Esta semana, para onde olhava na internet, via chuvas da expressão “Homão da P****”, geralmente falando sobre o Rodrigo Hilbert, nosso conterrâneo catarinense que vem sendo ovacionado pelas suas habilidades domésticas, educacionais e de manutenção. Até então era apenas algo curioso para mim, e então percebi que a expressão virou meme e estava se tornando objetivo de vida de alguns homens e objeto de comparação, tanto para homens quanto para mulheres.
Fui pesquisar um pouco mais sobre do que se tratava, e me deparei com esse vídeo, onde Rodrigo Hilbert apresenta como desenvolveu múltiplas habilidades na vida, fruto de uma educação igualitária entre gêneros e destaca o quanto está cercado de mulheres tão múltiplas e complexas quanto ele, os “mulherões”. Sua compreensão me pareceu pertinente, mas o que me surpreendeu no vídeo, na verdade foi a naturalidade com que ele se permite ser ele mesmo.
Tenho percebido, tanto na prática profissional, quanto na vida pessoal, que as pessoas mais felizes são aquelas que se sentem livres para serem elas mesmas, sem rótulos ou modelos externos. Preocupa-me encontrar pessoas querendo se tornar um “homão” ou um “mulherão”, pelo simples fato de que isso, muito provavelmente, não vai funcionar. Não é necessário saber lavar, passar, cozinhar e construir, estas são as habilidades daquela pessoa. Mas quais são as suas?
De fato, a realidade atual pede pessoas que se adaptem a múltiplas funções com criatividade e inovação. Mas a questão que se desenha é: você conhece suas habilidades? Você as exercita? Com frequência as pessoas se surpreendem com as habilidades dos outros porque não estão habituadas a perceber a si mesmas. Não é preciso ser hábil em tudo, mas naquilo que faz sentido para nós e nossas vidas. Não sou hábil com números e com informática, certamente não teria um bom desempenho e sofreria se precisasse trabalhar com estas questões. No entanto, tenho habilidade para comunicação e para compreender pessoas. A questão não está em ser um “Homão ou Mulherão”, mas em ser plenamente você mesmo!
Assim podemos compreender também as habilidades e dificuldades do outro. Aquilo que seria muito difícil para um desenvolver, certamente o outro terá facilidades. Tornamo-nos complementares, parceiros e não mais competitivos. Podemos alcançar formas mais funcionais de relações sociais, familiares e amorosas, nas quais haja cumplicidade e companheirismo; nas quais posso ter valor por ser eu mesmo e me dedicar a ser cada vez mais hábil no que faz sentido para minha vida, e nem por isso serei egoísta, porque desejo que as pessoas que amo sejam cada vez mais elas mesmas também.
O impasse desse processo está na dificuldade de por a mão na massa para exercitar nossas próprias habilidades pessoais. Estamos dispostos a isso?
Temos dois desafios: o primeiro é reconhecer nossas habilidades, o que nos realiza e motiva a desenvolver; o segundo é por em prática, exercitar, escorregar e levantar diante dos desafios desse exercício. O que nasce desse processo é o seu “Homão ou Mulherão”! E você está disposto a reconhecer e exercitar você mesmo?