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Sexualidade humana e os principais conceitos

Quem nunca teve dúvidas ou precisou pesquisar sobre qual a diferença entre sexo biológico, orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero? São conceitos importantes que perpassam diversas conversas e compreensões do ser humano. Então vamos entender o que cada um significa?

A sexualidade acompanha nossa vida na forma como nos expressamos nos nossos relacionamentos e na nossa relação conosco mesmos. Conhecer os conceitos e reconhecer a amplitude do espectro de possibilidades que podemos ser e viver nesta área pode ampliar a compreensão sobre nós mesmos e sobre o outro.

Para isso vamos passar pelos seguintes pontos:

· O que é sexo biológico?

· O que é identidade de gênero?

· O que é expressão de gênero?

· O que é orientação sexual?

· A importância destas informações.

Para começar, vale uma dica de compreensão muito importante: esses conceitos são independentes um do outro. Ao final deste artigo, você compreenderá que eles nos compõem como um conjunto complexo de características que nos torna o que somos. Então, vamos lá?

O que é sexo biológico?

Como o nome já diz, o sexo biológico se caracteriza por componentes biológicos, ou seja, características que a pessoa possui em seu corpo: os órgãos genitais visíveis, os hormônios e suas reações no corpo e os cromossomos.

Dentro dessas características podemos dar três classificações:

Mulher: seu órgão genital é a vagina, alguns hormônios sexuais e a célula reprodutiva provém dos ovários e sua combinação cromossômica é: XX.

Homem: seu órgão genital é o pênis, alguns hormônios sexuais e a célula reprodutiva provém dos testículos e sua combinação cromossômica é: XY.

Intersexo: são pessoas com variações entre essas duas classificações anteriores.

Vamos conversar mais sobre essa última denominação já que é a menos apreendida na educação formal e menos falada socialmente. Mesmo sendo pouco conhecida, pessoas intersexo existem numa média de 1,7% da população mundial, é, por exemplo, o mesmo número de pessoas que nascem ruivas. Isso quer dizer que não é incomum encontrarmos pessoas intersexo, mas pouco conversamos sobre elas.

São pessoas que não se classificam nem como homens ou nem como mulheres por terem características dos dois sexos, seja no órgão genital, seja nos hormônios ou nos cromossomos.

Não existe apenas uma maneira de ser intersexo, existem muitas variações. Veja alguns exemplos:

– Agenesia: significa a ausência completa ou parcial de um órgão genital.

– Disgenesia gonadal parcial ou total: é um distúrbio que acontece no desenvolvimento dos testículos ou dos ovários, interferindo na produção dos hormônios sexuais.

– Hipogonadismo: é uma condição em que os testículos ou ovários não produzem, ou produzem em quantidade muito baixa, os hormônios sexuais.

– Síndrome de La Chapelle: é uma condição em que a pessoa com a combinação cromossômica XX desenvolve genitais masculinos.

– Síndrome de Klinefelter: é uma condição genética em que o indivíduo nasce com um cromossomo X a mais (XXY), influenciando o funcionamento orgânico sexual de diversas formas.

– Síndrome de insensibilidade androgênica: essa condição tem como principal característica a sensibilidade das células do organismo aos estímulos que o hormônio andrógeno provoca, como as características físicas masculinas.

– Hiperplasia adrenal congênita: é uma condição em que acontecem distúrbios no funcionamento das glândulas suprarrenais, glândulas fundamentais na produção de vários hormônios sexuais.

Estes são apenas alguns exemplos, mas existem outras possibilidades de configurações orgânicas. Pessoas intersexo já foram chamadas de hermafroditas, mas por essa nomenclatura vir carregada de compreensões errôneas como o próprio conceito da biologia, por exemplo, em que um ser hermafrodita produz as duas células reprodutoras, o que não acontece necessariamente com pessoas intersexo. Vejam, não se trata de uma doença, mas sim de uma possibilidade de configuração do sexo biológico, por isso podemos entender o sexo biológico como um espectro de possibilidades.

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O que é identidade de gênero?

Agora vamos entender a identidade de gênero. Este conceito se refere a como você se considera, ou seja, como você interpreta a química que te compõe (os hormônios). Isso quer dizer que a identidade de gênero é sobre como você, na sua cabeça, pensa sobre si mesmo. Perguntas como: Você acha que se encaixa melhor no papel social de “mulher” ou “homem”, ou nenhum deles é particularmente verdadeiro para você? Ou seja, você está em algum lugar entre os dois? Ou você considera que seu gênero está fora do espectro completamente? A resposta é sua identidade de gênero.

Então, hoje podemos entender didaticamente separando a identidade de gênero como: Mulher, Genderqueer, Homem.

