Você consegue enumerar quantas vezes seu jeito de ser soou como uma ofensa para alguém? Imaginamos que muitas, não é mesmo? Pois é! E nessas situações não é incomum que as pessoas passem como um trator por cima de nós e de quem somos. Elas realmente acreditam que nosso jeito de ser ameaça as suas verdades ou, ainda, a sua existência e, por isso, precisam nos parar.
É natural que, nesses momentos, nosso impulso inicial seja “atacar” a pessoa que acabou de nos ofender, como forma de nos defendermos dela também. Não são poucas as vezes que nos deixamos levar pelo calor das emoções e destratamos quem nos insultou. Mas, quando conseguimos controlar uma ação intempestiva, nos damos conta de que essa forma de interação não nos leva a lugar nenhum. Vamos ficar rodando em círculo. Machucando-nos infinitamente.
Você percebe que dizer “não” não é simples e fácil? Quando usamos das nossas armas de defesa, nossos “nãos” podem sair distorcidos e agressivos. Responsabilizamos o outro e seu jeito de ser, e assim entramos em um confronto de existências. A questão é que encontrar quem atacou primeiro é pior do que responder a pergunta: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Não é possível que não exista outra saída para essa questão. Será que o outro precisa desaparecer para que eu apareça, ou continue existindo? Como podemos romper esse círculo vicioso?
Temos a impressão de que a saída está em aprender a dizer SIM PARA SI MESMO E PARA O OUTRO! E isso porque quando compreendemos nosso jeito de ser, nossas intenções e até nossas dificuldades, é possível mantermo-nos no caminho do desenvolvimento. Assim, não há o que defender. Há apenas o que construir. Precisamos dizer “sim!” para o desenvolvimento humano que acontece em nós e no outro também. Talvez, assim como nós, o outro só precise reconhecer seu próprio caminho.
Parece mais difícil aprender a dizer sim do que dizer não…não acham?
No fundo, nosso desejo genuíno não é nos defender e, sim, nos proteger. Proteção como sinônimo de abrigo para nós mesmos e para o outro. É apresentar nossa existência e permitir que o outro apresente a sua, a ponto de sermos capazes de acolher com a mesma intensidade e importância as duas existências.
Quando escolhemos viver dessa forma, permitimos que as pessoas encontrem sua estrada. Enquanto o caminho estiver indicando uma única direção, seremos parceiros de vida. Nossos posicionamentos serão bem-vindos, porque eles nos ajudarão a coexistir. Temos motivos de sobra para acreditar que é possível estar na vida existindo e deixando o outro existir. E quando nossa caminhada nos levar para lugares diferentes, estaremos prontos para dizer sim para a despedida. Afinal, não existe nada mais importante do que construirmos a nós mesmos hoje e sempre.