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O que podemos aprender com a experiência de um sonho?

Há alguns dias tive um sonho daqueles tão reais que, mesmo depois de acordada, ainda consegui sentir o cheiro do lugar e lembrar nitidamente dos detalhes, cores e sensações que experimentei. As reflexões que vieram depois me confirmaram que eu havia vivido uma experiência de aprendizagem significativa fruto de um sonho. Pois é, refletir sobre um sonho pode ser uma boa experiência de compreensão sobre os processos que ainda não estão claros para nós. Foi por isso que decidi compartilhar essa experiência com vocês.

Sonhei que tinha tido um filho, mas ele estava sendo cuidado por duas senhoras experientes nessa prática, porque eu era mãe de primeira viagem e não era capaz de compreender os sinais da criança sobre suas necessidades. Esta parecia uma verdade instituída, ninguém falava sobre isso, mas todos agiam como se isso fosse um fato. Eu experimentava uma angústia por não poder fazer nada. Conseguem sentir a dor no peito de uma sensação como esta?

O sonho seguiu em uma sala acarpetada e marrom. As duas senhoras colocavam meu filho em um berço de cera, uma réplica de um útero preenchido com líquido e não mediam esforços para reproduzir o ambiente orgânico no qual o bebê estava antes de nascer. E eu assistia de canto, angustiada e sem saber o que fazer, até que vi nascer em mim uma certeza, quase intuitiva, de que não era daquilo que a criança precisava, afinal, ela tinha feito um esforço tremendo para nascer daquele ambiente. Já tinha rompido o casulo, era hora de crescer de uma outra forma.

Assim que a certeza cresceu e as ideias se clarearam, pedi licença com firmeza e, mesmo com a tentativa delas de me impedir, quebrei a camada de cera e peguei o bebê no colo, fiz alguns movimentos de estimulação dos movimentos dele, que não sei de onde vieram. Passaram-se dias de contato e cuidado, que criaram uma cumplicidade e uma disponibilidade para superar os desafios, que eu nem sequer consigo descrever. Era nítido o avanço do desenvolvimento da criança. Reconhecido inclusive pelas próprias senhoras que resistiam à mudança.

Claro que como todo sonho o meu também estava cheio de elementos oníricos e simbólicos, representativos da minha experiência. Aliás, por curiosidade, isso acontece porque durante a fase do sono em que os sonhos são produzidos (REM) nosso córtex frontal fica inativo, o que afrouxa o raciocínio lógico e os nossos julgamentos desencadeando esse tipo de característica nas produções de imagem mental. Por isso também podem trazer elementos da experiência atual que não havíamos percebido.

Meu sonho me faz lembrar que não devemos abrir o casulo da borboleta antes que as asas estejam formadas. Isto é uma verdade e todos já sabemos, mas o que dizer sobre quando o casulo já se rompeu e ainda desejamos ficar lá dentro? Aprendi com meu sonho que há caminhos que vamos precisar descobrir vivendo. Se assumirmos para nós mesmos que não sabemos, aí então podemos aprender algo realmente original que nenhuma outra pessoa poderia fazer por nós. No entanto, quando seguimos o tradicional, ignorando nossas sensações de desconforto e vontade de ousar, podemos atrapalhar nosso processo de desenvolvimento.

Sim, nossas experiências são uma fonte confiável. E nossas criações podem ser desenvolvidas por nós mesmos. Nossas dúvidas fazem parte do caminho, não há problemas em nos questionarmos, desde que não desistamos até encontrar as nossas respostas.

Estamos em uma época em que os avanços da Neurociência nos ajudam a reconsiderar a nossa aprendizagem de milênios. Nos primórdios da existência humana já representávamos o significado dos sonhos. Essas comparações foram evoluindo ao longo da história e, hoje, o que compreendemos do funcionamento cerebral nos permite validar a experiência de compreensão de um sonho como uma aprendizagem significativa em potencial.

Então, em síntese:

Observe suas experiências. O que elas significam para você? Mesmo que sua experiência seja um sonho, busque compreender o significado dela. Suas experiências podem ser uma das fontes mais seguras para compreender a você mesmo de uma forma mais complexa e fazer novas escolhas.

Fique atento aos caminhos tradicionais. Você está satisfeito com seu jeito de viver suas experiências ou você está precisando de um up grade? Questione-se, responda a você mesmo, procure parcerias e, quem sabe, novos caminhos.

Toda criação por si só é inovadora. Portanto não vem com manual. Você certamente ainda não sabe cuidar e fazer crescer aquilo que você acabou de criar. Mas pode aprender e se disponibilizar a crescer junto encarando os desafios do caminho.

Seguimos por aqui dando asas aos nossos sonhos e torcendo para que vocês busquem compreender os seus. E se precisar de ajuda, estaremos por aqui.

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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