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5 dicas para se relacionar com uma pessoa com autismo

Você sabia que nos últimos anos os diagnósticos de autismo têm aumentado substancialmente? Os dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) indicam que, em 2007, era 1 diagnóstico a cada 150 crianças; em 2014, 1 a cada 68 e, em 2018, passou a ser 1 a cada 59 crianças. Surpreendente, não acham? O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é mais comum do que você poderia imaginar.

Isso quer dizer que é muito provável que você já tenha convivido com uma pessoa com autismo sem saber. E se isso ainda não aconteceu, é possível que você venha a conviver com um autista ao longo da sua vida. Então, que tal aproveitar a oportunidade e aprender a relacionar-se com uma pessoa com este transtorno? Nós podemos ajudá-lo nisto!

Antes de mais nada, vamos garantir que o tabu seja superado. É importante que você saiba que pessoas com autismo nem sempre se caracterizam como alguém completamente isolado do mundo, sem fala, com comportamentos agressivos ou movimentos de balanceio repetitivos em um canto da sala. Isso porque o espectro é tão amplo que uma pessoa com autismo leve pode estar entre os colegas de sala ou do trabalho, um vizinho ou familiar que tenha dificuldades para fazer amigos e interesses por algo muito específico.

E, independentemente da abrangência do espectro na vida de uma pessoa com autismo, é comum encontrarmos um funcionamento cerebral compatível com um cérebro que:

  1. – capta os estímulos do mundo de forma hipersensível ou hipossensível, fazendo com que uma pessoa com autismo possa, por um lado, ter menos tolerância para escutar um volume de som mais alto, enquanto que, por outro lado, não sinta dor quando leva um beliscão de alguém;
  2. – processa as informações em partes, o que limita a sua capacidade de perceber uma situação como um todo, assim como explica a dificuldade que as pessoas com autismo têm de compreender o contexto;
  3. – tem dificuldade de desenvolver raciocínios subjetivos, abstratos ou que precisam de imaginação e, por isso, apresentam dificuldade de compreender um ponto de vista diferente e entendem o que está sendo falado de forma literal.

Bem! Para você entender o que esse funcionamento cerebral representa, tente imaginar a etiqueta da blusa pinicando na sua pele, ao mesmo tempo em que uma pessoa lhe fala sobre a realização de uma tarefa, enquanto você tenta sentir o gosto da carne, perdido no molho de mostarda, durante o almoço. Ufa! Por esse ponto de vista parece impossível colocar ordem nessa bagunça, não é mesmo? E esse caos pode ficar ainda pior se acrescentarmos a essa situação uma linguagem cheia de duplos sentidos, chistes e trocadilhos.

É daí que vem aquela dificuldade de socializar-se, de desenvolver uma linguagem com fins comunicativo se de ter comportamentos que os fazem parecer esquisitos. Na verdade, eles só estão tentando dar conta de organizar todos os estímulos que estão recebendo do meio da melhor forma possível.

Nestas horas, ficar em silêncio num canto da sala, ou fazer um movimento repetitivo, assim como construir rotinas bem definidas e criar rituais para tornar determinadas ações mais seguras e previsíveis, pode ser muito reorganizador.

Agora que você mergulhou no mundo do autismo podemos pensar em como nos relacionar com uma pessoa com este transtorno. Pode ser mais fácil do que você imagina. Sabe por quê? Porque elas são as pessoas mais sinceras que você já pensou em conhecer um dia. Afinal, mentiras e artimanhas sociais são atitudes subjetivas que um cérebro autístico não consegue processar.

E isso sem falar no fato de que eles não desejam ficar sozinhos, apesar de ser difícil gerenciar tudo o que sentem de forma satisfatória para relacionarem-se com o outro. Isso quer dizer que desenvolver a sua compreensão empática pode ser fundamental para esse tipo de relação. Quer saber como?

  1. Identifique seus limites sensoriais: todos dão sinais quando se sentem sobrecarregados. Nestes momentos eles se isolam, fazem movimentos repetitivos ou ainda podem ter comportamentos defensivos. Eles não estão bravos com você, só estão sentindo demais! Seja sutil e suave e se ele se sentir sobrecarregado, espere o tempo necessário para se recompor. Não interrompa comportamentos de autorregulação, ele precisa desse momento para poder voltar a estar com você
  2. Sua linguagem é literal e concreta: seja claro com o que quer dizer e, se precisar, use recursos visuais, mostrando sobre o que você está falando.
  3. Tente não fazer brincadeiras de duplo sentido ou “zoações”, eles podem ficar confusos e se perguntarem: o que aconteceu, ele era meu amigo até agora? Se fizer alguma brincadeira, explique em seguida.
  4. – Para pessoas com autismo, falar sobre seus interesses específicos são as melhores conversas!
  5. Não se ofenda por eles não entenderem seus interesses ou sentimentos; eles realmente não os perceberam. Quando perceberem e aprenderem como ajudar, ficarão muito felizes em lhe fazer sentir-se bem.

Se você conhece alguém com autismo, saiba que ele pode desenvolver seu processamento sensorial e suas habilidades relacionais! Existe um serviço especializado chamado Acompanhamento Psicológico do Espectro Autista para ajudar em todos as fases e aspectos do processo: identificar e desenvolver um plano personalizado para trabalhar as potencialidades e superar as limitações de cada pessoa com autismo e ainda orientar pais, escola e todos os profissionais envolvidos sobre seu funcionamento e suas características únicas.

Clique aqui e converse com uma de nossas psicólogas para conhecer mais e entender se faz sentido para você.

Gostaria de ler mais sobre o assunto? Você encontra mais textos sobre o autismo nesses links:

A chave para a inclusão de pessoas com autismo

Sobre um mesmo mundo e seus vários tons

Somos todos diferentes.

Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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