“Tudo tem sua hora para acontecer”. Já escutaram essa frase?
Quando deixamos a vida fluir, somos capazes de reconhecer quando o que sempre foi confortável se torna incômodo e uma urgência de mudar se faz presente.
Você já deve ter sentido isso em diversos momentos da vida, não é mesmo? E num piscar de olhos percebemos que é hora de parar de brincar para sair e conversar com amigos; fazer 18 anos e assumir certas responsabilidades;escolher uma faculdade ou ainda ter um emprego e ganhar seu próprio dinheiro. Passamos por tudo isso até que também chega a necessidade de ter nosso canto. Crescemos, nos tornamos adultos e queremos uma casa para chamar de nossa, para viver do nosso jeito.
Bom, mas para que a vida tome o rumo que queremos, as relações familiares precisam se transformar. Um rompimento é necessário. Não um rompimento da relação, mas do vínculo de necessidade e de dependência que construímos desde que nascemos. Só assim poderemos ensaiar aqueles voos solos que nos transformarão em visita na casa dos pais.
Parece tão óbvio e natural que devemos deixar a vida fluir e concretizar as suas fases, que podemos até desconsiderar que o comum é nos sentirmos angustiados com o futuro. Algumas vezes nossos medos e inseguranças são tão assustadores que, sem nos darmos conta, escolhemos nos prender as relações ou as conveniências.
Não há dúvidas de que queremos crescer, mas tudo fica mais difícil quando nos prendemos às chegadas. Queremos chegar a algum lugar, uma formação, um emprego, uma casa, um filho…O problema é que quando nos fixamos apenas nas conquistas, corremos o risco de experimentar emoções desproporcionais ao que está sendo vivido. É assim que os sentimentos agradáveis, fruto de cada passinho dado, se transformam em ansiedade e a satisfação só aparece quando acreditamos que “chegamos”.
Mas vocês já repararam o quanto é forte a frustração de perceber que aquele momento de chegada não se concretizou ou que a chegada nada mais é do que uma entre as várias que ainda estão por vir? Puxa! Não é fácil evitar a sensação de vazio, desânimo e desilusão desses momentos. Como resistir a tentação de correr para nossos vínculos de apego pedindo socorro?
Pois é! O que muitas vezes não sabemos é que quando deixamos de focar na conquista e passamos a focar no processo, ou seja, na vida que se desenha pela relação direta do que sentimos com o que temos para fazer, ganhamos a possibilidade de saborear a difícil missão que é viver a vida como ela é.
Parece que aprender a nos escutar e definir como caminhar são os aspectos mais importantes para assumirmos a vida, e construirmos a morada em nós mesmos.
Parece que a maior aprendizagem de tudo isso é que nossa satisfação se distribui em uma soma de conquistas diárias e nossa segurança se fortalece a cada passo dado, sustentada pela certeza de que sempre há um jeito de superar desafios e encontrar os novos passos de crescimento na vida.
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