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Relações abusivas: aprenda como quebrar esse ciclo

Você saberia identificar uma situação de abuso? É possível que encontrar esta resposta possa ser mais difícil do que poderíamos imaginar. Sabe por quê? Porque, geralmente, quando nos damos conta de um relacionamento abusivo, ele já está tão crônico ou agudo, que o abuso se transforma em violência e pode pôr em risco a vida de uma pessoa. É! Temos tido dificuldade em reconhecer e neutralizar os abusos mais sutis de um relacionamento.

Não foi à toa que criaram o serviço disque 100. Você já ouviu falar sobre ele? É uma espécie de “pronto socorro dos direitos humanos” que funciona 24 horas e que tem a intenção de registrar denúncias de todos os tipos de violência e encaminhar a ocorrência para órgãos que possam tomar providências de prevenção e proteção.

Em 2018, foram registrados 152.178 tipos de violações de direitos. Dentre elas, 72,66% foram referentes à negligência, 48,76% de violência psicológica, 40,62% de violência física e 22,40% violência sexual. Apesar desses dados serem alarmantes, ainda precisamos considerar que existem muitas violações que não foram registradas, além daquelas situações de abusos que não foram percebidas como tal.

Esses dados nos levam a pensar que pequenos abusos não declarados, nas relações humanas diárias, podem passar despercebidos e evoluir do imperceptível à situação de violência, seja ela física, moral, econômica, psicológica ou sexual.

Nestas alturas você deve estar se perguntando: E o que precisamos fazer para evitar a evolução dessa trajetória? Para começar, precisamos tomar consciência de pequenas sensações de angústia e de mal-estar quando estivermos diante de relações específicas. Essas sensações podem levar você a pensar que está ficando louco ou que você é uma pessoa intolerante com o outro. Afinal, o que custa ceder a uma vontade do outro aparentemente inofensiva.

E é assim que nos pegamos dizendo frases do tipo: “Ela não fez por mal! Ela estava passando por uma situação tão difícil que nem percebeu o que sua atitude causaria em mim.” Ou então: “A pessoa queria tanto viver aquela experiência, não vi problemas em abrir mão do que eu queria para priorizar a vontade dela.” Em parte essas frases podem até se confundir com o conceito de generosidade.

O problema é que as doses diárias de resignação, em diversas relações ao longo de uma vida, podem anular a existência de uma pessoa a ponto de se tornar dependente das relações abusivas. E quer saber mais? Todos os sentimentos de frustração, decepção e falta de realização pessoal, gerado pelas relações abusivas, podem se transformar em negligência, irritabilidade e mágoa para com aqueles que nada têm a ver com a história. E assim, quando nos damos conta, estamos vivendo um ciclo interminável: quanto mais nos deixamos abusar, maior a probabilidade de abusarmos também.

Nos sentirmos culpados não parece resolver esse impasse. Isto só nos levará a enrijecer nossa espontaneidade, distorcer percepções e desconfiar da nossa capacidade de amar e ser amados. Nestas horas baixamos a guarda e damos espaço para o outro usar abusivamente de uma espaço que é nosso. E lá vamos nós para mais um ciclo de abusos.

Bem, se queremos quebrar esse ciclo de abusos nas nossas vidas, precisamos ficar atentos aos seguintes pontos:

1. Fique bem próximo das suas sensações e sentimentos: Angústias, tristezas, irritabilidades, aquela sensação de “peso” podem ser sinais de que você deixou que invadissem o seu espaço pessoal. Apresente seus desconfortos pessoais diante dos comportamentos invasivos do outro. Isso pode prevenir e evitar que você entre em outros ciclos de abuso.

2. Amplie seu “cardápio” de critérios: O que se caracteriza como uma situação de abuso nas suas relações? Este ciclo pode estar presente em diversos setores da sua vida: família, amizades, relações amorosas, trabalho. Observe as situações que se repetem de forma semelhante em diferentes contextos e então reflita sobre elas. O que caracterizam essas situações. Se sentir dificuldades em identificar, converse com outras pessoas que possam ajudar você a compreender suas experiências.

3. Suas descobertas sobre você e sobre as suas relações podem levá-lo a perceber que é possível ultrapassar limites: Não tenha medo! E cuidado com seu sentimento de culpa, ele pode jogá-lo para dentro de um novo ciclo. Tome consciência do que você percebe e sente. Na próxima situação você terá mais uma chance de fazer diferente e de se reinventar. E, se ainda assim isso estiver se repetindo, procure ajuda de um profissional!

4. Fique atendo também ao que já pode estar se caracterizando como uma violência e procure ajuda se sentir necessidade.

Você é um ser humano com uma capacidade cerebral admirável, capaz de discernir categorias e compreender complexidades. Você pode exercitar suas capacidades críticas e autocríticas sem perder de vista sua vida emocional.

Nossas relações são potencialmente construtivas. Podemos usar nossa humanidade minimizando situações de abuso.

Se precisar de ajuda para se relacionar de forma saudável a Psicoterapia presencial ou a Consulta Psicológica on-line podem te ajudar!

Clique aqui e converse com uma de nossas psicólogas para conhecer mais e entender o que faz sentido para você.

Anita Bacellar

Anita Bacellar

Responsável Técnica, CRP 12/01329

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