Uma das nossas leitoras nos perguntou: “O que vocês acham que aconteceria se o Instagram acabasse hoje?” Coincidentemente ou não, a pergunta chegou logo após uma instabilidade no funcionamento do Instagram, Facebook e WhatsApp. Vocês também perceberam? É muito provável que sim. O que foi que você sentiu? Como você reagiu?
Já ouvimos rumores que se as redes sociais deixassem de existir as relações de influência social mudariam e que as pessoas resgatariam o encontro “olho no olho”. Mas o fato é que se estamos nos perguntando como seria viver sem as redes sociais, é porque elas já estão completamente absorvidas no nosso jeito de viver, não acha? E isso aconteceu tão rápido que precisamos de tempo para pensar como sistematizar as etapas desse processo.
Em linhas gerais, podemos nos classificar em, pelo menos, dois grupos. De um lado, temos aqueles que nasceram antes da era digital. Estes sabem o que é se adaptar a uma realidade completamente diferente da que viveu. Quem experimentou uma vivência como essa sentiu na pele como é difícil deixar de lado as aprendizagens anteriores para aprender a usar um aplicativo, comunicar-se com a “Aldeia Global” e interagir com pessoas pelas redes sociais. Aprendizagem árdua, essa! O que fica da primeira impressão é a sensação de que não conseguiremos nos comunicar e muito menos construir um interação com alguém através de uma ferramenta como essa.
Do outro lado, temos o grupo que já nasceu imerso na realidade das redes sociais. Estes, sim, aprendem a linguagem digital enquanto aprendem a língua mãe. Arriscamos dizer que a linguagem que se fala nas redes sociais e nos apps de comunicação já se transformou em uma língua mãe global.
E se tudo isso for verdade, significa que estamos diante de uma rede de comunicação entre pessoas que superaram os limites da distância e tem provocado mudanças efetivas nas relações humanas. E que atire a primeira pedra quem vive nessa nova era e nunca experimentou o incômodo de não receber uma resposta após o surgimento do segundo check e não desejou saber o que estava escrito em uma mensagem que foi apagada intencionalmente por um amigo da rede?
E quando o assunto é a velocidade das redes? Aí sim, a coisa complica mais um pouco. Por causa dela tivemos que diminuir o tempo para compreender o que está acontecendo. Aprendemos que para acompanhar o fluxo precisamos ver e concluir sem refletir, porque as informações chegam e vão em fração de segundo.
É lógico que essas experiências trazem consequências na construção dos diálogos. Isso mesmo! Nossas conversas estão se transformando em monólogos, a abertura para outro está cada vez menor, nossa compreensão empática está diminuindo e, se continuarmos nessa pegada, a intimidade pode estar com seus dias contados. Compreender isso nos dá tristeza. Dá em você também?
Não podemos nos enganar! Nossa vida está mesmo sendo vivida em uma esfera muito diferente de alguns anos atrás. Na maioria das vezes não temos noção da quantidade de comprovantes, localizações, fotos, postagens de trabalhos e compartilhamentos que enviamos ao longo do dia. Mas bastou algumas horas sem conexão para muitos processos diários ficarem trancados em uma fila de espera virtual. Nossa! E agora? O que fazemos diante de uma situação como essa?
Parece inevitável viver nesse mundo sem nos prepararmos para interagir com:
- – O medo de perder a conexão: Esta preocupação vem acompanhada de uma sensação desagradável de privação alheia que nos impede de saber o que está acontecendo no mundo;
- – O impulso de checar o envio de mensagens: É aquela necessidade de verificar constantemente as redes sociais, por causa da impressão de que o celular vibrou anunciando a chegada de uma mensagem;
- – A diminuição da necessidade de memorizar: É quando nosso cérebro passa a armazenar uma quantidade menor de informação, por considerar que toda informação que precisar está na internet, para ser acessada no momento que quisermos.
Pois é! Nos dias de hoje raramente nos lembramos que nossa principal forma de comunicação nunca foi a digital. Somos seres sociais por natureza. A era digital trás novos meios de comunicação, novas redes relacionais, mas não é dela que sai nossa voz. As redes sociais e apps são um MEIO, não um FIM. Nós criamos esse meio para facilitar nossas vidas, não precisamos ser reféns dele.

Pelo andar da carruagem (ops, acho que esse ditado popular já está ultrapassado, rs…) virão novas tecnologias por aí. Afinal, o bug das redes nos últimos dias era exatamente uma tentativa de integrar o Facebook, o Instagram e o WhatsApp. E com essas novidades surgirão novas necessidades de adaptação, novas formas de nos relacionarmos pelas redes sociais. Nosso desafio é não esquecer que somos pessoas em desenvolvimento, criando meios que facilitem nossas vidas e não o contrário.
Perguntarmo-nos, sempre que possível, o quê e para quê estamos comunicando é um bom ponto de referência para não nos perdermos nos meios que nós mesmos criamos. E se precisar de ajuda para reconhecer as suas respostas a essas perguntas, estamos por aqui para ajudar você com isso!