Você já deve ter vivido uma situação em que não se sentiu cuidada por alguém em um momento difícil da sua vida e, por isso, se perguntou: por que me viraram as costas quando eu mais precisei? Por que não me estenderam a mão para ajudar a me levantar do chão?
Eis uma pergunta que não é nada difícil de responder quando o assunto é vulnerabilidade física, oriunda de uma fragilidade natural do desenvolvimento, de uma debilidade passageira ou permanente do corpo físico ou mental. Ou ainda, quando estamos falando sobre uma violência alheia, física ou psicológica, que nos pegou de surpresa, justo naquele momento em que estávamos desprevenidos.
E vou além. Não é penoso de responder a essa pergunta quando reconhecemos que uma situação difícil poderia ter sido evitada se alguém, experiente e cuidadoso, estivesse ao nosso lado, pronto para nos proteger da nossa ingenuidade e falta de informação.
Mas quando o assunto envolve um pedido de cuidado do outro porque descuidamos de nós mesmos, fica mais trabalhoso responder a essas perguntas. Sabe por quê? Porque não existe um abandono e desamparo maior do que a desproteção de nós mesmos ao longo da caminhada.
É isto mesmo! No afã de diminuir as vozes externas, por vezes excessivamente barulhentas, diminuímos nossa participação pessoal. De que maneira? De uma forma muito simples! Nossa opinião deixa de ter valor para nós mesmos e, como consequência, a expressão do que percebemos que somos passa a ser vista como uma grande bobagem. Uma bobagem que, se não cuidarmos, poderá tomar conta da nossa existência e transformar-nos em terra de ninguém.
Quem vive ou já viveu essa experiência sabe que não é fácil viver desse jeito. É muito desgastante viver sem se sentir protegido por si mesmo. É duro fazer a caminhada duvidando da nossa capacidade de abrigar as nossas necessidades, preservar a nossa existência, defender nossos princípios e nos resguardar do mal-estar que pode ser gerado por algumas pessoas ou situações adversas.
Se você também acha isso, então talvez tenha chegado a hora de “soltar tudo o que te prende e prender-se a tudo o que te liberta”. Foi assim que descobri que uma das tarefas mais desafiadoras da vida é aprender a proteger-se e cuidar de si mesmo.
E quer saber mais? Descobri também que essa experiência nada tem a ver com egoísmo. O que se vive quando cuidamos da nossa existência é completamente diferente daquele amor exagerado por si mesmo e pelos interesses pessoais em detrimento do outro.
A confiança de que iremos proteger as nossas necessidades físicas e emocionais, no momento e na medida certa, mostrou-me que nossa capacidade de proteger o outro cresce na medida em que aumentamos a nossa capacidade de cuidar de nós mesmos.
Procure cuidar de você. Só assim você estará pronta para cuidar verdadeiramente de si e de outro alguém.