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Como melhorar as relações pessoais?

Muitas crises estão acontecendo ao mesmo tempo no mundo. Nestes momentos de caos e transformação parecemos andar em voltas, muitas vezes perplexos, com a sensação de que o mundo está ruindo ao redor, e nos debatemos pensando sobre qual o sentido do que estamos vivenciando. Serão as relações humanas a solução ou a causa das questões? Independentemente da resposta, uma coisa é certa; é difícil sairmos deste labirinto sozinhos. Então, como podemos contribuir para o melhor desenvolvimento e resolução deste processo?

Questões econômicas, de saúde, conflitos entre nações, manifestações públicas em prol ou contra diversas situações que nos atingem coletiva e individualmente. Não importa se participamos ou não das discussões, manifestações e construções, elas atingirão a todos.

Somos seres conscientes e responsáveis pelas nossas ações. Transformamos os contextos onde vivemos e criamos diferentes jeitos de viver no planeta Terra. Estas transformações não acontecem apenas com a ação de uma pessoa: somos grupos, caravanas, comunidades, cidades, Estados, países, continentes… Somos um complexo interligado no qual o que acontece influencia no todo.

Refletindo sobre os movimentos coletivos na resolução das crises, é natural questionar as relações humanas e onde está o seu potencial de transformação. Então nos perguntamos: como podemos agir para superar e ampliar nossa capacidade de compreender as relações?

Fizemos alguns questionamentos para nos nortear:

– Qual o papel das relações humanas?

– Como você se percebe nas relações?

– Como provocar uma revolução nas suas relações?

O maior desafio ao falar sobre relações humanas é que tudo acontece no campo da experiência e dos sentimentos. Vai além do falado ou escrito. Aceitamos encarar este desafio para refletir com vocês. Vamos juntos?

As relações humanas

Ao mesmo tempo em que somos seres gregários, pois precisamos dos grupos tanto para a sobrevivência concreta quanto para a construção subjetiva, também somos seres únicos, com identidade própria. Desta forma, nossas relações sociais integram elementos de diversidade a uma convivência compartilhada. E aqui entra a arte da convivência.

Como as relações podem ser fonte de crescimento mútuo, mesmo entre pessoas com objetivos, valores, visões de interpretação do mundo diferentes entre si? Estar entre pessoas que são parecidas conosco é mais fácil, mas também nos põe em uma zona de conforto onde não precisamos questionar nossas “verdades”. Muitas questões ficam no piloto automático sem nos darmos conta do impacto de nossas falas e pode acontecer um enrijecimento e intolerância ao que é diferente de nós. Por isso, a empatia é tão importante, sem ela, conviver torna-se impossível.

Empatia

A empatia é uma atitude, podemos dizer mais que isso, faz parte de um jeito de ser e não uma técnica, por isso aqui vamos chamá-la de compreensão empática. Não podemos aplicar essa compreensão como um instrumento que tiramos do bolso ou aprendemos em um livro apenas de forma cognitiva. Sabe por quê?

Em diversos lugares você encontrará a definição de empatia como: “colocar-se no lugar do outro”, parece algo simples de fazer, não é mesmo? Mas é mais complexo do que você possa imaginar. Veja esse conceito:

A compreensão empática significa dizer que a pessoa “capta com precisão os sentimentos e significados pessoais” que a outra pessoa está vivendo e os comunica à outra pessoa.

Essa definição é de Carl Rogers, que completa: “Este tipo de escuta ativa e sensível é extremamente raro em nossas vidas. Pensamos estar ouvindo, mas muito raramente ouvimos e compreendemos verdadeiramente, com real empatia. E, no entanto, esse modo tão especial de ouvir é uma das forças motrizes mais poderosas que conheço.”

A atitude de compreensão empática distancia-se de interpretações, avaliações ou julgamentos e busca o sentido pessoal que motiva a fala e toca os sentimentos e necessidades. Através dela nos aproximamos da flexibilidade na dinâmica relacional.

O processo da escuta ativa acontece ao considerar e acessar o mundo interno do interlocutor, ao mesmo tempo em que se participa dele. É uma via de mão dupla de processo de crescimento. Assim, este processo poderá ampliar a consciência de si, ao mesmo tempo que é comunicada no nível dos sentimentos.

Por ser algo que nos envolve ativamente, só é possível termos uma compreensão empática quando apresentamos um interesse ou uma consideração que Rogers chamou de aceitação incondicional, para que a pessoa sinta-se livre para se expressar. Outro aspecto fundamental é a sinceridade e o conhecimento sobre si mesmo, para não nos misturarmos com o outro, o que chamamos de autenticidade.

Você e as suas relações

A autenticidade também é um conceito que vem sendo discutido, inclusive em fóruns internacionais de economia, como uma das principais características de líderes de sucesso, sabem por quê?

O indivíduo autêntico busca o objetivo de equilibrar suas necessidades e sentimentos, possibilitando melhor funcionamento e relacionamento mais construtivo com os outros (Vocabulário e noções básicas da Abordagem Centrada na Pessoa, 2002).

