Relacionamento amoroso…Você já se perguntou quanto tempo ocupamos da nossa vida com esse assunto? Imaginamos que muito. Afinal, além de ser uma condição necessária para a sobrevivência da espécie e uma questão histórica, é muito prazeroso compartilhar a vida e sentir-se importante para alguém. Não tem nada melhor do que sentir o coração batendo acelerado, conviver com um estômago que borbulha com a proximidade de um encontro, aninhar em um abraço que encaixa e receber um beijo que nos derrete.
Pois é, mas já foi o tempo em que os relacionamentos se construíam aos poucos, à medida que as pessoas iam se apresentando, na velocidade que queriam. Antes buscávamos nos encantar, construir laços afetivos e projetos de vida que desenhavam os acordos de uma boa convivência do casal. Crescia o amor romântico que chegava ao ponto de um não conseguir viver sem o outro.
Aos poucos a presença física foi dando lugar às telas de computador e celulares, até estarmos completamente entrelaçados pela realidade virtual e suas redes sociais. Certamente você conhece alguém que já viveu relacionamentos que começaram virtualmente ou, ao menos, soube de situações embaraçosas por algo que aconteceu na internet.
É impressionante como o amor romântico perde seu rumo quando buscamos saber mais sobre a pessoa que acabamos de conhecer nas redes sociais. Cai por terra a chance de nos apresentarmos como gostaríamos, já que nossa privacidade está pública e nossa intimidade revelada. O que você curte, comenta, compartilha e, pior, o que dizem para você e o que postam sobre você está ali, disponível para inferências, fora do nosso controle. Nossa identidade hoje não é mais o que realmente somos e muito menos o que gostaríamos de ser, é o produto de postagens.
Vejam onde nos encontramos! Somos a geração do “amor líquido”, como diria Baumann, construindo conexões frágeis e descartáveis no lugar de laços afetivos duradouros.
Por mais incômoda que seja esta compreensão, estamos diante de um fato! E já descobrimos que nossos antepassados não podem nos ajudar, porque apenas nós sabemos o que é viver em um mundo virtual. Cabe, então, a nossa geração construir um novo jeito de relacionar-se.
Acreditamos que um dos grandes desafios que teremos que enfrentar será o de aprender a respeitar as pessoas no ambiente virtual. Estamos falando daquela atitude de consideração que decide “olhar outra vez”, antes de escrever um comentário que possa ferir ou comprometer a imagem de alguém.
Um outro desafio será aprender a construir, em nossa realidade fluida, uma forma de amar em que a intimidade seja sinônimo de proximidade, o afeto seja gerador de tranquilidade e a consideração seja a atitude que desperte a confiança que temos uns nos outros.
Nossas angústias, incertezas, sentimentos de solidão, assim como a saudade de algo que muitos de nós nem chegamos a viver, não podem abafar as possibilidades de construir um futuro onde não estaremos sós.