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Como cuidar da autoimagem?

Quem nunca pensou que gostaria de mudar algo no seu próprio corpo? É comum ouvirmos as pessoas dizerem que, quando mudarem o que as incomoda, então se sentirão bem ao se olhar no espelho. A grande questão é por que a busca pelo “corpo perfeito” faz parte da vida de tantas pessoas? E como esse processo tem afetado a nossa autoimagem? Então atenção: se você está brigando com o espelho, este artigo é para você!

Pode até parecer contraditório, mas na verdade o grande problema não está em buscar melhorias para sua autoimagem. Se seu desejo de mudança estiver associado à transformação de hábitos que não fazem bem a você, de fato esta seria uma atitude de autocuidado, já que as condições em que vivemos de fato dizem muito sobre nossa qualidade de vida e bem estar. E não há nada de errado em querer melhorar esse processo. Por outro lado há buscas por melhorias que podem sim levar a estados de sofrimento, por exemplo:

  1. – Abraçar um ideal que te desconsidera.
  2. – Esquecer que quem você é não é apenas quem você vê no espelho.

É neste ponto que nada mais é óbvio ou fácil de compreender. Sabe por quê? Porque entramos no campo da percepção. E este é um território profundamente pessoal e único. O que você percebe é diretamente influenciado pelo que você viveu, pelas suas sensações, sentimentos, pensamentos e relações.

Então, como garantir que quem você vê no espelho é de fato quem você é? Pois é, nenhum de nós tem como garantir essa equivalência, mas temos muito a fazer se quisermos minimizar as distâncias entre quem achamos que somos e quem realmente somos. Este pode ser um bom foco para começar: minimizar as distorções de percepção que você tem sobre você!

Sei que isso não parece nada fácil, mas vamos ajudar você com isso. Nós próximos três tópicos você vai refletir sobre:

  • – Como construímos nossa autoimagem?
  • – Você é mais do que os seus olhos podem ver.
  • – Como ampliar sua percepção sobre você?

Então me acompanhe nessas reflexões!

Como construímos nossa autoimagem?

Sabe aquela noção sobre quem somos que nos faz conseguir responder à pergunta: quem você é? Pois é, ela não nasce com a gente. Ela vai se construindo desde criança nas suas relações. Por exemplo, você ouve seus familiares falando sobre você para você, contando algo sobre você para as pessoas. Assim como você vê a reação das pessoas ao que eles estão contando. E isso tudo acontece enquanto você está construindo a sua autoimagem. Isso quer dizer que muito do que você diz que você é, não foi sequer você que definiu. Já pensou nisso? Mas tudo bem, essa história tinha que começar em algum lugar, não é?

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Mas nesta fase ainda tem mais um ponto importante. É que quando as pessoas nos descrevem ou reagem ao que conhecem de nós, elas não fazem apenas descrições, elas atribuem valor. É sobre se elas acharam bonito ou não o que fazemos, como nos vestimos, nosso jeito de comer, entre outros. E daí não é pouco comum ouvirmos se estamos bonitos ou não, se agradamos ou não. É a partir de então que passamos a ir em busca do reconhecimento das pessoas que amamos tentando modular nossos jeitos e características ao que agrada o outro. Esta é a verdadeira raiz do que chamamos hoje de ideais. Aqueles ideais que perseguimos como o “corpo perfeito” entre outras coisas.

Agora observe, o que queremos, na verdade, não se encerra na sensação do ter conquistado o “corpo ideal”. O que desejamos é o que acreditamos que esse ideal vai nos proporcionar: admiração, aprovação, afeto, desejo. E é assim que passamos anos da nossa vida cultivando desgosto pelo que vemos no espelho, porque temos um verdadeiro filtro nos olhos que nos mostra o que não temos, o que não somos enquanto perseguimos o que queremos ser.

Então chegamos a um impasse, se construímos um filtro, isso quer dizer que provavelmente não conseguimos ver quem realmente somos, mas uma versão que envolve todos esses aspectos que falamos até aqui. E este filtro vai se modificando ao longo da vida de acordo com as novas experiências que vamos vivendo.