A base das relações é quem as constitui: as pessoas. Ao serem autênticas elas se abrem para estar com o outro com a sua verdade junto com a verdade do outro, sem ninguém precisar abandonar-se para experimentarem uma compreensão empática.

Autenticidade

Existem assuntos difíceis de serem lidos e conversados pois nos aproximam de dificuldades nossas que podem nos fazer sofrer. As nossas relações e nossa postura nelas pode ser uma dessas dificuldades. Não é à toa a quantidade de resistências e defesas que levantamos nas nossas relações. Talvez a pergunta seja, você está aberto para ver suas dificuldades?

Se a resposta for sim, pensamos em algumas perguntas que podem ajudá-lo a refletir sobre você mesmo e seu processo de se perceber nas relações:

  • – Quais são seus julgamentos de valor? Aquelas dificuldades de lidar com diferenças, preconceitos (pré-conceitos) que você nem percebe em si mesmo, que podem nascer da sua história, das suas dificuldades de compreensão ou, ainda, estranhamentos com relação ao diferente.
  • – Você reconhece seus sentimentos e necessidades? Pergunte-se agora mesmo o que você está sentindo e a partir disso quais as suas necessidades. Encontrou a resposta? Nem sempre identificamos de forma sentida, muitas vezes encontramos respostas lógicas e racionais que podem inclusive nos distanciar do que estamos vivendo naquele momento presente. Então continue exercitando.
  • – Como você se apresenta para o outro? Quando compartilhamos com o outro o que sentimos, percebemos nossa dificuldade de falar a partir de nós mesmos. Costumamos apontar, acusar e esperar que o outro mude. Mas será essa a intenção das relações?

Estas questões trazem a responsabilidade de estarmos presentes em uma relação com o que percebemos, pensamos e somos, e com a verdade sobre o que esperamos do outro. Quanto mais autoconhecimento maior a possibilidade de termos uma relação que promova transformações.

Agora que você já está se observando, que tal pensar sobre o poder das relações humanas?

Provocando uma revolução nas relações

Um dia desses perguntei para uma pessoa, que estava fazendo fisioterapia comigo, porque ela tinha gostado tanto de uma série que nós duas assistimos. Eu tinha os meus motivos, mas fiquei curiosa para saber os dela. E o que ela me disse foi: o quanto a personagem principal transformou as pessoas que viviam ao seu redor. Dali em diante comecei a me perguntar se as pessoas sabiam o poder que têm para transformar o mundo, começando por si mesmas e as suas relações.

Potencial Humano

Traduzir as relações humanas e sua preciosidade em um texto é um desafio impossível. O que as relações provocam vai além das palavras, como na arte, o poder da nossa presença e o que pode acontecer com pessoas em estado de entrega é indescritível. Mas separamos 5 pontos que resumem um pouco de tudo o que refletimos até aqui para você conversar com o seu poder interno:

  • – Estar presente e produzir relações humanas é ser ativo. Agir automaticamente pode deixá-lo sem acessar a sua potência de transformação. Mas suas ações podem refletir consideração, empatia e autenticidade nas relações. Para isso, será necessário ser ativo nas suas percepções e ações, o que implica em responsabilidade.
  • – Responsabilidade sobre si mesmo e autonomia significa ser responsável pelo que se provoca nas relações. Significa dizer que temos o poder de nos conhecermos e nos transformarmos. Não existem culpados, existem pessoas que podem “pegar a vida na mão” e fazer acontecer com cada vez mais clareza e consciência do que querem produzir. Para lidar com o que acontece nas relações não existe receita, existe um processo seu em aproximar-se cada vez mais de quem as pessoas são e de si mesmo.
  • – Perceber o que sente, suas necessidades e suas defesas. Uma receita ou alguma atitude não são o suficiente para produzir relações humanas transformadoras. Este processo requer autoconhecimento, ficar atendo ao que se sente com sinceridade. Essa é uma das consciências mais difíceis de se ter e provavelmente será um exercício para a vida inteira.
  • – Abertura para o que não estiver percebendo: Estar disponível para não se apegar ao que percebe para poder mudar o que sente abre um mundo de possibilidades de ser, ver, agir deixando-o próximo das diferenças e lidando com a pluralidade do que o ser humano pode ser.
  • – Desprender-se de estar certo, para construir algo maior do que você mesmo. Existe uma frase muito conhecida que diz: “você quer estar certo ou ser feliz?” Uma outra roupagem da pergunta seria: “para que você está vivendo?” Você está vivendo para encontrar a verdade universal e ser difusor disso, ou você quer entender cada vez mais o mundo em que vive e construir o que será dele junto com todos que estão aí com você? Para isso, conviver com opiniões, sentimentos e percepções diferentes das suas traz a possibilidade de construir um mundo como ele é: diverso.

Nós assumimos esse jeito de sermos relações facilitadoras de desenvolvimento e realização no fluxo que é viver. Promover estas transformações internas e externas é um desafio para todos nós e, como conversamos, não somos sozinhos e você também não! Conte conosco para ajudar você no seu processo.

Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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