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Será que tenho Transtorno Bipolar?

Você já ficou na dúvida se tem um transtorno bipolar? Pois é, essa dúvida é mais comum do que você pode imaginar. Com frequência as pessoas chegam ao consultório de psicologia descrevendo alterações de humor ou mudança de sentimentos sem motivo aparente querendo entender o que acontece com sua saúde mental. Muitas vezes, tratam-se apenas de alterações de humor comuns, mas em outras situações realmente se trata de uma alteração de humor importante, característica de Transtorno Bipolar. Mas como identificar essa diferença?

Ao longo deste artigo você vai encontrar:

  • O que caracteriza o Transtorno Bipolar?
  • Quais são as fases e os tipos do Transtorno Bipolar?
  • Quais são os riscos envolvidos neste transtorno e como ajudar?

Então vamos à primeira pergunta:

O que caracteriza o Transtorno Bipolar?

Este é um transtorno de humor marcado por episódios alternados de mania, hipomania e depressão. Entre esses termos é provável que você conheça mais a depressão do que a mania ou a hipomania, mas no próximo tópico deste texto você vai encontrar uma descrição mais detalhada de cada um deles para não ficar com dúvidas. Esses episódios geralmente se sucedem em ciclos que podem variar em intensidade, frequência e duração, mas as viradas de um episódio e outro geralmente não têm relação com o contexto social ou relacional, acontecem de forma repentina e contrastante.

Com esta descrição já dá para perceber que é um transtorno que traz impacto importante para a vida das pessoas que vivem essa realidade, uma vez que sentem dificuldade intensa no que diz respeito à continuidade nos projetos de vida. E, claro, impacta a autoestima e as relações interpessoais de frente, é por isso que é tão importante que, tanto as pessoas que vivem o Transtorno Bipolar quanto as pessoas com as quais se relacionam, ampliem compreensões e desenvolvam recursos de cuidado e interação com os ciclos de humor.

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Mas de onde vem essas alterações, não é? Bem, ainda há muitas lacunas na compreensão científica, mas o que se sabe até o momento é que o Transtorno Bipolar envolve alterações na fisiologia cerebral, com desequilíbrio de neurotransmissores e de hormônios, por fatores genéticos, experiências de violência ou traumas durante o desenvolvimento e também tem relação com altos níveis de estresse. Então, não, uma pessoa não tem Transtorno Bipolar porque quer ou vai deixar de ter por força de vontade. Mas, sim, a forma como ela vai compreender suas características, a rede de apoio que vai estabelecer, sua atitude diante dos processos da sua experiência podem contribuir e muito na construção de uma vida com mais qualidade e realização.

Esse é um transtorno que geralmente inicia no período da adolescência e começo da vida adulta e tem probabilidade proporcional de acontecer tanto em homens quanto em mulheres, mas é difícil de ser diagnosticado, porque se confunde com outros tipos de transtornos. O Transtorno Borderline é um deles, porque também apresenta oscilações de humor, mas as oscilações deste caso são mais rápidas, muitas vezes no mesmo dia e relacionadas à personalidade e às circunstâncias, quando no Transtorno Bipolar os ciclos podem demorar semanas ou meses. Outra confusão frequente é com a Depressão, já que muitas vezes as pessoas buscam ajuda nessa fase do processo. Outras confusões frequentes são relacionadas à Hiperatividade ou quadros ansiosos nas fases de mania.

Quais são as fases e os tipos do Transtorno Bipolar?

Uma confusão comum quando o assunto é Transtorno Bipolar é considerar que a variação de humor corresponde à mudança de sentimento, por exemplo, quando o humor está baixo a pessoa deve sentir tristeza, quando o humor está alto a pessoa então sente alegria. Sim isso pode acontecer, mas, percebam, o humor se caracteriza pelo estado de ânimo, disposição para algo. Então a pessoa pode estar sem energia, mas não estar triste, assim como pode estar eufórica, mas não alegre, por exemplo, irritada ou agressiva.