É neste processo de construção continuada da nossa autoimagem que podem surgir dificuldades. E essas dificuldades podem envolver desde alterações na autoestima, insegurança, insatisfação pessoal, até transtornos alimentares e distorções perceptivas na autoimagem.

Por isso a importância de começarmos a ampliar a nossa percepção sobre nós mesmos e reconhecermos se precisamos de ajuda para isso.

Você é mais do que os seus olhos podem ver!

Dentre os aspectos que mais influenciam a forma como as pessoas se percebem estão os elementos visuais como forma e tamanho, por exemplo. Vemos algo no espelho ou em nós mesmos e logo atribuímos significados ao que vemos: gosto/não gosto, bonito/feio. Associado ao sentido da visão, vem acompanhada a audição: ouvir nossa própria voz por exemplo. Assim como os demais órgãos do sentido como tato: sentir sua pele ao toque; o olfato que te permite sentir seu próprio cheiro, e o mesmo com paladar.

É por isso que podemos afirmar com tranquilidade que você é mais do que seus olhos podem ver! E ainda há mais elementos. Você tem o que chamamos de propriocepção, a capacidade de localizar seu corpo no espaço, por exemplo, saber se está de pé ou deitado, assim como noção de proporção e distância que nos faz conseguir nos mover e pegar os objetos que desejamos.

Então um reconhecimento já podemos fazer: temos muitos recursos para explorar na nossa autopercepção além do que vemos. Você não é apenas o que vê, é também o que sente em todas as suas funções de sentido e o que atribui de significado a isso em cada experiência em que vive.

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E, além disso, ainda temos muitos elementos subjetivos como sua forma de se expressar; como você interage nas suas relações com as pessoas? Que tipo de situações te emocionam e como te tocam? As variações de elementos que compõem sua existência são um complexo que te torna realmente uma pessoa única. E, no entanto, muitos de nós seguimos perseguindo ideais construídos distantes do nosso referencial interno e geralmente vinculados resumidamente ao elemento visual.

Diante dessa ampliação de percepção só nos resta o convite: que tal abrir espaço na sua experiência para acessar os outros recursos de autopercepção que você tem disponível?

Como ampliar sua percepção sobre você?

Neste momento você pode estar pensando que ampliar sua percepção sobre você é algo muito difícil na prática. Isso é verdade! Estamos tão habituados a funcionar do mesmo modo, que sem dúvidas esse processo envolve um intenso esforço de atenção, foco e de exploração de você mesmo. Então, esses elementos podem ajudar:

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– Lembre-se sempre que você não é apenas o que vê: esse processo pode tornar seus outros canais sensíveis mais disponíveis para a sua consciência.

– Busque diferenciar se o significado que você atribui ao que percebe foi construído por você ou se você abraçou algum referencial externo: enquanto sua atribuição de valor estiver associada à busca pelo reconhecimento do outro, a sensação de insuficiência tende a se fazer presente.

– Cultive relações nas quais você sente abertura para ser você mesmo: seu esforço pessoal para mudar seus ângulos de percepção e significados já é um desafio. Então, estar próximo de quem reconhece e contribui para o seu processo pode ajudar a não se distrair.

Sua auto imagem pode estar precisando da sua atenção e do seu cuidado e ela pode se transformar na direção da sua satisfação pessoal. É claro que, seu bem estar não é estático e que existirão momentos de desconforto, mas essas oscilações podem variar de forma que você não duvide de você, que considere sua existência e sua trajetória até aqui.

Então, se você sente que precisa de ajuda neste processo ou se está sentindo sinais de sofrimento emocional por estas questões que refletimos até aqui, saiba que uma consulta psicológica pode ajudar. Clique aqui e fale com uma psicóloga da nossa equipe. Ela pode ajudar a escolher o serviço psicológico que mais pode te ajudar no momento.

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A vida existe para fazer sentido.

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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