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Vamos falar sobre violência nas escolas?

Os casos de violências nas escolas têm aumentado muito nos últimos tempos. Uma em cada 10 crianças dizem já ter sofrido algum tipo de agressão e 44% dos professores já sofreram violência verbal ou física. Você deve estar se perguntando: onde vamos parar? Parece urgente refletir sobre esse tema, não acham?

A violência presente nas escolas envolve tantos fatores que parece a ponta de um iceberg. Basta um olhar mais atento para enxergarmos, logo abaixo da superfície, as pessoas se relacionando, com os mais diversos níveis de dificuldade de compreensão de si e do outro em uma rede complexa de relações familiares, sociais e de ensino-aprendizagem.

É claro que todos nós temos divergências de opinião e jeitos diferentes de lidar com as situações. Por mais incrível que pareça, os conflitos fazem parte das relações humanas. Não são eles os verdadeiros responsáveis pelos nossos problemas relacionais. Nossas dificuldades começam quando as divergências são entendidas como algo errado e que precisa ser corrigido. Esse é o gatilho que aciona o botão da disputa e a necessidade de modificar o outro.

E quando uma ação agressiva extrema, derivada de um conflito para o qual não encontramos uma solução, se faz presente, revidamos na mesma moeda ou nos calamos e passamos a conviver com o sentimento de vergonha.

É assim que o natural se transforma em problema, tudo se complica e nasce um campo minado pelo desrespeito e violência em suas várias formas, o qual convencionamos chamar de bullying, violência urbana, hostilidade, preconceito, agressão verbal e física… É claro que não podemos desconsiderar que as crianças, até certo ponto, precisam desenvolver formas de enfrentar as dificuldades e lidar com suas diferenças, mas quando existe sofrimento frequente e intenso, é papel das relações de apoio adultas entrarem com recursos de mediação para ajudar a lidar com as diferenças.

Pois bem, e como lidar com essa realidade? Poucas pessoas sabem de fato o que fazer, não é?! Muitas vezes agimos às cegas e, sem querer, pioramos a situação de conflito. Nesses casos, é preciso que pessoas de confiança ajudem com as providências necessárias ou, ainda, promovam um processo de mediação dos conflitos que ajude a identificar e comunicar as necessidades reais das pessoas e assim resgatar o respeito mútuo.

Além disso, há ações preventivas ou transformativas, que desenvolvem maneiras de comunicar nossas necessidades e ouvir as do outro. Podemos tornar-nos facilitadores do desenvolvimento das crianças e dos jovens, dispostos a harmonizar características pessoais e diferentes jeitos de ser em um ambiente escolar.

A melhor forma de transformar gradativamente essa realidade parece ser alterar a forma como temos nos relacionado. Somos todos seres humanos em busca de desenvolvimento e podemos nos beneficiar com o respeito mútuo e a colaboração. Cada vez mais temos a certeza de que uma cultura de paz não é aquela que não tem conflito, mas aquela que sabe lidar com eles.

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

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