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Primavera: A Difícil Jornada de ser Flor

Semana passada, experimentei a sensação gostosa de ver minhas orquídeas florescendo. Entramos na primavera! Na mesma época me deparei com uma frase: “se hoje ela é primavera é porque soube passar pelo inverno”, do autor e poeta Zack Magiezi. Antigamente acharia essa frase fofa. Hoje, eu realmente a sinto.

Ultimamente ando reconhecendo um sentimento novo dentro de mim, mas velho conhecido na minha história. Gratidão. Não sei vocês, mas sempre achei que era certo me sentir agradecida. Algo como valorizar o que se tem e ser agradecida às pessoas, à vida… Por muitos anos enfiei esse sentimento “goela abaixo”, até porque não era fácil aceitar a vida do jeito que era. Pensava “não sei por que tenho que ser agradecida de passar pelo inverno, foi um inferno de frio”. Sempre odiei invernos. Mas estava lá, tentando demonstrar gratidão por viver tudo…

Admitirmos que não somos gratos e que, na verdade, estamos indignados com o que nos acontece ao redor não é muito o que se espera de nós. Ainda mais com todas as exigências morais do que devemos ser, fica difícil sentir algo sem pressão. Vejo constantemente pessoas infelizes, tentando serem gentis, agradecidas e passarem a ideia que estão bem, mas a primeira frase que sai é uma reclamação.

Diante disso, reconheço, cada dia mais, que o difícil mesmo é aceitar o momento e lidarmos com quem somos, com o que sentimos e queremos. Encarar nossa realidade e assumir o que se é, nos faz passar um bom período brigados com a gratidão e suas flores clichês. Dá raiva mesmo, afinal, não somos o que queremos e na vida não acontece só o que desejamos.

Largar o que se quer é largar o certo e o errado, é estar perto do real, do que simplesmente é e do que isso nos provoca. Isso quer dizer se entregar para aproveitar o momento e deixar o que passou ir embora. Os ciclos não mudam porque queremos, a vida é dinâmica e está em constante mudança. Gastar energia se debatendo com o que desejaríamos não nos ajuda a passar pelas dificuldades e as delícias do novo tempo.

É deixar a intensidade do verão ir embora, permitir que as folhas caiam e viver nosso inverno: viver as despedidas, as introspecções, encarar os frios e a falta de sol. As estações são o que são. As pessoas são o que são. Eu sou o que sou. Não posso querer viver apenas uma das estações, preciso passar por todas, fora e dentro de mim.

Quanto mais nos permitirmos viver nossos ciclos e assumir o que se tem para viver, experimentamos uma vontade genuína de dividir quem somos na convivência com o outro, que também tem seus momentos e vive as estações junto. Porém, muitas vezes entramos em conflitos relacionais a quando cada um está vivendo sua estação. Já pensou misturar verão com outono? Que confusão! Mas estar inteiro na estação faz com que eu consiga me comunicar com a do outro ou aceitar que pode não ser momento para caminharmos juntos. Isso nos permite sentir as pessoas com realidade também com nossos reais sentimentos. Isso é se sentir vivo, como a primavera e sua vida que surge depois dos ventos gelados.

Viver e me despedir de todas as estações fez brotar dentro de mim uma flor que não conhecia, mas tentei fazê-la nascer de todos os jeitos. Só quando assumi que não a tinha e convivi com o que realmente sentia, ela soube nascer. Precisei viver o inverno e me despedir dos outros ciclos. Hoje, me sinto grata pela vida. E você?

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Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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