Você já percebeu que a maioria das nossas dificuldades emocionais envolvem a relação com alguém e que a superação dessas dificuldades requer a convivência com pessoas que olham sem desconsiderar, ouvem sem julgar, tocam sem violentar?
Pois é! A vida tem me mostrado que o crescimento não possui apenas recompensas e prazeres, também tem dores e sofrimentos intrínsecos. É sempre assim. Cada passo dado é um passo em direção ao desconhecido que pode ser imensamente perigoso.
E em cada passo que damos em prol do crescimento, renunciamos a algo que nos é familiar, bom e satisfatório. Frequentemente, significa despedida e separação. Uma espécie de morte antes da ressurreição, repleta de nostalgia, medo, solidão e pesar. Significa o abandono de uma vida mais simples, mais fácil, menos esforçada e, porque não dizer, mais segura, em troca de uma vida mais exigente, mais responsável e mais difícil.
Mas não se enganem!!! Isso não significa uma completa ausência de frustração. Para ser forte é preciso muita tolerância à frustração, porque a realidade física teima em se mostrar completamente indiferente aos desejos humanos e a nossa capacidade de amar e de sensibilizarmo-nos com as nossas necessidades e com as dos outros.
O mais interessante de tudo isso é que o crescimento acontece a despeito de qualquer coisa. Nem sempre tão saudável quanto gostaríamos, mas sempre acontecendo numa composição de tons harmônicos apesar da falta de sintonia.
Pois é! Crescer requer coragem, vontade, deliberação e vigor para viver as experiências que estão por vir, assim como pede proteção, complacência e encorajamento de alguém em que possamos confiar. Uma confiança que brota da convicção de que ela acredita na nossa capacidade de ir em direção ao amadurecimento.

Ah! Que encantador esbarrar com uma pessoa assim na nossa vida. São pessoas capazes de nos compreender, sem desconsiderar a gravidade das dificuldades oriundas da realidade; que apresentam de forma tão clara seus sentimentos e pensamentos, e nos ouvem com tanto respeito, que acordam a nossa coragem de ser e nos transformam em pessoas capazes de conviver com nossos limites e explorar nossas potencialidades.
Afinal, é quando tomamos consciência das nossas próprias forças e limites, que nos tornamos capazes de enfrentar desafios, privações e fracassos. De posse dessas novas ferramentas internas aprendemos a superar as nossas dificuldades e nos transformamos em facilitadores uns dos outros.
Isso mesmo! Relações com esse perfil promovem uma rede relacional de respeito mútuo tão intenso, que o resultado será o surgimento de pessoas capazes de acolherem as diferenças e de reverterem situações de violência extrema.
É verdade que as relações humanas podem ser complicadas a ponto de dificultarem o fluir natural da vida, mas também é verdade que essa talvez seja a nossa principal ferramenta para transformarmos a nós mesmos em pessoas maduras que não desconsideram o outro e nem os princípios da realidade.