São tantas as possibilidades de confusão, não é? Para minimizar as dúvidas e possibilitar maior compreensão sobre o que uma pessoa com Transtorno Bipolar vive, vamos descrever as três fases pelas quais ela geralmente circula em ciclos:

  • – Mania: O estado de mania se caracteriza por um quadro exaltado de humor. Também chamada de euforia, a mania pode ser descrita como um aumento de energia sem coerência com as experiências da vida. A pessoa neste estado pode demonstrar agitação psicomotora, sensação de prazer aumentada, assim como irritação repentina e comportamento irônico. Todo esse processo de ativação excessiva pode levar ao prejuízo na avaliação de riscos e diminuição do senso crítico, acompanhado de comportamentos de risco, como abuso de sexo, uso de substâncias, gastos financeiros excessivos e realização de atividades que gerem descargas de adrenalina.
  • – Hipomania: Esta é a fase menos conhecida popularmente nos processos bipolares e a ausência da compreensão desta fase é responsável pelas maiores dificuldades de diagnóstico e compreensão do que a pessoa está vivendo. A hipomania é um estado de mania mais leve e geralmente antecede o estado de mania ou pode nem chegar até ele. Entendem porque é difícil de perceber? Porque geralmente a hipomania está associada a uma produtividade aumentada. Nesta fase as pessoas fazem projetos acontecerem, geralmente vivem verdadeiras guinadas no plano de vida, com sucesso no trabalho e intensidade de comportamentos de demonstração de afeto nos relacionamentos.
  • – Depressão: O humor nesta fase fica deprimido, a pessoa sente falta de energia, inciativa ou motivação. Com frequência descrevem como se os músculos não tivessem mais força, em fadiga. O pensamento fica lenificado, assim como os movimentos. O sono se altera, geralmente para mais, mas também pode gerar insônia com extremo cansaço. Este estado tem impacto direto nas relações interpessoais, com afastamento dos amigos, diminuição do rendimento no trabalho e quando conseguem realizar alguma atividade, geralmente ela não gera prazer.
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Estas fases podem variar nos ciclos caracterizando ao menos três tipos de Transtorno Bipolar além daqueles que não se encaixam nesta classificação:

  • Transtorno Bipolar Tipo I: o mais comum de ser diagnosticado porque tem fases bem marcadas tanto de mania quanto de depressão e geralmente tem uma periodicidade de alteração entre as fases possível de ser mapeada com mínimo de uma semana.
  • Transtorno Bipolar tipo II: é quando a pessoa não chega ao estado de mania. Os ciclos variam entre estados depressivos e a hipomania, com característica mais branda.
  • Ciclotimia: A pessoa apresenta algumas características de hipomania e outras de depressão, mas não chega a caracterizar o quadro completo.

Bem, agora que você já tem algumas informações sobre as fases e tipos de Transtorno Bipolar, tenha cuidado e atenção. Estas informações podem ajudar você a se compreender melhor ou a compreender alguém com quem você convive, mas não estão a serviço de permitir diagnósticos imprecisos ou rotulações tão ou mais prejudiciais quanto o que a pessoa está vivendo. Então, se você se identificou com estas características procure um profissional da saúde mental. O tratamento do transtorno bipolar envolve acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Se quiser saber mais sobre como a psicoterapia pode ajudar, clique aqui e converse com uma psicóloga da nossa equipe através do WhatsApp. Ela pode esclarecer suas dúvidas.

Quais são os riscos envolvidos neste transtorno e como ajudar?

O Transtorno Bipolar está frequentemente associado ao abuso de álcool e outras drogas, já que muitas vezes a pessoa encontra nesses recursos uma forma de amenizar as intensidades das extremidades da variação de humor. Outro risco importante é de sintomas psicóticos durante a fase de mania, já que a euforia pode ser tamanha que a pessoa chega a romper com os parâmetros de percepção da realidade. E, por fim, o maior risco de todos é a tendência a pensamentos e comportamentos que podem levar ao suicídio, principalmente na fase de transição entre o ciclo depressivo e o maníaco.

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Diante dos riscos e da verdadeira montanha russa que uma pessoa com transtorno Bipolar vive, é altamente recomendado que ela procure ajuda psicológica e psiquiátrica a fim de minimizar a intensidade dos ciclos e ampliar sua compreensão sobre si mesma. Os resultados de acompanhamentos interdisciplinares podem ajudar a pessoa a usar seu potencial a seu favor e gerenciar as adversidades com consciência e rede de apoio.

Então, saiba que você pode contar com nossa equipe para tirar dúvidas, para psicoterapia ou para orientações familiares. Estamos à disposição neste link.

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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