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Infância roubada: o que nós temos a ver com isso?

Vocês já ouviram falar que o número de crianças expostas à extrema pobreza no Brasil voltou a crescer? Pois bem, no mês das crianças deste ano vamos direcionar nossa atenção para a infância abandonada, seja pela situação de extrema pobreza ou pelo jeito de viver moderno com suas relações distantes. Vamos refletir sobre a condição de vida das crianças do nosso tempo?

Se tentarmos lembrar da nossa infância, provavelmente, virão à cabeça as brincadeiras na rua e algumas outras brincadeiras interativas que nem existem mais. Não é difícil perceber que muita coisa mudou, não é mesmo? O contato precoce com a tecnologia e as habilidades que se desenvolvem cada vez mais cedo são exemplos disso. Mas algumas questões continuam muito semelhantes.

Já se passaram muitos anos da nossa infância, mas ainda seguimos ouvindo relatos de muitas crianças em situações extremamente precárias. Pois é, avançamos em alguns pontos mas ainda temos mais de 150 milhões de crianças cronicamente mal nutridas no mundo (ONU, 2016). Isso quer dizer que a fome ainda é a causa de cerca da metade das mortes de crianças no mundo. E no extremo oposto, mas tão preocupante quanto este cenário, temos mais de 38 milhões de crianças com sobrepeso (ONU, 2017). Contraditório não acham? É isso mesmo, esses dados são uma amostra da realidade em que nossas crianças vivem hoje. Muitas das nossas crianças estão negligenciadas em meio às nossas contradições.

Garantir uma infância preservada para todas as crianças é uma meta complexa que abrange, desde questões éticas, até a própria sobrevivência da humanidade. Estamos perseguindo o desenvolvimento tecnológico e científico, mas afinal, no futuro quem vai gerenciar os avanços que estamos construindo hoje? Desenvolvemos novas tecnologias para quem? Pois é, sem uma infância de qualidade não teremos adultos com condições de continuar nosso legado!

Nossa missão é mesmo grandiosa, já que as condições de vida das crianças estão completamente distantes em extremidades. E isto faz com que algumas pessoas pensem que transformar essa realidade é impossível. Enquanto outras pessoas, quando entram em contato com essas informações, sentem crescer uma vontade capaz de mover montanhas. Pois é, acho que me encaixo no segundo grupo, e vocês o que sentem?

Para nos ajudar a somar forças em uma mesma direção, aí vão os aspectos que precisamos melhorar para elevar a qualidade de vida das nossas crianças (UNICEF, 2018):

[if !supportLists]1. Acesso à água: Cerca de 14% das crianças brasileiras ainda não têm o acesso à água garantido.

[if !supportLists]2. Saneamento básico: 24% das crianças brasileiras ainda não têm acesso ao saneamento básico mínimo, de onde proliferam doenças por contaminação que levam à morte ou a subnutrições severas.

[if !supportLists]3. Moradia: 11% das crianças do Brasil ainda não têm aceso à moradia com o mínimo das condições necessárias para a sobrevivência.

[if !supportLists]4. Proteção contra exploração infantil: São mais de 3 milhões de crianças expostas ao trabalho infantil no Brasil e cerceadas da possibilidade de brincar. É da brincadeira, atividade básica da infância, que se desenvolvem as condições de imaginar, pensar, refletir para, posteriormente, chegar às condições de um adulto autônomo.

[if !supportLists]5. Educação: No mínimo 20% das crianças do país ainda não têm acesso à escola. A educação de qualidade é a oportunidade de todas as crianças se apropriarem da história da humanidade e de se reconhecer como agentes de transformação da sua própria realidade.

[if !supportLists]6. Informação: 25% das crianças não acessaram a internet nos últimos três meses antes da pesquisa. O acesso à informação de forma tradicional e o acesso à internet contribui diretamente para que as crianças reconheçam o contexto globalizado em que vivemos, com suas dificuldades, desafios e possibilidades.

A humanidade precisa de condições humanas. Essa é a condição primária para que então possamos desenvolver novas atitudes de cuidados que garantam avanço sustentável e coletivo. E quando as crianças do seu convívio já têm acesso a essas condições básicas, então você pode exercitar alguns pontos mais complexos. Nossas crianças e futuros adultos precisarão desenvolver algumas atitudes como:

Inteligência emocional: Essa é a capacidade de reconhecer, distinguir, expressar emoções sentimentos e aprender a se relacionar considerando seus próprios sentimentos e o das outras pessoas. A inteligência emocional é a garantia de que nossas crianças terão condições de gerenciar conflitos e encontrar soluções que considerem o bem comum.

Criatividade: A capacidade de criar, produzir ou inventar novas saídas simples para problemas antigos e complexos é o ápice das capacidades humanas. Se nossas crianças desenvolverem suas capacidades criativas, teremos certeza de que todos os nossos esforços para garantir as necessidades básicas foram cumpridos.

Agilidade de pensamento: A agilidade de pensar, considerar variáveis e transformar ações é uma condição indispensável para o adulto do futuro. Então, nossas crianças precisarão dessa capacidade. Só assim poderão interagir e gerenciar a realidade multidesenvolvida e veloz com a qual já estamos começando a sentir o gostinho de conviver.

Agora você já pode escolher por onde pode contribuir para garantir as condições básicas das nossas crianças e incentivar as atitudes que precisarão ter desenvolvido no futuro. Como temos muitas transformações a fazer, você pode desenvolver ações que estejam ao alcance de suas condições e respeitem suas características pessoais. Direta ou indiretamente, nossas ações podem fazer a diferença.

Conte conosco para encontrar a sua forma de contribuir. Nós também estamos trabalhando para contribuir com o futuro da humanidade. Vamos juntos nessa caminhada!

Leia mais: “Dia das crianças: para quê?”

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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