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Como ajudar uma pessoa com depressão?

Mais de 300 milhões de pessoas (OMS) no mundo vivenciam este doloroso processo em suas vidas. E em tempos de perdas, tensões, ficamos mais vulneráveis à depressão.

Provavelmente você mesmo já viveu este processo ou conhece alguém que está enfrentando este desafio. Então vamos ajudá-lo a:

– Entender o que é a depressão;

– Compreender como uma pessoa com depressão se sente;

– Saber como escutar e ajudar essas pessoas.

E se a pessoa que se sente dessa forma for você, vá adiante! Essas reflexões também podem ajudar!

Como entendemos a depressão hoje?

Foram séculos de história até entendermos que a causa da depressão é multifatorial. Iniciamos com o misticismo na antiguidade, avançamos com os achados biológicos de hipócrates, mas, somente em 1860, ela passa a ser incluída em documentos médicos e o primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais só surgiu em 1956. Existem críticas ao sistema atual de classificação de doenças (CID10 e DSMV), porém a sua importância no reconhecimento deste sofrimento é inegável.

Chegarmos aos dias atuais entendendo que as causas da depressão englobam fatores genéticos, biológicos e ambientais, impactando a pessoa nos aspectos cognitivos, físicos e emocionais. Você pode encontrar mais sobre essas informações em diversos lugares inclusive na OPAS/OMS Brasil.

O que uma pessoa com depressão sente?

depressão e a funcionalidade da vida diária

Embora as variações na vivências dos processos depressivos sejam tantas quantas as pessoas que as sentem, um divisor de águas no reconhecimento da gravidade do processo é o impacto na funcionalidade da vida diária. Em casos que se prorrogam por muitos anos, na identificação da depressão é comum ouvirmos as pessoas falarem sobre o índice de anos perdidos ou anos roubados de existência.

Nem sempre é fácil identificar e compreender os que vivem nesta realidade, algumas vezes nos afastamos por achar desgastante estar perto e outras por não saber o que fazer. Para te ajudar a olhar pela perspectiva da pessoa que sofre este processo, trago a junção da fala de várias pessoas, uma colcha de retalhos de inúmeras experiências, minhas, de amigos, clientes, familiares. E vamos personificar essa fala utilizando uma personagem da mitologia Grega “Oizus”, filha de e Nix e Érebo, que é considerada a personificação da angústia e tristeza.

Se “Oizus” falasse, diria: “Se eu pudesse escolheria ter qualquer outra doença, porque doeria menos e não seria tão incompreendida. Assim teria marcas no corpo, exames, onde minha família, amigos, inclusive profissionais da saúde, poderiam ver e entender que não é apenas uma questão de vontade e também não é frescura”.

A depressão afeta os sentidos literalmente. Não é só metáfora dizer que a depressão apaga as cores da vida. Imagine Oisus saindo de uma cabana isolada em um inverno frio e cinzento, ela sente seu corpo pesado, cada passo é um esforço, nem sabe porque está saindo para buscar lenha se o frio não vai sair dela, nada faz sentido, tudo dói, acordar pela manhã é desesperador! Esta é uma metáfora da falta de energia, tristeza, lentificação corporal e de pensamento, desesperança, culpa, aumento da dor emocional e física, que ilustra o viver com depressão.

Um dos desfechos mais tristes da depressão são os casos de suicídio (e-Book gratuito sobre suicídio), os quais poderiam ser evitados em sua grande maioria. Pense comigo: porque Oizus “escolheria” este desfecho se o que sentisse não fosse dolorosa e desesperadamente real? A palavra escolheria está entre aspas exatamente porque não é literalmente uma escolha pela morte, mas sim por terminar com o sofrimento.

saúde mental e depressão

As questões de Saúde Mental ainda são incompreendidas por grande parte da população. É por isso que precisamos falar sobre estes processos, principalmente, para que as pessoas que experimentam este sofrimento não tenham receio de falar sobre o que vivem e possam procurar ajuda como fazem em outras situações de saúde.

O que facilita a escuta de uma pessoa com depressão?

Por mais que não tenhamos conhecimentos profissionais sobre o tema, temos a capacidade humana de estar com o outro, respeitá-lo e escutá-lo. Mas qual a forma de escuta que traz implícito o respeito, a presença capaz de tirar alguém do breu da solidão?

Pode ser chamada de vários nomes como escuta ativa, escuta empática, mas o que importa mesmo é a atitude presente, vou tentar trazer algumas características para aproximá-lo desta forma de acolhimento:

  • Escute a pessoa, não o problema.
  • Suspenda por um tempo as suas próprias experiências e verdades, tente ouvir pela perspectiva do outro.
  • Não queira corrigir, ensinar, dar conselhos, apontar saídas, minimizar os fatos, contar suas histórias tristes. Apenas escute! Esteja presente!
  • Preste atenção pois as falas no calor da emoção, tendem a ser mais genuínas e expressar a própria pessoa, a sua representação naquele momento.
  • A pessoa sente-se acorrentada por emoções dificilmente ouvidas pelas outras pessoas, mas quando alguém escuta e acontece uma conexão surge um alívio profundo.
  • A partir deste momento a solidão pode começar a se diluir e abre-se espaço para um pequeno brilho de esperança. Isso pode ajudar na decisão de procurar ajuda para ressignificar a existência.
  • Esse é o momento de falar sobre outros recursos de saúde.
  • Mas atenção, é importante que a escuta e a compreensão venha antes dessa indicação.

Nas palavras de Rogers, um renomado psicólogo humanista:

“Quando percebem que foram profundamente ouvidas as pessoas quase sempre ficam com os olhos marejados. É como se estivesse dizendo: ‘Graças a Deus alguém me ouviu. Há alguém que sabe o que significa estar na minha própria pele.’ Nestes momentos tenho tido a fantasia de estar diante de um prisioneiro em um calabouço, que dia após dia transmite uma mensagem em código Morse ‘Alguém está me ouvindo? Tem alguém ai?’ E finalmente um dia escuta umas batidas leves que soletram: ‘Sim’. Com esta simples resposta ele se liberta da solidão”.

despertar o poder pessoal

Uma escuta interessada e atenta é o início do despertar do potencial desta pessoa, em um processo de redescoberta e de poder pessoal. Durante este processo muitas coisas vão se transformando até que a pessoa se sinta como nossa Oisus ao perceber que está diferente após o início da evolução de seus processos internos:

“Estava andando na rua, olhei para cima, e senti que estava diferente, a luz entre as folhas das árvores me tocava de forma sensível, com um tom de novidade e calor, as cores começaram a ficar mais nítidas, e o cheiro no vento, o toque no rosto, tudo era novo, enfim entendo o que é estar viva e é maravilhoso! Sinto que estou renascendo!”.

O processo de autoexploração e autoaceitação é dinâmico, e seu movimento tende a continuar por toda a vida. Imagino-o como as ondas que se formam ao jogar uma pedrinha na água, inicialmente são pequenas, mas se multiplicam inúmeras vezes, aumentando sua abrangência a cada novo ciclo. Esta abertura para viver cada momento plenamente e com novidade, impulsiona um movimento contínuo. Nossa querida Oizus vivenciou muitos outros períodos dolorosos, mas as resoluções das crises passaram a ser mais rápidas, e a cada uma delas mais vida surgia nela, em alguns momentos a dor era atenuada pelo fato de agora não haver lugar para a desesperança, agora tem recursos para levantar e continuar.

Nós do Espaço Viver desejamos a você uma vida plena, e estamos aqui se precisar de companhia para esta viagem interna.

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