Se pararmos para pensar sobre o significado do Dia das Crianças, é muito possível que, para alguns, a ideia que venha à cabeça seja a de presenteá-las com brinquedos e passeios. Essa ideia não está completamente errada. Afinal, a comemoração do Dia das Crianças se tornou popular após uma campanha de marketing da empresa de brinquedos Estrela, em 1950, e de uma campanha da Johnson & Johnson, em 1965.
Mas o interesse pela oficialização de uma data comemorativa em homenagem à criança surgiu bem antes desse marco comercial. Ela teve sua origem na Conferência Mundial pelo bem-estar da criança, em Genebra, no ano de 1925, fruto de uma nova compreensão da infância e de uma nova visão do mundo infantil.
E foi assim que, depois de um longo período de anonimato, nossas crianças estavam prestes a galgar o status de um humano que tem muitas potencialidades para vir a ser um adulto e de assumir a difícil missão de tornar-se uma pessoa singular, individual e cheia de especificidade, apesar das poucas possibilidades de garantir sua conservação no mundo sem a ajuda de outro.
Não podíamos deixar essas descobertas passarem despercebidas. Precisávamos apresentá-las para o mundo e iniciar um processo de conscientização sobre os cuidados que a criança demanda ao longo do seu crescimento. Devíamos garantir os direitos e bem-estar da criança em desenvolvimento.
Nosso país, apesar de carregar em sua história marcas de desigualdade e violação dos Direitos Humanos, não ficou fora desse processo. Realizou, em 1923, no Rio de Janeiro, o III Congresso Sul-Americano da Criança, onde sancionou o decreto-lei que determina o dia 12 de outubro como o Dia das Crianças.
Uma data criada para manter viva, dentro de cada um de nós, a consciência de que nossas crianças nascem inacabadas e que passarão por um longo período de desenvolvimento até serem capazes de cuidar de si mesmas.
Um dia que nasceu para lembrar a todos os adultos as suas responsabilidades em relação à promoção da qualidade de vida das nossas crianças.
Sabemos que a nossa realidade social e econômica atual torna o cuidado muito mais difícil do que deveria ser. Afinal, temos cerca de 32, 7 milhões de crianças e adolescentes brasileiros de até 17 anos em situação de violação dos direitos fundamentais garantidos por lei.
Mas esse índice não pode estar a serviço de esmorecer as nossas forças. Muito pelo contrário, devemos desafiar nossa capacidade de encontrar novas saídas para velhos problemas. Só assim, seremos capazes de considerar o valor humano intrínseco em toda criança e acolher a necessidade de serem respeitadas na condição de pessoa em desenvolvimento.
Nossas crianças e adolescentes precisam e merecem toda a nossa atenção!