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O que levar em conta antes de fazer uma escolha?

Se eu perguntasse a você qual é a finalidade da abelha? Sabemos que são inúmeras, mas, de uma forma resumida, você responderia: produzir mel e polinizar. Da mesma forma, se eu perguntar: Qual a finalidade das árvores? Você responderia: produzir oxigênio ou purificar o ar que respiramos. Pois bem, e se eu perguntasse a você: Qual a finalidade da humanidade? Opa, começou a complicar, não é? Sabe por quê? Porque, como diria Maturana (2003), a finalidade dos sistemas vivos é definida por sua finalidade coletiva, mas no sistema vivo da humanidade, somos atravessados pelas nossas individualidades.

Não se surpreenda se seu pensamento começar a procurar, neste momento, qual a finalidade da sua vida. O que você entende como sua finalidade, assim como o que eu entendo como minha finalidade, enquanto humana, fazem parte da finalidade da humanidade. Embora a soma das nossas individualidades não defina o todo, todas as existências deixam marcas no desenvolvimento da humanidade como um todo. Em outras palavras, somos parte de uma unidade: a humanidade, composta pelo complexo das nossas individualidades, nossas escolhas pessoais e suas conexões.

Nos sentirmos parte de um todo pode ser aconchegante, não é? Mas manter nossa consciência longe da responsabilidade de pertencer a esta unidade maior, pode nos deixar em maus lençóis. Vou contar por quê.

Suas escolhas impactam as outras pessoas

Em situações extremas é muito comum que as pessoas tenham reações desorganizadas ou desproporcionais. Você já deve ter experimentado um estado emocional alterado como esses, onde tomou uma atitude no calor da euforia e depois reconheceu que sua reação estava fora de contexto. Pois é, a questão é que com a pandemia nós estamos diante de uma situação extrema e estendida. São meses com a vida sob restrições de contato físico, mobilidade, condições financeiras, lazer, entre outras, que nos levam a experimentar estados de tensão que desembocam em escolhas individualizadas distantes da compreensão do todo.

É este estado afoito que está na gênese dos atropelos, que nos leva a fazer escolhas que parecem necessárias para a sobrevivência no momento, mas que depois se revelam prejudiciais para o coletivo e posteriormente para nós mesmos também.

As extremidades individual versus coletivo fazem parte das nossas discussões desde que a humanidade desenvolveu características sociais. Mas o que precisamos resgatar dessas discussões para nos ajudar a fazer escolhas cuidadosas nesse momento em que estamos vivendo? Selecionamos 2 pontos de vista para você ponderar diante de uma escolha. Nos acompanhe nessa linha de reflexão:

1. Nossos meios de vida envolvem esforços conjuntos: A caneta que usei há pouco para fazer anotações sobre o que escreveria para vocês é um exemplo disso. Ela só pôde ser usada por conta de cada uma das pessoas envolvidas na extração das matérias primas e na produção da tinta, do tubo de plástico e dos demais componentes desse instrumento. Não é surpreendente que centenas de pessoas estejam envolvidas na produção e comercialização de um instrumento tão básico? Pois é, este exemplo demonstra que há um processo grupal envolvido em cada objeto disponível para nosso uso pessoal.

somos um só

2. Nossas escolhas na vida impactam diretamente a vida das demais pessoas e de outros sistemas vivos: Isso quer dizer que nossas escolhas de compra e de consumo, por exemplo, já trazem consequências para a vida das pessoas e dos aspectos da natureza envolvidos na sua gênese. E, ampliando ainda mais nossa reflexão, isso significa que, diante de uma escolha que envolve um grupo de trabalho, por exemplo, se você escolhe fazer uma tarefa agora ou depois, se você comunica ou não um movimento estratégico, se você leva em conta suas necessidades pessoais ou o desenvolvimento do projeto grupal, são todas questões que impactam diretamente no desenvolvimento do grupo e no seu processo de desenvolvimento como membro do grupo também.

Alguns fatores que nos levam a escolhas individualizadas que desconsideram o grupo em circunstâncias adversas são cansaço, medo, sensação de vulnerabilidade, sentimento de vergonha, necessidade de reconhecimento, entre muitos outros. A questão é que quando encurtamos nosso raio de visão e nos guiamos apenas por necessidades individuais, com frequência tomamos atitudes que desconsideram esse todo complexo do qual fazemos parte e que tentamos construir em conjunto.

Como desenvolver atitudes que considerem o todo?

É claro que, diante de uma situação adversa, nossa capacidade reflexiva fica diminuída e nossos impulsos de autopreservação ganham destaque. E você deve estar se perguntando, como vou levar em conta toda essa complexidade quando estou sob tensão? Por incrível que pareça a resposta não está na ampliação da sua visão de mundo, ela está na sua compreensão sobre quem você é.

Isso mesmo, as três perguntas que sempre inquietaram a humanidade – Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? – Continuam no centro das nossas reflexões. Ainda não encontramos respostas unânimes para elas, mas isso também não quer dizer que tenhamos que parar de refletir sobre elas. Inclusive muitas das visões de humano e de mundo que temos hoje, vieram desses questionamentos. Esses pontos de reflexão nos levam a reformular a expressão: individual versus grupal e transformá-la em individual & grupal.

coletivo e individual

O que queremos dizer, de uma forma simples e objetiva, é que se sua compreensão de caminhar na direção de que você é um ser individual e grupal ao mesmo tempo, naturalmente você levará o grupo em conta antes de escolher. E assim integrar suas necessidades individuais e as grupais.

Este é um processo de ampliação de compreensão pessoal, um esforço de desenvolvimento coletivo que é voluntário. Mas, do contrário, orientar nossas ações sem visão de todo, pode trazer prejuízos para todos nós. Então, se queremos fazer escolhas que nos levem a crescer diante dos próximos desafios da humanidade, temos muito trabalho a fazer desde já na nossa compreensão sobre quem nós somos no mundo.

Nos parece que esse é o processo necessário para que a humanidade caminhe em conjunto, assim como os cardumes de peixe e as revoadas de pássaros.

Se você sentir que precisa de ajuda para apoiar sua compreensão sobre suas escolhas, conte com nossa equipe. Quem sabe juntos facilite esse processo?

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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