O termo que mais podemos ter dúvidas é Genderqueer. Esse termo significa uma categoria abrangente que está fora do binário feminino/masculino, ou seja, sua identidade de gênero pode expressar uma combinação dessas duas categorias ou nenhuma. Alguns outros termos têm surgido de forma a dar maior compreensão a como as pessoas percebem suas identidades, mas com essa compreensão já podemos perceber também um espectro de possibilidades de identidades de gênero.

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A identidade de gênero, apesar de parecer uma discussão recente, existe na nossa história e em diversas culturas. Em uma das ilhas da Indonésia, Sulawesi, a experimentação de gênero, por exemplo, pode ser classificada em 4: mulheres, homens, calabai e calalai, sendo um quinto considerado meta-gênero o bissu. Se quiser ler mais clique aqui.

Quanta informação, não é mesmo? Imagino que agora você já deva estar compreendendo a sexualidade humana com outros olhos, o que pode deixar mais fácil de compreender os próximos dois itens!

O que é expressão de gênero?

Seguimos agora com o que é a expressão de gênero. Ela pode ser compreendida pela palavra inicial, expressão, ou seja, como você demonstra seu gênero, como você expressa, seja na forma de se vestir, de se comportar, de interagir.

A expressão de gênero é interpretada por algumas pessoas que percebem seu gênero com base em papéis tradicionais de gênero (por exemplo, homens usam azul e calça, mulheres usam rosa e vestido), ou ainda em expressões que não se encaixam em nenhuma dessas duas ou que passeiam por elas. Para nos localizarmos, podemos passear num espectro por esses termos de expressões: Feminina, Andrógina e Masculina.

Essas expressões podem ser fixas ou variar ao longo da vida, ao longo dos dias e, até mesmo, ao longo de um dia, é uma flexibilidade de percepções e expressões de si. E aqui mais uma vez reconhecemos um espectro, não é?

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O que é orientação sexual?

Chegamos na última denominação nessa nossa jornada pela compreensão da sexualidade humana: a orientação sexual. A orientação sexual reflete por quem você se atrai fisicamente e/ou afetivamente, ou seja, com quem você tem relacionamentos sexuais e/ou afetivos. Seguindo nossa classificação para visualizarmos, podemos entender como:

Heterossexual: atração por pessoas do sexo oposto.

Bissexual: atração por ambos os sexos. Também existe o termo pansexual que são pessoas que se atraem por pessoas, independente do sexo.

Homossexual: atração por pessoas do mesmo sexo, conhecidos também por lésbicas (mulheres que se atraem por mulheres) e gays (homens que se atraem por homens).

Nos tópicos anteriores já entendemos que as classificações não são tão simples e dentro delas existe um número de possibilidades. Assim também acontece com a orientação sexual, um espectro de possibilidades. Além disso, pessoas podem sentir-se atraídas fisicamente por um perfil e afetivamente por outro, deixando essa compreensão ainda mais complexa. Vale lembrar de um termo que não visualizamos nessa classificação, o assexuado, que são pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas.

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A importância destas informações

Agora com todos estes conceitos, conseguimos perceber que eles se inter-relacionam, mas são independentes entre si. Isto quer dizer que um não determina o outro! Eles se afetam, mas não são determinantes. Saber disso nos ajuda a compreender tantas coisas, não é?

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Isso quer dizer que qualquer combinação entre essas áreas é possível de acontecer, demonstrando a diversidade da sexualidade humana.

Ao longo dos subtítulos, conversamos sobre como todos esses conceitos hoje são didaticamente apresentados com as denominações apresentadas para facilitar nossa compreensão, mas todos podem ser considerados um espectro, como um continuum. E dentro de cada um desses tópicos existe um mundo de complexidade e informações e inter-relações entre eles. Aqui, neste artigo, apresentamos questões básicas para podermos nos localizar na diversidade humana, nos aproximando das possibilidades que somos e podemos ser, mas sabemos que esse assunto é extenso e perpassa por diversas áreas e discussões.

Quanto mais ampliarmos nossa percepção sobre a vida e o humano, mais possibilidades de acessarmos as pessoas de forma genuína, construindo relações consideradoras e empáticas.

Além disso, quanto mais dispostos a nos relacionarmos com o que nós e as outras pessoas sentem e percebem de si nos aproximamos da nossa experiência, nos dando possibilidade de cuidar da nossa saúde mental e da saúde mental do outro.

Sabemos que compreender a si mesmo e ao outro nem sempre é fácil em qualquer aspecto da nossa vida, e esse processo pode ser acompanhado, você não precisa viver isso sozinho. Clique aqui e converse com uma das nossas profissionais e reconheça se uma consulta psicológica ou um processo de psicoterapia pode ajudá-lo.

Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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