voltar à forma original.

Mas, além dos materiais que desenvolvemos com a ciência e a tecnologia, temos diversos exemplos de resiliência na própria natureza. Um deles é o bambu.

Conhecido pela sua dureza e resistência a impactos, sua composição permite, no entanto, que seu caule envergue e balance com intensidade, com o vento por exemplo, sem rachar ou quebrar. O bambu é um ícone da natureza quando o assunto é resiliência.

Tanto que na cultura oriental encontramos cantos com ensinamentos dos grandes sábios referindo-se ao bambu como um exemplo da capacidade humana de resistência e flexibilidade.

Foi nesse ponto que os conceitos de resiliência que vêm da natureza ou da física começaram a circular nas Ciência Humanas. Entre as décadas de 1970 e 1980 houve um movimento intenso da Psicologia Norte Americana no interesse sobre a resiliência. Werner e Smith (1989) realizaram uma pesquisa longitudinal, acompanhando por anos algumas crianças desde o nascimento e descreveram a capacidade de adaptação das crianças às mudanças e suas habilidades de enfrentamento das adversidades.

A partir desse período, a resiliência passou a ser um foco na Psicologia em todo o mundo como a habilidade que, quando desenvolvida, tem grande impacto no combate ao estresse e contribui para o bom desempenho das pessoas diante de desafios. A resiliência seria o elemento que, de uma maneira simbólica, foi chamado de “imunidade mental”.

Mas, atenção, é claro que ela não é a “pedra filosofal” ou o “elixir mágico” que combate todos os males. Hoje entendemos que a resiliência pode ser um importante elemento da subjetividade humana para manter nossa saúde mental e ajudar em nosso processo de desenvolvimento nesse complexo mundo em transição em que estamos inseridos.

Resiliência como resistência e elasticidade

Resgatando algumas características dos materiais e correlacionando com a subjetividade humana, encontramos os componentes: resistência e elasticidade. Em um primeiro contato podem parecer capacidades contrárias entre si, já que resistir significaria algo semelhante a “impedir a invasão”, “suportar impacto” ou “endurecer”. Já a elasticidade, por outro lado, traz a ideia de “flexibilidade”, “maleabilidade”. Pois bem, mas e se pudéssemos juntar estas duas características? É disso que se trata a resiliência, a capacidade ter elasticidade suficiente para se deformar com o impacto e absorver sua energia para voltar à forma original sem contudo “trincar” ou “quebrar”. Uma potente junção entre resistência e flexibilidade.

Se observarmos nossas experiências na vida diária, logo perceberemos que quando flexibilizamos tudo, sem filtros, esticamos nossas capacidades ao extremo de modo que, em muitas circunstâncias, passamos dos limites e sentimos algo se romper. Nesses casos, nossa saúde mental dá sinais de sofrimento. O mesmo acontece na outra extremidade, quando nos colocamos diante das adversidades como uma rocha, dura e resistente que recebe pancadas sem se mover. Até que, em algum momento, percebemos que somos feitos de material maleável e que todas as pancadas doeram e algumas causaram sofrimento. É por isso que a resistência e a elasticidade, enquanto características humanas subjetivas, precisam caminhar lado a lado como duas faces de uma mesma moeda.

Resiliência como recuperação e superação

Muitas circunstâncias da nossa vida diária serão enfrentadas com sucesso com base na nossa resistência e elasticidade. Mas há aquelas situações adversas mais impactantes e generalizadas que, de fato, extrapolam nossas condições para o momento. Um exemplo dessas situações são as catástrofes, as perdas abruptas e inesperadas, entre outras tantas a que estamos sujeitos ao longo da vida. Essas são as experiências que solicitam outro componente da resiliência: a capacidade de recuperação e superação.

Em situações adversas extremas, com frequência, as pessoas entram em estado de desespero e desesperança. A sensação é de que a própria vida acabou ou não há mais condição de continuidade. Mas se incluirmos gradualmente em nossa compreensão a noção de tempo e a ampliação do foco de percepção, vamos perceber que nossa vida inclui outras experiências além daquela. Assim como vamos retomando a consciência das nossas relações, rede de apoio, nossos sonhos e processos em construção.

Quando encontramos relações facilitadoras, que nos ajudam a reconstruir compreensões, percebemos a nossa vasta capacidade de recuperar, cicatrizar, reconstruir. Nos aproximamos do nosso potencial para ressignificar as experiências e refazer o sentido da vida. No fim, mesmo as situações mais adversas podem gradativamente se transformar em marcantes experiências de aprendizagem que nos levam a reconhecer a nossa capacidade para enfrentar as próximas experiências que possam existir no nosso projeto de vida

Desenvolvendo a resiliência

Agora que você já entendeu o que é resiliência, que ela é um elemento da natureza e que também compõe os seres humanos e, portanto, está disponível em potencial para ser desenvolvida, vamos aos 5 pontos que consideramos fundamentais para que você reconheça e desenvolva sua resiliência:

1. Perceba que você está em constante desenvolvimento

Assim como tudo que faz parte da natureza, não somos seres estáticos, estamos em constante vir a ser, um processo contínuo de construir quem nós somos a cada experiência nova que vivemos. Então, não se trata de ter ou não habilidade de lidar com as adversidades, mas, sim, de reconhecer que, a cada nova experiência, está mais uma oportunidade de exercício da sua flexibilidade e resistência. E se passar dos limites, se dê um tempo, busque ajuda, recupere-se e retome seu processo quando sentir que está na hora.

2. Mantenha seu autocuidado

Ao longo do percurso da vida, precisamos estar atentos ao bom funcionamento do nosso corpo e saúde mental. Assim, como o bambu que precisa de muita água e nutrientes do solo para desenvolver suas propriedades de elasticidade e resistência, nós também precisamos de condições orgânicas, psicológicas e relacionais para enfrentar as adversidades.

3. Atitude de abertura para a experiência

É natural que em algumas circunstâncias sintamos medo do que está por vir. Afinal, muitos de nós já nos sentimos machucados além da conta. Mas lembre-se: à medida que você vai contabilizando novas experiências de superação, percebe também sua capacidade de absorver força e pôr-se de pé novamente. A confiança no seu potencial é a chave para abrir-se para novas experiências com coragem.

4. Reconheça o significado das suas experiências

Depois que você viveu experiências adversas, tire tempo, conversas e reflexões para compreender o que aconteceu e quem foi você naquela circunstância. Nossas experiências são a fonte de compreensão de nós mesmos. Aproveite-as e ressignifique o que for necessário para ir adiante.

5. Transforme a experiência em aprendizagem

Depois que você compreendeu sua experiência então é hora de reconhecer o que já aprendeu nesta caminhada da vida! Sim, certamente você acumula experiências de aprendizagem importantes que ainda não se deu conta. Suas aprendizagens são uma importante forma de sentir a potência e as possibilidades da sua resiliência.

Esse é um processo que requer abertura,disponibilidade e envolve desafios. Então, lembre-se, se precisar de ajuda para desenvolver sua capacidade de resiliência na vida, relações facilitadoras podem ajudar e você pode encontrá-las em consultas psicológicas. Se quiser saber mais sobre isso, clique aqui e fale com uma das nossas psicólogas.

Obrigada por acompanhar até aqui! Estaremos lado a lado nesta jornada de despertar da resiliência.

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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