Sim, as curtidas acabaram! Todos que usam o aplicativo Instagram perceberam o sumiço daquele tão cobiçado número ao lado do coração vermelho. Um choque para alguns, um alívio para outros. Mas o fato é que não mediremos mais a popularidade de uma publicação pela quantidade de likes. Na última quarta-feira inauguramos a era do conteúdo nas redes sociais. Mas o que isso significa? O que muda em nossas vidas?
Bem! Todos nós sabemos o quanto as curtidas em um post representavam um critério importante para o comportamento das pessoas nas redes sociais. Bastava um post com muitas curtidas, para que o interesse das pessoas pelo seu conteúdo aumentasse exponencialmente. Quem nunca avaliou a qualidade de uma empresa ou de um produto pelo seu engajamento nas redes sociais, não é mesmo?
Mas quando esse mesmo critério é usado para quantificar o valor de uma pessoa, a questão fica mais complexa. Foi assim que muitas pessoas foram consideradas interessantes enquanto outras foram descartadas de acordo com o número de curtidas que acumulavam nas suas postagens.
Todo esse mecanismo é o reflexo de uma dinâmica funcional e relacional que se deixa conduzir pela opinião dos outros. Se as pessoas curtem eu curto, se não curtem eu não curto. Fazemos isso nas redes sociais e fazemos o mesmo nas relações presenciais. Quantas vezes por dia você pergunta: O que você acha? para alguém. E se não gostar da resposta, é possível que pergunte para outras pessoas, em uma tentativa sem fim de encontrar validação para suas respostas pessoais. Parece que a superficialidade virtual também existe no presencial, não é? E se isso for verdade, a cultura das curtidas é só uma reedição moderna do nosso jeito antigo de viver.
Você já se viu nesta situação? Bem! Independentemente da sua resposta, talvez seja interessante se perguntar: Por que fazemos isso?
Por que delegamos aos outros a nossa escolha? Diríamos que é porque temos MEDO. Se escolhermos por nós mesmos precisaremos enfrentar as consequências, as possíveis decepções, os desagrados e perdas das pessoas que amamos. Vivemos nos esquivando disso, como Neo desviava dos tiros no clássico filme Matrix.

O que não percebemos quando fazemos essa escolha é que, cedendo ao medo, não afastamos apenas os sentimentos desagradáveis, mas também tudo o que a experiência pode nos causar de satisfação, superação e realização. Quando escolhemos por nós mesmos, ganhamos a possibilidade de conviver com quem somos e encontrar o que entendemos ser o melhor a fazer no momento.
Vejam que interessante! O fim das curtidas pode ser uma bela oportunidade para buscarmos o que realmente nos interessa e por quê? Ou melhor dizendo, uma possibilidade de transformar nossos conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos, a partir do que aprendemos com a experiência. Não sabe como fazer isso? A sequência abaixo pode ajudá-lo:
1. Perceba suas sensações, sentimentos e pensamentos: como a experiência afeta você? Que tipo de sensações e sentimentos ela provoca? Os duelos entre suas sensações, sentimentos e pensamentos podem oferecer bons indícios sobre o que ela significa para você, modulando suas escolhas de uma forma pessoal rumo à superação. Não esqueça, quando o medo aparecer, sua tendência será se esquivar. Lute contra isso!
2. Troque reflexões: conversar com outras pessoas pode fazer você perceber outros pontos de vista. Mas cuidado! Faça isso sem se deixar levar pelas proposições do outro. Trocas relacionais podem ser muito enriquecedoras quando não são impositivas. É muito comum acharmos que estamos refletindo em conjunto e de repente nos vermos aprisionados mais uma vez correspondendo às expectativas das pessoas. Por isso, exercite a sua capacidade de refletir sobre o sentido que a experiência do outro tem para si.
3. Sistematize suas compreensões: Construa seus conceitos, opiniões, atitudes com clareza, discernimento e argumentos. Você tem um posicionamento, uma nova compreensão! Não se enrijeça nessa compreensão, mas reconheça a você mesmo nessa construção. Isso pode ser realizador.
4. Tenha atitudes congruentes com suas descobertas: essa é a hora em que você põe em prática suas novas compreensões. Coragem para superar o medo e para gerenciar as consequências, será sua melhor aliada para esse momento.
Se você conseguir vivenciar esse processo, é possível que você não esteja refém das curtidas, nem nas redes sociais e nem no contato com as pessoas. E, além disso, está apto para gerar conteúdos originais e trilhar seus próprios caminhos. Se sentir dificuldade nesse processo, conte conosco! Estaremos por aqui para ajudá-lo a gerar seus próprios conteúdos e engajamentos relacionais na vida virtual ou fora dela.